A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
Sabia que é possível parecer mais jovem e elegante com os seus…
No segundo episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
por
Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
Respondi-lhe que sim, que o que ela dizia era verdade, mas que eu não tenho a firmeza dela, sou vulnerável, fui infiel, aproximei-me de outras, não sei se por paixão ou leviandade.
Ela levantou-se ligeiramente de modo a posicionar-se em cima do meu peito e, ao meu ouvido, disse que tudo isso eram insignificâncias explicáveis pelo afastamento.
Preferi abrir-me por inteiro, nada esconder das minhas fragilidades. Sobretudo, ao nível da sexualidade. Ela aceita-me como sou, disse, compreende que, mesmo que nos vejamos a partir de agora todos os anos, são muitos meses de ausência e a tentação mora ao lado. Ela vive com objetivos, o pagamento das casas, os estudos, as leituras. Por isso, mas sobretudo pelo amor que viveu e que sente, são-lhe indiferentes os homens. Nem tempo tem de os conhecer. A mim conhece-me o suficiente para saber que também eu estou marcado pelo selo do amor e que por isso não serão significativos os breves desvios que ocorram. Se resisti estes anos, eis a prova de que ela precisava para reforço da sua fé em nós.
Em desespero, quis prometer-lhe que, ao terminar o curso, satisfazendo o sonho dos meus pais, daria por cumprido o meu compromisso para com eles, e emigraria para junto dela. Pediu-me para não ser tolo. Quando terminar a licenciatura, devo candidatar-me ao ensino e ser professor. Ela própria espera terminar o curso e conseguir equivalência em Portugal para talvez também ser professora, senão no ensino público, no privado.
Nessa noite não falámos mais, uma outra linguagem, a dos sentidos, nos fez percorrer outros canais de comunicação, mais profundos, mais ontológicos, mais sublimes. E não era o gozo básico que nos empolgava, mas um sentimento de elevação sensorial que já em Lisboa nos era dado viver, e que não cabe em nenhuma descrição meramente fisiológica. Era algo de um teor epifânico. De êxtase foram estes dias.
Por fim, o mundo acabou. A vida terminara. Era o fim do tempo da alegria. Apanhámos o comboio numa manhã. Mais adiante, mudei de estação e ela continuou para Berna. Fiquei a vê-la até se diluir no horizonte.
Cheguei a Portugal e aqui estou, depois do paraíso. Já não sou o mesmo, já não posso ser o mesmo, algo de radical mudou em mim. Sou outro.
por
Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Helena Carvalho Pereira
por
José Carreira