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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Sempre sonhei com ideais tais como bondade, simplicidade, alegria, respeito. Assim como a realização profissional, o amor, a poesia, o desporto. Quando a minha vivência diária se enquadra neste horizonte ideal, sinto-me bem. De contrário, invade-me a angústia, a tristeza, o desespero, a solidão e a revolta.
Vivo em função das cartas da Fátima e das que lhe escrevo. São os únicos momentos de plenitude, em que me esqueço do lugar onde estou, do vazio dos meus dias, da tagarelice quotidiana. Mergulhado na leitura ou na escrita, mas sobretudo na leitura das cartas do meu amor, abre-se uma fenda no chão da minha vida, por ela escorrego como se por um túnel até ao sagrado de um caramanchão ou de um quarto num fundo de hotel.
27 Maio 1983
Mas a vida não é fácil. Sem querer me desvio do caminho, por outros mais tentadores e efémeros. Saio com alguns conhecidos, vamos a Évora, entramos num bar, passamos por uma discoteca. Ela é que me convida, insiste, amua, como se sentisse alguns direitos sobre mim. E eu vou, e bebo para descontrair, entrar na onda, não fazer de casmurro. E ela aproveita-se, acho eu, ou então, sou eu que me desculpo assacando-lhe o ónus da desdita. Porque ela tem carro, do pai, leva-me a sós, depois pára o dito no meio do nada alentejano e tenho que fazer o que nem sempre me apetece, enquanto contemplo as estrelas da noite. Gosto de as olhar, serão as mesmas que o meu amor poderia ver se porventura estivesse acordada àquela hora. Entro em casa, com a alma derrotada. Isto escrevo eu, talvez, para me desculpar da minha vassalagem à sedução.
12 Junho 1983
Mas a jovem do castelo por vezes revela dimensões de alma que me subvertem a rigidez dos esquemas mentais de avaliação dos outros. Dela, por exemplo, se me agrada o dom da sua alegria, por outro lado, parece evidenciar um modo ligeiro, quase frívolo de ser, que me perturba.
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Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
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Joaquim Alexandre Rodrigues