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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
Estive uma semana em Berna. Ou uns instantes, tal a rapidez com que passaram. Sinto que ainda de lá não saí, mas o pó dos dias já me desertifica. Como se só o corpo tivesse vindo, despojado da alma. Mas não, porque o que me dói é por dentro e não a carne e os ossos que me suportam.
Mas enquanto descrevo o que vivi, e apesar da nostalgia, revivo o fulgor de cada momento. Ao chegar, a Fátima esperava-me na estação.
Saímos rapidamente da estação, fugimos do enxame que circulava na pressa do destino. A casa recolhemos como quem sobrevive a um desastre. Tínhamos pressa do nosso amor, incendiava-nos o desejo, e a alegria levantava-nos em voo.
Dizer que não há palavras para dar conta da nossa febre de viver é escrever uma banalidade. Mas esta é o veneno da grosseria de espírito. E o que nos moveu naquelas horas, sendo da condição comum de qualquer casal, era marcado de uma intensidade ígnea. Era sexo, diálogo dos sentidos, era o sangue da saudade, a exaltação do amor.
A noite embrulhou-nos no seu véu mas não demos por isso. Só mais tarde, de repente, a Fátima se lembrou dos bilhetes de um concerto. Vestimo-nos e comemos à pressa, a tempo de chegarmos ao centro antigo da cidade, ao Konzert Theater, para assistir a uma programação dedicada a Mozart.
Iniciámos com música estas minhas férias em Berna. E a música nos pautou as noites durante vários dias. E quase sempre sob o signo de Mozart. Era a paixão da Fátima. Explicou-me que a música, mesmo sem palavras, sobretudo esta, irrompe por dentro de nós, ilumina cada dobra oculta da nossa alma, inunda-nos de uma incandescência que a poesia dificilmente alcança. As palavras, mesmo as mais eloquentes e as poéticas, lutam por penetrar nas profundidades do eu. Elas brilham às vezes, desvelam um pouco do mistério, arranham as portas ocultas em busca de um rasgo por onde entrar, mas tendem a desviar-se, a perder-se.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Magda Matos
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