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Fragmentos de um diário: 14 Março de 1986

 Fragmentos de um diário: 14 Março de 1986 - Jornal do Centro
10.03.24
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  Disse a uma colega minha, de Filosofia, que gostaria de ter conhecido uma mística. Isto a propósito das minhas leituras da obra de santa Teresa de Ávila. Isto espantou-a. Ainda mais quando lhe disse que o melhor seria encontrar numa mulher a dimensão sensual de uma Isabelle Adjani com a dimensão espiritual de uma santa. Espantou-se e riu-se.
         Mas penso que na verdade esta ideia de harmonia é uma ideia bonita. Mais que o intelectual, o espiritual. Porque o lado intelectual só por si é redutor, pesado, aborrecido, lógico. A dimensão intelectual é necessária para se superar o senso comum, mas depois deve-se deixar como se de uma velha pele se tratasse. O racionalismo deve dar lugar a uma visão mais espiritual da vida. Exemplo: o racionalismo ensina-nos a dúvida sobre Deus, sobre o Deus esmagado por preconceitos e tradições, mas no final deve-se descobrir uma nova relação com o divino, sem interferências inúteis.
          E a um outro nível, o pecado deste povo que me entra nas salas de aula, com quem me cruzo nas ruas, que me grita no écran de televisão, o pecado reside na falta de formação intelectual que permita depois uma visão mais aberta e limpa da vida. Esta gente grosseira precisava de uma boa mangueirada de água benta, isto é, de poesia, de arte, de cultura e espiritualidade. 
        Realizou-se mais um encontro de professores de Filosofia. Uma senhora apresentou o tema: A Mulher e o Ensino da Filosofia. Encaro estes encontros com bonomia e algum ceticismo. E o que neste se disse acentuou a minha indiferença. Porque discutir-se o sexo da Filosofia só pode ser entendido como um jogo. Pretender que a história da Filosofia se reduz à expressão de um poder masculino e que, por isso, está contaminada por uma visão unilateral, sexista, não me parece muito sério. Porque uma coisa é compreender as razões da predominância dos homens na cultura, ou o facto de certos temas terem sido desvalorizados, ou até os preconceitos misóginos de certos filósofos, outra é defender que a Filosofia ocidental é machista, e que as mulheres que queiram fazer filosofia devem inventar uma outra linguagem. Nem sei por que razão se afirma que a razão é própria de um sexo, e a emoção de outro, que o discurso lógico-formal é masculino, e o poético é feminino.
        Esta discussão provocou-me a evocação de uma lendária discussão sobre o sexo dos anjos, em vésperas da queda de Roma.

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