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Fragmentos de um diário – 2 Setembro 1981

 Fragmentos de um diário – 2 Setembro 1981 - Jornal do Centro
16.04.22
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 Fragmentos de um diário – 2 Setembro 1981 - Jornal do Centro

 Numa noite descemos, de novo juntos, eu e a …, a uma outra festa, no adro da capela da aldeia. Algum tempo depois, perguntei-lhe se não podíamos sair. Aceitou. Fomos para uns penedos na Cabeceira, em frente a uma casinha de portadas vermelhas, e sentámo-nos um pouco. Quase sem conversa, apenas uns beijos e alguns carinhos. Só o corpo estava presente. Algo por dentro não alcançava libertar-se de um certo vazio. Estávamos ali como se não estivéssemos. As nossas almas permaneceram mudas. Depois regressámos. De mãos dadas, mas em silêncio. E uma certa ambiguidade ficou a enrodilhar os nós deste encontro.
       
3 Setembro 1981

         Na rádio passa uma música de um grupo musical. Lembro-me que é a mesma que se ouvia da festa na noite em que eu e a … nos encontrámos nos penedos da Cabeceira. Escurece-me o olhar uma sombra de melancolia, não por o que aconteceu, mas pela incompletude de tudo isto. Vivo por metade, há sempre uma dimensão, a mais profunda, metafísica, que permanece oculta, talvez por um excesso de ser que não encontra os meios de se exprimir.
        Depois do almoço, encontrava-me na sala de novo a ouvir música, assaltou-me uma tão forte angústia que saí de casa e fui a Tondela. Vi um conhecido e fomos a uma loja de discos. Escutámos um dos Doors, “Strange days”. Depois fiquei sozinho na esplanada do café “Victória”, a beber uma cerveja. E fui percebendo que no fundo a minha dor é uma herança romântica diretamente bebida desde tenra idade nos livros de Júlio Dinis. Deveria desfazer-me de tal fardo, encarar a vida com mais simplicidade, com mais realismo, aceitar as coisas tal como elas são. Se com a … não estou por inteiro, se me falta o sal da plenitude, talvez com tempo saiba distanciar-me da ausência que me dói e que me impede de viver o presente sem essa ferida do passado.  Mas será que desejo verdadeiramente esvaziar de sentido a ausência de quem amo e com quem partilhei a poesia do eterno em cada instante? Porque com a Fátima cada gesto trazia a dádiva de um eterno presente. Não são elucubrações de lunático. Nem reminiscências romantizadas. Com a Fátima o amor era um desejo a dois, um sonho partilhado, uma alegria sem fissuras.    

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