câmara de viseu apoios casas
Câmara de Oliveira de Frades
FAGILDE 9DEZ24 vsfinal APA arrastados
261121083019a9f55af575cc44675655afd52fd8ee0b7e8852f2
221221102816ea5e4a48ad2623f3eea1d59d63cf34ae78d05d1d
140122144234ddd8df4b510d3e43d02babb42d9dd1f2fb699a5c

Antes de renovar o telhado ou substituir as telhas, é essencial tomar…

13.12.24

A Faculdade de Medicina Dentária, da Universidade Católica em Viseu, celebra 5…

13.12.24

Miauuu! Chamaram por mim? Sou a Bella, a gatinha mais fofinha, saltitante…

11.12.24

por
Joaquim Alexandre Rodrigues

 As águas e o almirante

por
Jorge Marques

 Entre o Sistema e a Liderança
Home » Notícias » Colunistas » Fragmentos de um diário – 6 de Agosto de 1978

Fragmentos de um diário – 6 de Agosto de 1978

 Fragmentos de um diário - 6 de Agosto de 1978
09.10.21
partilhar
 Fragmentos de um diário - 6 de Agosto de 1978

«Shine on your crazy Diamond».
As pedras da calçada, duas oliveiras pasmadas, a varanda de madeira, o boné repousado no gradeamento, o verde viçoso das videiras, as teias de aranha suspensas do telhado, o «Welcome to the machine», a charrua, a galinha, o tacho enferrujado num canto do pátio, as escadas, as janelas com vidro partido, os pássaros a confraternizarem com a galinha e um garnisé, as chaminés desamparadas, as beatas dos cigarros, alguns tijolos esquecidos para ali, tudo assim na transparência desta aldeia.
E é tão bom, tão pacificador, tão cheio de alma estar assim a escrever, meditando, enquanto a tarde se suspende ainda pelas ruas, se ampara ao ambiente.

12 de Agosto de 1978

    Estou há um pedaço de tempo sem conseguir materializar no papel sentimentos, desejos e ideias. No entanto, tanto a dizer. Ou será ilusória esta intuição de plenitudes interiores?
   Vontade de escrever? Sim. Ou tratar-se-á de sublimar o meu desejo impossível de saber da Fátima? É terrível como se me cola aos dedos a caneta hesitante, não sei se é a mente que emperra, frouxa, transbordante de delírios, mas presa num dédalo sem saída. Talvez se trate de falta de disciplina, de exercício, o que enferruja o desempenho da escrita. Quem sabe se não é o resultado do embrutecimento dos últimos dias em que apenas joguei, fumei, berrei, sem uma conversa séria e com uma abstinência de leitura e escrita. A tarde vai-se desprendendo dos lugares a pouco e pouco, sem alarde, sem dar nas vistas, e é bom olhar e encher o peito de ar fresco e aromático.
Ouvir a música dos Rolling Stones provoca sempre o mesmo efeito: uma vontade enorme, explosiva de escrever; mais do que isso, de morder a própria vida. Agarrar-me com todo o sangue às raízes da Árvore e ascender em seiva ao cume deslumbrante. E, ao meu lado, de mãos dadas, uma companheira de quem cada gesto seja um todo de simplicidade, amor e compreensão. Ambos a caminhar pela frescura das manhãs ao encontro do Instante, do Aqui e Agora. Sem facas no pensamento. Tudo me conduz à memória da Fátima.

 Fragmentos de um diário - 6 de Agosto de 1978

Jornal do Centro

pub
 Fragmentos de um diário - 6 de Agosto de 1978

Colunistas

Procurar