A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
Já tem ementa para a sua mesa de Consoada? Temos a sugestão…
Com a descida das temperaturas, os cultivos necessitam de mais tempo para…
por
Margarida Benedita
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Rita Mesquita Pinto
Mas analisemos mais de perto o que se passa. Por exemplo, é inquietante o meu relacionamento com os outros. Partindo do princípio da inutilidade que pressinto em qualquer conversa, fecho-me, calo-me, evito o diálogo. Este facto também resulta da constatação do que sucede às melhores ideias quando expressas oralmente: perdem intensidade, fulgor, verdade. Muitas vezes sofrem a metamorfose de se tornarem ridículas. Quando defendo o critério da autenticidade nas relações entre pessoas, quando pretendo desmascarar o preconceito que se oculta numa piada, quando sugiro uma reflexão, o mais das vezes o que recebo como resposta é a prova do distanciamento entre mim e os outros.
18 – Outubro -1980
Na política registo sem comentários a vitória da aliança liberal e conservadora da dita Aliança Democrática. No campo internacional, não adivinho qualquer bondade nos trilhos do futuro. Apenas guerras, revoluções sangrentas. A hora é negra. Os homens repetem os mesmos erros de sempre. E a decadência da sociedade talvez se manifeste neste quotidiano mecanizado e monótono, neste consumismo material, na proletarização do trabalho, na devastação da natureza e nesta juventude sem norte, uma parte ansiosa pelas futuras gravatas, e a outra alienada num entretenimento fácil e na moda.
Que fazer? Como emergir deste turbilhão? É preciso criar uma nova ética. Mas como? Não creio em revoluções. Seja o que for que de digno se construa, deve ser na base de um trabalho sério, paciente, com as mãos marcadas de fraternidade.
Sinto-me às vezes tão infantilmente inseguro! Antes de mais, terei de inventar-me, respirar forças, quebrar de vez a debilidade que em breve me atingirá todo o ser.
Há questões que me preocupam. Sinto que ainda nada fiz que me satisfaça, que dê uma certa consistência a todos estes anos. Parece que passo ao lado das coisas sem saber transformá-las numa obra. Publicar um livro, por exemplo, seria uma experiência gratificante, não pelo aspeto mundano, mas porque me permitiria rever nessa obra. Preciso de marcos que fundem uma coerência na minha vida. Gostaria de publicar um ou dois livros, como Camilo Pessanha ou Cesário Verde. Não mais.
por
Margarida Benedita
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Rita Mesquita Pinto
por
Jorge Marques
por
Diogo Pina Chiquelho