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Jorge Marques
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Magda Matos
O candidato à direção da Casa do Douro Rui Paredes apelou hoje a uma forte mobilização dos viticultores para as eleições de 21 de dezembro e apresentou 10 prioridades para “dar futuro” à viticultura e à região.
“O alerta que eu faço é: por favor, vão votar”, afirmou, em conferência de imprensa o candidato pela Lista B, do movimento “Douro Unido”.
Ao primeiro ato eleitoral na Casa do Douro, depois de restaurada pelo parlamento como associação pública de inscrição obrigatória, foram submetidas duas listas para a direção. Sérgio Soares encabeça a Lista A e a Lista B é liderada por Rui Paredes.
“É importante passar a mensagem que fomos escrutinados pela maior parte das pessoas da região (…) Por isso, mais do que dizer votem na Lista B, a mensagem é votem”, reforçou.
Rui Paredes tem 57 anos, é gestor, pequeno viticultor, diretor da Adega Cooperativa de Favaios, presidente da Federação Renovação do Douro e vice-presidente do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).
Num ano marcado por dificuldades de escoamento de uvas e quebras nas vendas de vinho, o responsável referiu que algumas das medidas propostas pela produção no Interprofissional “já estão no terreno”, faltando a “questão da aguardente”, referindo-se à produção local de aguardente para incorporar no vinho do Porto que é reclamada por muitos produtores e conta com a oposição do comércio.
Rui Paredes realçou a capacidade que o Douro tem de “retirar excedentes e de os reintroduzir no produto”, através precisamente da destilação para aguardente vínica.
“Não queremos chegar ao ponto de arranque de vinha. O comércio está a propor o arranque de vinha, o que nós não queremos de todo porque isso vai levar ao abandono, ao êxodo, a região fica mais pobre”, frisou.
A Casa do Douro foi criada em 1932, em 2014 passou para uma gestão privada e regressa, agora, como associação pública.
“Tal como há 90 anos, o viticultor duriense está sem esperança, sem sorriso, sem futuro e só lhe resta aguentar”, afirmou o candidato, salientando que “nas últimas décadas deixou-se a região aos ditames de um mercado voraz” e que o “adiar de soluções trouxe a perda de rendimentos do pequeno e médio viticultor”.
A missão da direção eleita será, disse, “criar as fundações de uma nova Casa do Douro”.
“Vamos começar do zero (…) Vão ser três anos muito duros, de muito trabalho”, realçou.
O “Douro Unido” apresentou as suas 10 prioridades para a região, como a dignificação da produção e dos produtores, o modelo de financiamento da Casa do Douro e o controlo do cadastro vitícola da região, que é considerado “crucial para a afirmação e autoridade da ‘nova’ instituição.
O movimento defendeu que as uvas que sobram após as vendas para as denominações Douro e Porto precisam de um destino, nomeadamente a destilação para aguardente vínica regional, bem como a instituição de um “benefício plurianual”, ou seja, que a decisão sobre a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto tenha uma “previsão para três vindimas”.
Entre as prioridades estão ainda a reconversão das vinhas e a mecanização, a implementação de um contrato coletivo de trabalho específico para o Douro, a renovação da Estação de Avisos do Douro, a criação da figura do provedor do vitivinicultor, a preservação do património vitícola e a preservação da memória histórica da cultura da vinha.
A equipa de Rui Paredes inclui ainda Fernando Alonso e Justina Teixeira. A Lista B apresentou candidaturas ao conselho regional em 15 círculos eleitorais (concelhos).
No dia 21 de dezembro cerca de 19 mil viticultores vão ser chamados a votar nas 74 assembleias de voto espalhadas por 17 círculos eleitorais. O mandato é de três anos.