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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
Na última sexta-feira foram publicitados os rankings dos exames do Ensino Secundário e que merecem a maior atenção. Lembro que a minha primeira experiência com avaliações aconteceu num contexto difícil. Mas aprendi que nunca devemos desistir desta prática e temos o dever de a melhorar sempre. Aconteceu em 1973 e no ano seguinte deu-se o 25 de Abril. A questão que se levantou nessa altura tinha a ver com a igualdade, toda a gente era igualmente boa, competente e por isso não era necessário avaliar, nem distinguir.
Cinquenta anos depois, em muitos dos nossos espaços públicos laborais, parece continuar o mesmo discurso. Os funcionários públicos são todos iguais; as diferentes polícias são iguais; os professores são iguais e provavelmente engenheiros, médicos e políticos são todos igualmente competentes e sofrem da mesma igualdade, coisa que sabemos não ser verdade.
A publicação do ranking com os resultados dos exames do secundário, bem organizado, vem mostrar que apesar de não haver sistemas de avaliação perfeitos, este tem muitas virtudes, sendo que a primeira é a de distinguir e mostrar as diferenças. Precisamos urgentemente de marcar essas diferenças, porque elas são sempre mais objetivas e dão-nos a possibilidade de saber o que melhorar. Por exemplo, quando falamos do mesmo 18 no Ensino Público e no Ensino Privado, percebemos que são coisas diferentes quer nos alunos, professores, contexto escolar e familiar. Por isso a construção e organização deste ranking é muito mais que uma tabela de notas ou uma avaliação de desempenho aos alunos. Ela é também uma avaliação dos professores, escolas, ambiente socioeconómico, envolvimento familiar e políticas da educação. No fundo é um retrato da sociedade público/privada que está envolvida nas escolas.
Fica claro que avaliações com 600 euros de mensalidade no Colégio do Rosário do Porto, devem ter uma leitura diferente daquelas de uma escola pública das nossas vilas no interior profundo. Que a escola de Vouzela, onde é referido que alguns alunos se deslocam de 30 Kms de distância, esses resultados não são comparáveis com a Alves Martins, onde os pais deixam os filhos mesmo á porta dessa escola. Este estudo tem esta grande qualidade, mostrar mais as diferenças do que as semelhanças, mais a equidade do que a igualdade.
Importante também, porque se apontam causas do sucesso de algumas escolas e isso serve de “benchmarking” para situações mais ou menos semelhantes. Vi que algumas das causas do sucesso são, por exemplo: Um corpo docente estável, a existência de dois professores em certos casos para garantir um apoio mais personalizado ao aluno, uma autoavaliação permanente, o cuidado com os horários, o bom ambiente escolar. Dá que pensar! Uma das referências que mais me chamou a atenção e aparece num dos subtítulos é: “Ensino Público – Escolas Artísticas destacam-se e chegam ao topo em força”. Que isto é um padrão conhecido e repetido desde há muito. Significa que o ensino das artes produz bons resultados na globalidade das disciplinas.
Por vezes esquecemo-nos que somos seres sociais, que a sociedade tem os seus valores e que isso também se deve aprender em casa e na escola. Esquecemos até que somos feitos de arte e ciência, de sonhos e de matemática. Matar qualquer das partes é matar uma parte da nossa natureza. O próprio cérebro tem essa marca, tem esses dois lados (esquerdo e direito). A história diz-nos que em muitas das descobertas científicas a arte chegou primeiro que a ciência, sobretudo nas neurociências. Muitos artistas fabricaram importantes reflexões e afirmações que só mais tarde a ciência estudou e comprovou. Porque cada experiência na arte ou na ciência começa num ato de imaginação. Somos feitos de arte e ciência e ambas precisam uma da outra! A conclusão é que devemos integrar uma disciplina obrigatória sobre arte ou artes e a música é um bom exemplo!
Fizemos da matemática a estrela da companhia, mas depois na vida vamos precisar mais de saber falar, compreender, comunicar, empatizar, relacionar, liderar situações e pessoas. Desde os anos 90 que o mundo empresarial valoriza mais o que chamamos “soft skills” do que as “hard skills”. As primeiras têm a ver com competências socio-comportamentais e as segundas com as técnicas. Por isso precisamos educar para uma realidade e um conhecimento que está sempre a mudar e menos para regras e procedimentos que tem vida curta. A propósito da matemática, há quem pergunte se é uma capacidade inata ou adquirida? Tanto quanto se sabe é resultado da inteligência racional e treino. Uma matemática que tem que ser trazida para a realidade do dia a dia e compreendida na sua globalidade. Também falamos da desmotivação dos alunos? A verdade é que as pessoas estão por natureza motivadas, isso é uma das funções do cérebro. Qual a pergunta que devemos fazer? Porque é que os alunos não estão motivados?
O que se passa com os exames? A conclusão a que se tem chegado noutros países é que o aluno que quer passar sem muito esforço estuda para os exames! Isso não conduz a uma permanência dos conteúdos aprendidos. Os melhores resultados são absorvidos diariamente e depois repetidos. A solução tem sido fazer trabalhos com aquilo que se aprendeu nas últimas semanas. Estudar para aprender e não para esquecer ou para os exames.
Começam também a surgir opiniões qualificadas que dizem que os alunos devem fazer coisas fora da escola, conhecer outras realidades boas e más. Porque aprender é o mais fácil! Nós vivemos numa civilização de excessos e hiperconsumo, num tipo de existência “kitsch”! Uma moda antiga, mas que se vem renovando e crescendo. O Séc. XXI tem obrigação de se reinventar e não de repetir. Isto porque estamos a ser avisados de que a criatividade histórica está a perder força e a ficar agarrada ao hedonismo, videojogos, prazeres imediatos e cultura comercial. O mundo digital que nos trará muitas vantagens, está sob o domínio da racionalidade experimental e concorrência comercial. Aqueles que hoje andam nas escolas serão os futuros atores dessa sociedade e precisam conhecer as duas faces da moeda. Vão ter que combinar Arte, Ciência, Tecnologia e Sonho. São esses que estamos agora a ensinar nas escolas e que devemos preparar com Escola e Realidades! Este é de longe o maior e melhor investimento do país e aquele que nos pode garantir mais retorno. Mas tudo depende do que se fizer agora! A Escola e os Exames não são um fim, mas o princípio…
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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João Martins, CEO Casa com Casa Viseu
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Joaquim Alexandre Rodrigues