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Caminhada para ajudar criança autista acaba com queixa crime por burla
Tudo começou há pouco mais de um ano, quando uma mulher se ofereceu para percorrer a Estrada Nacional 2 a pé e recolher fundos para pagar os tratamentos de uma criança de cinco anos
O Ministério Público está a investigar uma queixa por burla em Lamego. Os país de uma criança autista acusam uma mulher de ter ficado com dinheiro que foi recolhido para ajudar nos tratamentos do menor.
Tudo começou há pouco mais de um ano, em março de 2023, quando Maria Coelho se ofereceu para percorrer a Estrada Nacional 2 a pé e recolher fundos para pagar os tratamentos da criança de cinco anos. A ideia era “vender” os mais de 700 quilómetros que iria percorrer durante 21 dias, de Chaves a Faro, onde contava angariar mais de 10 mil euros.
Agora, o caso está em tribunal porque os pais de Duarte asseguram que receberam apenas seis mil euros, ficando mais de dois mil euros que seriam para a criança na mão de Maria. A história foi divulgada pela SIC esta segunda-feira (11 de junho).
“Que consigamos provar, porque temos documentação e testemunhas, terá ficado com mais de dois mil euros. Logo na altura quando terminou a caminhada achamos algumas coisas estranhas, como não querer entregar o dinheiro, foi quase obrigada a entregar, algumas etapas não estavam contabilizadas e de repente começou a ser mais a caminhada da Maria do que a caminhada do Duarte”, disse ao Jornal do Centro Sofia Mendonça, mãe de Duarte.
A queixa foi apresentada pouco tempo depois da caminhada terminar, em abril, e desde então o Ministério Público tem estado a investigar. O dinheiro que os pais da criança dizem ter ficado com Maria Coelho terá sido recolhido antes da caminhada e durante.
“Antes da caminhada foi feito um sorteio para uma sessão fotográfica e o dinheiro, mais de mil euros, foi-lhe entregue ainda antes de percorrer a N2. Durante a caminhada várias pessoas deram dinheiro e não foi dois euros como ela disse à SIC, há pessoas que nos garantem que deram 60 euros, 80 euros e outros valores mais elevados. As dormidas foram oferecidas, as refeições, chegaram a dar-lhe roupa e outras coisas para que ela fizesse a caminhada, não pode dizer que o dinheiro era para as despesas, porque não as teve”, esclareceu Sofia Mendonça.
A mãe da criança lamenta que o nome do filho tenha sido usado para este “episódio triste” e garante que só apresentou queixa para que situações destas não se repitam.
“Estamos agradecidos pelo dinheiro que nos entregou, que foi todo gasto nos tratamentos do Duarte. A queixa nem é tanto pelo dinheiro que não nos entregou, mas para que não volte a fazer o mesmo a outras pessoas”, sublinha Sofia, acrescentando que ao longo dos últimos meses foram conhecendo outras histórias “duvidosas”.
“O que nos foi dito é que já não foi a primeira vez que aconteceram situações desagradáveis, nomeadamente a angariação de fundos para um cancro que ela nunca terá tido”, lamenta a mãe de Duarte.
Na altura, ao Jornal do Centro, Maria Coelho, que é natural do Alentejo mas que vive há vários anos em Lamego, chegou a relatar que a caminhada não seria fácil mas que “o Amor pode tudo”. “Vou com fé, foco e força, vai ser difícil, mas nos dias difíceis é só pensar no sorriso e abraço do Duarte e logo recupero forças”, afirmou.
O Jornal do Centro contactou Maria Coelho, mas sem sucesso. À SIC negou as acusações e diz que o dinheiro foi usado em despesas durante a caminhada”.
Aquando da reportagem, os pais de Duarte, Sofia Mendonça e Vítor Hugo Silva, tinham um gasto semanal de 1300 euros, entre terapia, combustível e portagens. A criança é acompanhada numa clínica e numa escola terapêutica em Penafiel e na altura a família vivia apenas do salário de Vítor Hugo, já que Sofia tinha deixado de trabalhar para acompanhar o filho.
No próximo ano letivo, Duarte vai entrar para a escola primária e Sofia voltou a dar aulas.