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Há dez anos que trabalhamos esta obra de arte que é o nosso amor. Moldámos a pedra dos sentimentos numa escultura de vida. O nosso ofício tem sido um exercício quase monástico de aperfeiçoamento mútuo. Crescemos juntos intelectualmente. Amadurecemos afetos. Metamorfoseámo-nos um no outro. Já não sabemos onde começa e acaba o eu de cada um. Só a morte nos pode separar, rematei.
Ela bateu palmas, riu-se, disse que escutara a melhor definição de amor. Que sim, também ela acreditava que a nossa espera não terá sido vã. Apesar do medo, acreditava. E que o medo não a desarmava, antes a reforçava na fé.
Desviei-lhe uma alça da blusa para lhe beijar os seios. E por ali me demorei num arroubo de enamoramento. Aos poucos, ela conduziu-nos para dentro. Em breve, subíamos o rio de febre que nos consumia de desejo.
A notícia da sua vinda definitiva para Portugal contagiou-nos de alegria o resto do tempo. Nas conversas, nos projetos, nos passeios, na sexualidade, uma outra dimensão se projetava sob o signo de uma epifania. O entusiasmo ardia-nos no olhar, em cada gesto. Num dos últimos concertos, o arrebatamento que nos possuía obrigou-nos a sair num dos intervalos, incapacitados de conter a intensidade de emoções que nos devorava. Viemos para a rua como impelidos por um vento mitológico. A cidade antiga, adormecida de gente àquela hora, e desvelando-se num sonho medieval, harmonizava-se com o nosso espírito impregnado de romantismo. E caminhámos, caminhámos. Até que o nosso amor, incapaz de se conter nos limites do casario, numa manta de relva o deitámos sôfrego do infinito do céu. E foi, deslumbrados com a luz do firmamento, que voltámos para casa, no desejo de também através do corpo transfigurar o humano no transcendente.
Eramos um casal em lua de mel. A última tarde foi a coroação desta alegria com a ópera, numa adaptação para jovens, Flauta Mágica de Mozart. À noite, fomos sentar-nos no caramanchão. Começava a sentir saudade deste lugar. A esse propósito, prometemos que um dia também construiríamos um para abrigar das intempéries o nosso amor. A Fátima defendia que teria de ser na serra da Lousã. Eu dizia que sim, mas que o mais importante é que o edificássemos dentro de nós, em qualquer sítio em que decidamos viver.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Eduardo Mendes, coordenador de Ortopedia no Hospital CUF Viseu
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Laura Isabel B. Nunes
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Sofia Moreira de Sousa