Com a chegada do outono, é altura de saborear os ingredientes da…
A Comunidade Intermunicipal do Oeste deu as boas vindas ao ‘Post Tour…
A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Helena Barbosa
por
Alfredo Simões
Decorre, em Viseu, de 01 até 21 do corrente mês, o XVI Festival Internacional de Música da Primavera. Importa assinalar que se trata de uma iniciativa do Conservatório Regional de Música Dr. José Azeredo Perdição organismo da tutela da PROVISEU – Associação para a Promoção de Viseu e da Região.
Quando nasce, em finais de 1979, a PROVISEU estabelece como missão a “promoção de Viseu e da Região” e, nesse sentido, foi responsável por diversas ações, especialmente ao longo dos anos 80 e 90 do século passado, quando as competências do poder local eram muito reduzidas e os seus meios, humanos e financeiros, diminutos face às necessidades e às ambições da sociedade viseense, nomeadamente no que respeitava ao ensino superior, às vias de comunicação, à saúde, à cultura ou ao desporto, etc. A PROVISEU foi procurando interpretar estas ambições e estabeleceu-se como grupo de reflexão e de pressão sobre os decisores, nomeadamente os decisores políticos entrincheirados em Lisboa. É neste contexto que, em 1985, a PROVISEU é confrontada, pela pianista Hélia Sobral e outros, com a necessidade de ser criado na cidade um Conservatório de Música. E dessa forma avançou a iniciativa que contou, desde o inicio, com a colaboração da Câmara Municipal e nesse mesmo ano foi criado o Conservatório.
Uma década depois, o Conservatório de Música passou a fazer parte da rede oficial de ensino em articulação com o Ministério da Educação e, praticamente, passada mais uma década nasce a primeira edição do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu.
O Festival Internacional de Música da Primavera carateriza-se pelas suas múltiplas realizações em palcos diversos da cidade e pelos públicos variados que tem conquistado ao longo dos anos.
A presente edição do FIMPViseu, em particular, terá proporcionado, no final, a possibilidade de assistirmos a cerca de duas dezenas de espetáculos, com uma incidência muito significativa na música de compositores portugueses e formatos de execução diversos, das orquestras a duos, trios, quartetos ou solistas que se apresentam em salas como a Aula Magna do IPV, o Teatro Viriato, o Museu Grão Vasco, a Igreja Nova, a Igreja da Misericórdia ou o Pavilhão Multiusos (Ver Programação).
Para quem queira apostar na formação especializada terá a oportunidade de frequentar uma das seis masterclasses e workshop dinamizados por reconhecidos instrumentistas de elevado valor pedagógico. Alternadamente, desde 2014, o FIMPViseu organiza anualmente o Concurso Internacional de Guitarra ou Piano, estando este último a acontecer na presente edição com um total de 34 participantes de 14 nacionalidades: Albânia, Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, Bulgária, China, Coreia, Espanha, EUA, Itália, Japão, Portugal e Rússia. Por fim, deve salientar-se que o FIMPViseu vai realizar cerca de 20 concertos junto de escolas e outras instituições, nomeadamente: Hospital, Instituto Prisional do Campo, APPACDM, APCV, Lar de São Caetano, infantários. Espera-se que possam assistir a estes concertos cerca de 1300 espetadores.
Muito concretamente, o FIMPViseu tem permitido que milhares de espetadores possam assistir a espetáculos que envolvem centenas de músicos, este ano vindos de países como Alemanha, Brasil, China, Eslováquia, Espanha, EUA, França, Itália, Marrocos, Ucrânia, Venezuela e Portugal. Na edição XVI espera-se que o numero de espetadores possa atingir os 4 000 – a avaliar pelo que aconteceu com os espetáculos dos primeiros dias – e o número de músicos envolvidos é da mesma ordem de grandeza do ano anterior, cerca de 300.
A importância de um evento desta natureza, para além de a podermos avaliar pelo número de realizações concretizadas e pelo número de músicos e espetadores envolvidos – poderemos acrescentar os resultados económicos alcançados – deve ser especialmente considerada pelo impacto que tem na cidade e na Região e, em particular, na comunidade e nas organizações locais.
No que respeita ao Conservatório, estamos em crer que uma realização como o FIMPViseu, que envolve ativamente o corpo docente e os alunos, na organização mas especialmente na participação ativa em diversos concertos realizados, tem sido, ao longo dos anos, um estímulo para os jovens que aqui fazem a sua formação musical e veem no Festival um fator de dinamismo que os ajuda a sentirem esperança e conforto quanto à importância e prestígio na sua formação musical. Em alguma medida, este alento proporcionado pelo Festival há de ter contribuído para que a proporção de jovens a frequentarem o ensino da música seja significativo levando muitos alunos a prosseguir os seus estudo para o Curso Secundário de Música e posteriormente para diversos cursos superiores de música em universidades portuguesas e no estrangeiro. Por outro lado, não se pode ignorar a importância que teve o FIMPViseu, ao longo de todos estes anos, ao ajudar a despertar as vocações de muitos jovens que hoje são profissionais reconhecidos e que, como tal, regressam ao contacto com o Festival que os ajudou nas suas escolhas de vida. Neste sentido, o FIMPViseu teve este efeito de espoleta e disso estarão a beneficiar as próprias carreiras individuais, mas também as instituições de ensino em que exercem como formadores ou os grupos, orquestras, bandas, iniciativas em que vertem os seus contributos.
Ao fim destes 16 anos de ação, estamos em crer, embora não tenhamos estudos em que nos possamos suportar, que a maneira como o público viseense escuta a música ou assiste a um espetáculo de música é hoje bem diferente. O hábito e o contacto sistemático com reportório, interpretes e espetáculos de qualidade são mecanismos de aprendizagem poderosos e, nesse sentido, somos hoje, enquanto comunidade, melhor ouvintes do que há uma ou duas décadas atrás.
Mas a organização e a realização do FIMPViseu, só por si e à semelhança de outras iniciativas equivalentes na nossa cidade, induzem a intervenção de outros profissionais, nomeadamente do campo das artes e da cultura, estimulam o cruzamento de diferentes disciplinas e, dessa forma, ajudam a enriquecer a capacidade e a diversidade da oferta cultural de Viseu.
Por fim, ao analisarmos o impacto de um Festival desta natureza, não se pode ignorar os efeitos sobre a notoriedade, em primeiro lugar do próprio Festival, naturalmente, mas depois, por extensão, da cidade e da região de Viseu. Basta pensarmos nas notícias saídas nos órgãos de comunicação social nacionais mas também na diversidade de países que são tocados pela divulgação do Festival e, em particular, dos concursos internacionais de piano ou guitarra. Não esqueçamos que esta edição do Concurso Internacional de Piano mobilizou candidatos-interpretes de 34 países, desde os nossos vizinhos de Espanha aos EUA, à Austrália, Itália, Japão e muitos outros. É de crer que Viseu fique mais conhecida no exterior e por boas razões. É um contributo, um pequeno contributo, certamente, mas que, de algum modo, representa uma retribuição do Conservatório à nossa cidade.
A finalizar, é necessário assinalar que o Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu é uma iniciativa local e que é apenas um exemplo de entre muitas outras iniciativas nascidas em Viseu. Importa ter presente que a sua longevidade é o resultado do empenho de cada um dos seus protagonistas mas também das parcerias locais que foram sendo construídas ao longo dos anos. A começar, naturalmente, a parceria com a Câmara Municipal de Viseu. Sem uma política pública local persistente não teria sido possível um Festival desta dimensão e desta longevidade. É esta ação que permite que outras parcerias locais, nomeadamente com entidades privadas, possam ocorrer e que outras instituições se juntem à iniciativa.
Pode o Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu dar mais um salto em frente sem recursos e sem apoios vindos do exterior que sirvam de catalisadores do trabalho que já está feito?
Alfredo Simões
(membro da Direção da PROVISEU)
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Helena Barbosa
por
Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
por
Joaquim Alexandre Rodrigues