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Fragmentos de um diário – 21 Dezembro de 1985, Tondela

 Fragmentos de um diário – 21 Dezembro de 1985, Tondela - Jornal do Centro
17.02.24
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Às vezes, preciso destes momentos de solidão. E tenho pensado na vida, nas pessoas, nas relações. Refiro-me às pessoas que conheço, ou de quem se fala, políticos, colegas, amigos, etc. Tudo tão banal, superficial, sem um reconhecido rasgo de grandeza, de elevação. Uma ou outra pessoa vale pela simpatia, outra pelo profissionalismo, e pouco mais. Não há um interesse pelo conhecimento, pela arte, pela conversa que se não esgote na tagarelice.
        Acredito que esteja com uma depressão psicológica. Receio alguma influência hereditária. A minha mãe sempre foi muito dada à tristeza, à cisma, ao pessimismo. Há anos que anda medicada com antidepressivos. Ainda hoje, ao tomar café com o meu pai, nestes dias de férias de Natal, ele reclamou do feitio dela. E espanto-me do modo como se arruína a alegria com insignificâncias. E pergunto a mim mesmo se não sofro do mesmo feitio de minha mãe no modo como reajo a situações diversas. Porque mesmo que faça uma correta apreciação dos factos, o modo obsessivo como os interiorizo deve contribuir para lhes dar um relevo que decerto não têm.

5 Janeiro de 1986

        O melhor é sorrir, sorrir e representar. Inútil o esforço em mudar comportamentos, em fazer compreender, em chamar a atenção. Raras vezes se alteram comportamentos em função da racionalidade de uma ideia. O que geralmente se faz é justificar a ação, os apetites. E para esse efeito há sempre argumentos prontos a servir. De modo que os mais altos ideais acabam ao serviço dos mais medíocres desejos. Veja-se o caso do ideal da emancipação da mulher: o que se exigia era sobretudo o direito à realização pessoal, cívica, intelectual da mulher, o direito ao trabalho, à cultura, ao conhecimento. Afinal, o ideal esgotou-se em parte na justificação de uma vã liberdade. Mas o mesmo se passa com a cultura, a Democracia, etc.
        As pessoas não aceitam que os valores tenham um certo grau de objetividade. Roubam, por exemplo, mas não assumem que é um erro, justificam-se com o comportamento dos outros, acusam o Estado ou a empresa de também os roubar. Vive-se numa época de laxismo, de facilitismo, todos a pensar com o umbigo, a carteira, o sexo, etc. Mas isto não é pensar, mas um escorrimento mental. Pensar implica superar a mera subjetividade.

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