Sem esquecer o passado e procurando atrair novos públicos, é assim que…
Neste terceiro dia de BTL, a CIM Viseu Dão Lafões brilhou com…
A Turismo Centro de Portugal esteve, uma vez mais, no centro das…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Rui Cardoso
por
Diogo Chiquelho
por
Pedro Baila Antunes
O pulsar das cidades é, em muito, o movimento quotidiano de transeuntes nas ruas centrais, em “horário de expediente”. Na cidade de Viseu, historicamente forte em serviços públicos e comércio de proximidade, há anos, que este movimento de rua se foi desvanecendo. O estado “devoluto” da Rua Direita – uma “dor d’alma” para os viseenses – é disso paradigmático.
Alguns razões para o menor movimento de rua são “sinais do tempo” globais, como a diminuição de moradores nos centros históricos ou a tendência de as pessoas viverem menos a rua, para o que contribuiu a transferência dos serviços públicos, dos banco e do comércio para o online. Paralelamente, surgiram na periferia das cidades os hipermercados e os centros comerciais.
Em contrabalanço a essas novas tendências urbanas, cidades como Braga promoveram a instalação de lojas âncora de franchisings reconhecidos nas suas ruas centrais. Em Aveiro, numa solução urbana muito arriscada, o principal centro comercial está implantado bem no centro da cidade. O Fórum Aveiro, e os bem conseguidos espaços envolventes, foram-se constituindo como uma “placa giratória” do centro da Cidade, que atraem a passagem de muitos habitantes e visitantes.
Em Viseu não houve uma estratégia para atrair gente e atividade comercial para o centro, antes pelo contrário. Foi evidente o insucesso do sombrio e enclausurado Mercado Municipal. Entretanto, a mudança “temporária…”(?) para a mega tenda dos produtores (algo assim), desconfortável e sem condições, agravou a situação.
A requalificação do Mercado 2 de Maio – um projeto muito propalado para surtir este efeito de revitalização do centro histórico – está a ser um (previsível) insucesso.
Entretanto, várias cidades da escala de Viseu têm recuperado significativamente o movimento de rua. A par de Aveiro (com os seus canais muito identitários e a proximidade ao mar), a cidade de Coimbra (com a sua universidade histórica) e até Leiria (com o seu castelo altaneiro), recuperaram a saudável agitação urbana do centro das cidades. Em comum há o apport do turismo (comparem-se as estatísticas de dormidas com Viseu), que beneficia também muito do movimentado eixo litoral: Lisboa-Porto.
Contrariamente ao que foi prometido há uns anos com alguma ilusão e marketing político, o turismo dificilmente poderá ser um dos setores económicos basilares do concelho de Viseu. Muito menos um promotor do movimento de rua.
Em Viseu parece começar-se a assistir a um outro fenómeno: o movimento de jovens, já muito acentuado no dia-a-dia do centro.
A chegada da Escola Profissional Profitecla – dando, finalmente, vida a um edifício monolítico num ponto central – vem consolidar esta nova dinâmica, juntando-se à Escola Mariana Seixas, ao Conservatório, ao novo Círculo de Criação Contemporânea na antiga incubadora criativa e à instalação parcial da Escola de Dança Lugar Presente e à “jovem Universidade Sénior” no reaberto antigo Orfeão de Viseu. Vão também avançar as obras das residências de estudantes na Rua de S. Gonçalinho.
Enquanto, incompreensivelmente, se arrasta o arranque das obras da Sede do SMAS na Rua do Comércio, a abertura do atendimento ao público do SMAS na mesma rua está a ser importante para trazer serviços e pessoas ao centro. O mesmo acontece com a Unidade de Saúde Familiar na Casa das Bocas.
Apesar de alguns encerramentos de lojas na Rua Formosa, que deixaram muito tristes os viseenses, projetos cheios de vida, identidade e muito diferenciados, estão a ser instalados no centro da Cidade.
A nova e inovadora loja de livros – a “Libraria” –, que prevê ser palco para diversas atividades na área da cultura, é disso claro exemplo.
Na Rua Direita está a ser aprontada a recuperação do singular espaço comercial da Foto Batalha, reconfigurando-se em museu com o espólio do antigo estúdio fotográfico e num espaço de café-concerto.
Destaco ainda dois projetos que abriram recentemente na envolvente à Rua Direita, aos quais tenho uma forte ligação umbilical (fica a minha “declaração de interesses”).
Na Rua D. Duarte, a Cafeteira Solidária e Inclusiva DoceMente II, da APPACDM Viseu, é um espaço muito humano e inovador que promove a equidade, a inclusão social e a integração laboral de pessoas com deficiência e/ou doença mental. Paralelamente, ao serviço de cafetaria, numa sala multivalente, igualmente aberta à comunidade, decorrerão atividades, reuniões e eventos, como workshops, debates e exposições.
O Bar-Vinoteca di Vino Dão, na Rua do Carmo, é inteiramente dedicado ao Vinho do Dão, incluindo a realização de eventos vínicos – como provas, lançamentos e workshops – e a promoção do enoturismo da Região.
Ao que foi anunciado, tem-se vindo a verificar um aumento relevante do número de transações de imóveis na Área de Reabilitação Urbana do centro histórico. Fundamental será igualmente o arranque da construção de parques de estacionamento de proximidade.
Esperemos que os jovens e todas estas novas dinâmicas se reflitam no comércio, serviços e habitação, tão fundamentais para a reanimação do movimento de rua na cidade de Viseu e da revitalização do seu centro histórico, que tanto têm tardado.
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Rui Cardoso
por
Diogo Chiquelho
por
Filipe André
por
Jorge Marques