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A Câmara de Nelas fechou 2021 com um prejuízo de 1,6 milhões de euros e uma dívida de 17,6 milhões, anunciou a autarquia.
As contas foram aprovadas, mas não pela atual maioria autárquica do PSD. Na Assembleia Municipal, o documento teve a concordância de seis membros eleitos do PS e também do presidente da Junta da União de Freguesias de Santar e Moreira (também eleito pelo PS), com 16 abstenções.
Já na Câmara, as contas tiveram também a abstenção do executivo presidido por Joaquim Amaral e de uma vereadora do PS e votos favoráveis de dois outros vereadores socialistas.
Num comunicado, o executivo da Câmara de Nelas informou que apresentou as contas “no respeito pela lei e pelo princípio democrático da gestão autárquica, mesmo não concordando com as opções tomadas pelo anterior executivo” liderado por Borges da Silva (PS), que “mereceram e merecem críticas”. O anterior presidente da Câmara perdeu as últimas eleições autárquicas do ano passado no concelho para Joaquim Amaral.
Segundo a maioria, o resultado líquido negativo registado em 2021 perpetuou “o ciclo do anterior executivo do Partido Socialista, com gastos acima dos rendimentos e que levaram à grave situação financeira em que a autarquia se encontra, limitando a mesma a serviços mínimos e sem liquidez necessária para satisfazer a todas as necessidades das populações”.
Em oito anos de governação do agora partido de oposição, acrescenta o executivo, a Câmara de Nelas “acumulou prejuízos de 5,5 milhões de euros”, enquanto a dívida contratada e em provisões “atingiu no final de 2021 mais de 17,6 milhões de euros”.
A estes números, acresce a “baixa taxa de execução global quer na despesa, quer na receita, dado que a execução se situa abaixo dos 85% pelo segundo ano consecutivo”. Por esta razão, argumenta o executivo, o Município será alvo de um alerta da Direção-Geral das Autarquias Locais “que lhe poderá trazer penalizações”.
“Em 2021 todos os indicadores económico/financeiros registaram um significativo agravamento face a 2020, nomeadamente a liquidez imediata, que reduziu drasticamente”, considerou o executivo PSD-CDS.
Além da “falta de cálculo dos fundos disponíveis”, o mesmo apontou como exemplo de “má gestão” o aumento do prazo médio de pagamentos “que, de acordo com os documentos apresentados, foi de 136 dias, ultrapassando o limite previsto na Lei”. “Os documentos de prestação de contas do município espelham as dificuldades e constrangimentos financeiros a que a autarquia está sujeita”, referiu.
Atendendo a esta “pesada e difícil herança”, o executivo admitiu que “não tem muita margem de manobra financeira” e que terá de tomar medidas para garantir a sustentabilidade do município, “sem descurar a concretização de projetos e atividades” no concelho.
Dívida da autarquia de Nelas pode atingir os 21 milhões de euros, alerta executivo, a autarquia de Nelas tinha revelado que o executivo iria pedir uma auditoria e sindicância à Inspeção Geral das Finanças e comunicar às autoridades competentes sobre a situação financeira do município, encarada como “muito grave”.