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Margarida Benedita
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Rita Mesquita Pinto
Esta crónica inicia-se naquele instante inglório que se equilibra após um final e antes da eclosão de um novo começo. Não se pretende, assim, passar em revista o ano que se encerra. Pretende-se, sim, retirar alguns apontamentos, que se destacam pela importância ou pelo relevo que poderão vir a ter na vida de muitos portugueses.
Muito haveria para escrever, mas centremo-nos nalguns aspetos, fragmentos de um todo mais complexo.
Nesta história, gostaria de destacar a demissão do primeiro-ministro António Costa, a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições legislativas. Não posso deixar de referir as palavras premonitórias do então secretario geral do PCP, Jerónimo de Sousa, em entrevista a um jornal em 2022 : “ou o PS dá respostas aos problemas dos trabalhadores e do povo, ou sofrerá as consequências e a erosão que resulta de uma política social que não corresponde àquilo que são aspirações profundas da população”; “não faço futurologia, mas há aqui uma experiência histórica recente”; “Digo isto, porque olho para o passado, para as maiorias absolutas, incluindo do PS, em que, por um processo de implosão, aconteceu o que aconteceu”. E aconteceu! O PS e o governo não resistiram a uma série de casos que resultam essencialmente de dois fatores: a falta de resposta aos problemas concretos dos portugueses e à promiscuidade entre poder político e económico (que, juntamente com as privatizações, têm sido as principais causas da corrupção).
Isto tudo junto é o terreno fértil para que a direita populista eleve a voz, uma voz que não procura soluções, não mede meios, uma voz que grita em fogo fátuo, num teatro em que são atores e encenadores de uma trama na qual os sonhos de abril nunca tiveram espaço para existir. Numa comparação mais caricaturada (perdoem-me o uso desta imagética), a voz deste populismo barato que se eleva assemelha-se a um determinado inseto… inseto esse que vai formando uma bola, que roda, cada vez maior, da qual depois se alimenta.
Mas voltemos ao essencial. Aos problemas concretos que a maioria dos portugueses enfrenta e a que o governo de maioria socialista não deu (nem quis dar resposta), aliando se aos partidos de direita para chumbar as propostas do PCP nesse sentido.
Do aumento dos salários e pensões necessários face ao galopante aumento do custo de vida, agravado por uma inflação especulativa, aos custos com a habitação, totalmente desfasados do rendimento daqueles que dela necessitam, não esquecendo, ainda, os incomportáveis custos da energia, comunicações e combustíveis. Do definhar do SNS e a sua deficiente resposta, às escolas sem professores. A nada disto o governo deu a resposta que se impunha. Criaram-se, então, pelo menos, dois países, o país em que tudo corre bem (mas que ninguém encontra) e o país real, tão real quanto as faturas para pagar que se acumulam nas mesas, nos bolsos e nas almas.
Aqueles que agora vem prometer uma baixa de impostos tiveram a oportunidade de o fazer, ainda nesta legislatura, e não o quiseram. O PS juntamente com PSD, CH e IL chumbaram o projeto de Lei do PCP que visava a aprovação de medidas para mais justiça fiscal visando aliviar os impostos sobre o trabalho e o consumo de bens essenciais e acabar com os regimes de privilégio das grandes fortunas e lucros, apresentado em setembro de 2023.
E podia continuar com outros projetos de lei apresentados para aliviar e melhorar a vida dos trabalhadores e do povo e que tiveram o mesmo resultado.
As promessas são fáceis de fazer, sobretudo, quando não se tem nenhuma intenção de as cumprir.
E Viseu? Perguntam.
Voltaremos a Viseu de forma mais detalhada num próximo artigo. Porque assim o merece.
Viseu elegeu e irá eleger nas próximas eleições 8 deputados que neste momento estão repartidos entre PS e PSD. Lanço um desafio aos leitores para irem ver as propostas que estes deputados apresentaram e qual o seu sentido de voto em matérias com importância para o distrito.
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Margarida Benedita
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Diogo Pina Chiquelho