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Direito ao Santuário

 Direito ao Santuário
28.05.22
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 Direito ao Santuário

Os filósofos da ciência que estudam o mundo digital e a Inteligência Artificial (IA) dizem que houve três esquecimentos, o do corpo, do mundo e dos outros! Apenas se preocuparam com as redes dos neurónios do cérebro. Depois fizeram do mundo real um sistema inteligente e tornaram-se egoístas. O esquecimento do corpo é grave, a neurociência diz que o cérebro é um líder feito para servir o corpo e em troca ele dá-lhe a energia que precisa para funcionar. António Damásio, o famoso neurocientista diz mesmo que já não é neurocientista, mas um biologista interessado no cérebro. A atenção maior passou então para o corpo.

Ao esquecer o corpo, esqueceram o nosso Sistema Imunitário e a barreira que nos protege das infeções. Esqueceram aquilo a que chamamos Santuário Imunológico e que garante a nossa sobrevivência e reprodução. Os olhos, testículos e placenta/feto são três exemplos desses santuários. Tem a função de proteger e combater as infeções antes que cheguem a esses órgãos. E antes para evitar os efeitos colaterais dessa luta. Chamamos a isso Privilégio Imunológico.

O mundo digital e a IA não criaram este tipo de proteções e deram uma importância excessiva ao seu cérebro. Construíram uma falsa casa, um lugar onde já não há intimidade, refúgio, estabilidade, segurança. Diz-se até que não podem existir santuários, paredes e que é preciso derrubá-las. Com isso temos um problema com a nossa Saúde Mental, porque ela precisa de passado, presente e futuro, precisa de todas as experiências emocionais que nos tornam humanos.

Em matéria de ciência médica sabe-se que um coração artificial pode ser rejeitado pelo organismo humano. Então entram os fármacos para reduzir a sensibilidade do corpo e permitir a aceitação. No caso da IA, ela precisa reduzir a sensibilidade humana e criar Sociedades Artificiais, onde já não sabemos se lidamos com pessoas ou máquinas…Perde-se Humanidade!

Neste momento depositam-se esperanças no Regulamento de Proteção de Dados da UE (2018). Ali exige-se transparência na introdução dos dados, consentimento consciente, reserva nos dados pessoais, privacidade e direito de conhecer e apagar…São estes os santuários a que temos direito!

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