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Tenho sempre a esperança que na chegada de um novo governo, este não entre no ritual do costume, nesse coro de lamentações, acusações e falhas do governo anterior. Até hoje isso não aconteceu com nenhum, o que me leva a crer que se trata de uma cultura entranhada nos partidos da governação. Todos reclamam de uma má herança! É estranho e quase patológico este tipo de comportamento, porque se governaram mal, então deveriam estar-lhes gratos pela oportunidade de os substituir; segundo porque no final do seu mandato a cena vai repetir-se e nós nunca saberemos o que é um bom governo!
Tenho tentado uma explicação racional para estas avaliações, porque me parece que críticos e criticados acabam por ficar mal na fotografia. A chegada de um novo governo deveria ser um motivo de esperança. Desta forma não conseguimos livrar-nos dos sintomas de crise, porque quando morre o velho governo não nasce o novo e o cadáver permanece em cena. O exagero nas críticas pode parecer uma vantagem para quem chega, mas tudo isso é coisa de curta duração. Também porque a nossa cultura do erro não nos tem ajudado, nem levado a fazer melhor, mas apenas a não fazer para não errar. Todos já percebemos que não se tomam as grandes medidas estruturais que o país precisa porque elas, boas ou más, serão sempre criticadas por um dos lados. A verdadeira paz significa não fazer e fingir que se faz! De tal maneira estamos habituados ao negativo, que quando acontece o positivo já nem acreditamos, porque os elogios só vêm na forma de autoelogios.
Mais uma vez lembrei-me e sorri do que me aconteceu nos primeiros tempos do meu primeiro emprego. Eu tinha acabado de sair do Serviço Militar depois de mais de 3 anos e tornava-me um maçarico no mundo do trabalho. Encomendaram-me um estudo a um conjunto de situações em vários locais de trabalho ao fim de três meses e depois de uma boa formação. No final esmerei-me num relatório onde assinalava todo o tipo de falhas. No dia seguinte o Diretor chamou-me e eu todo contente ia á espera de elogios. Tive uma surpresa? Ele desancou-me e disse-me que nunca mais queria um relatório como aquele. Que se eu apontava falhas, então tinha que dizer o porquê e a seguir dar melhores soluções. Que metesse bem na cabeça que a regra era: Não estou de acordo/pelas seguintes razões/que a melhor solução é! Aconteceu em 1972 e eu ainda não esqueci!
O que eu quero dizer é que os governos quando chegam, sobretudo quem nunca foi governante, a ansiedade da critica negativa é tal que se descontrolam. Acabam por ficar na primeira fase que é o discordo e não passam qualquer tipo de pedagogia positiva para a sociedade. Ou então, falando contra mim próprio, estão a fazer a mesma triste figura que eu fiz. Precisam agora de um chefe que os chame á razão! Mas em abono da verdade, tem que se dizer que alguns ministros e secretários, desde a primeira hora e no silêncio dos debates ruidosos começaram logo a resolver problemas. Começaram logo a criar uma dinâmica de que mesmo discordando do anterior, vem propondo soluções que são próprias das suas competências.
Então é de competência que temos que passar a falar, porque ela tem vindo a ser maltratada ou transfigurada. Há mesmo quem fale da Morte da Competência! Talvez porque a confundimos com as figuras das leis ou estatutos, com as obrigações de um Órgão ou Titular de um cargo ou até daquilo que se pode ou deve fazer. Ela não é o deve fazer, mas o fazer e só existe depois de exercida. Resolver Problemas é uma dessas competências e não o seu anúncio nos media. Dizer o que está certo ou errado é apenas o princípio e não o fim. Aprender a desenvolver um pensamento critico é outro tipo de competência e não o partir para a crítica desbragada. Penso que nos habituámos a zonas de conforto onde tudo se pode dizer, mas não deve!
Encontrei faz alguns anos, um Professor de Direito de uma Universidade dos EUA e que também era comentador nos media. Dizia que era urgente fazer uma profunda reflexão sobre a capacidade de votar. Que votar era uma grande responsabilidade e que precisava da maturidade do cidadão. Que quem vota deveria ser capaz de manter uma discussão política adulta, saber ouvir argumentos do outro lado e até mesmo mudar de opinião quando confrontado com novas provas. Claro que ele não tinha nenhuma fé que isto viesse a acontecer! Que idades cronológica e mental podem até ser diferentes. Apesar disso deveríamos, pelo menos, ter a consciência que esta é uma das fragilidades da democracia. Alertava também para a ideia de que as pessoas com menos de 30 anos nos EUA estavam alheadas em relação ás grandes questões de interesse público.
O grande autor de ficção e divulgação científica Isaac Asinov que morreu em 1992, quando se referia aos EUA já profetizava o que agora estamos a ver: “Existe e sempre existiu nos EUA um culto da ignorância. A corrente anti-intelectualismo tem sido um padrão constante que atravessa a vida política e cultural…Democracia significa que a minha ignorância vale o mesmo que o teu conhecimento”. Em toda a parte a democracia vive tempos perigosos e estamos a assistir ao desperdício de séculos de conhecimento e á Morte da Competência. Á morte da separação entre profissionais/leigos, sábios/opinadores, aqueles que fazem/ dos que não fazem. Vai prevalecendo a ideia de que detendo a informação nos tornamos especialistas de tudo.
Os alertas de perigo começam na negação da própria educação, do aprender ao longo da vida. Prolongam-se para os eleitos mal preparados que preferem as brigas e os erros ás perguntas, respostas e aos porquês! Talento? O caminho começa na aquisição da informação, no saber, mas depois é preciso compreender, adquirir conhecimento. No fim da linha precisamos fazer, fazer bem e então ganhámos a competência. Temos que nos perguntar como povo: Queremos ganhar alguma coisa ou ter medo de perder alguma coisa? Queremos gerar talento ou matá-lo? São dois caminhos diferentes e nós estamos nessa encruzilhada…
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António Assunção