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Uma tarde cinzenta, que me entristece. Não sei bem porquê. Penso que deveria esforçar-me por viver no presente e não projetar-me no futuro. Aceitar as dádivas de cada dia, com naturalidade.
Mas viver assim também cansa: sozinho num pequeno apartamento, entregue a mim mesmo. Estou em Moura sempre com este sentimento de nómada, de estrangeiro, de provisório. Embora reconheça que esta nostalgia é funda em mim e que o será em qualquer circunstância, talvez se atenue a sua ferida se houver a alegria de uma vida em família.
Esta solidão nem sequer é criativa. Não tenho escrito. A poesia é um trabalho bastante artesanal, de alguma lentidão. Eu gostaria que fosse mais espontânea, mais instintiva. Talvez no dia em que recomece a escrever, este recolhimento de agora seja fonte de criatividade.
Sinto a ausência de Deus. E Ele se calhar aqui tão perto. Luto com alguns escrúpulos de índole filosófica na aceitação ativa da fé.
Leio Jorge Luís Borges. Sábio, poeta, um homem que em apaixonada intensidade pensou e escreveu. Fico melhor, depois de o ler.
Quanto a mim, estou vivo. Que fazer? Para onde ir? Sinto-me vivo e disponível para as dádivas desta terra. Com surpresa, dou-me conta da naturalidade com que vivo por vezes estes dias. É bom observar este renascimento e esta disponibilidade para dias novos. Não é bom viver seja o que for obsessivamente; é sensato cultivar uma certa distância; o empenhamento só é razoável quando não é unívoco mas aberto e plural; que não há nada que por si só esgote a nossa condição; e que o nosso equilíbrio interior é um bem precioso.
Visita-me de vez em quando uma colega. Um pedaço de mulher, como comentam os colegas. Subo com ela para a cozinha, no sótão, para evitar tentações. Faço-lhe um chá, às vezes. Outras, abrimos uma garrafa de vinho. E vamos para o terraço beber, abrigados pelas paredes das casas vizinhas. Não é raro ela encaminhar a conversa para terrenos armadilhados. Faço-me desentendido. Não lhe digo nada da minha vida sentimental, por pudor de falar com desconhecidos do que é íntimo, só meu. Ela desaparece por uns tempos. Depois volta, mais provocante.
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Margarida Benedita
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Diogo Pina Chiquelho