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O que é que se passa com os nossos autarcas que, de um momento para o outro, foram apanhados pela febre do granito amarelo, feio, esquisito…?, Que, de repente, se viram unidos pelo granito, granito aos montes, granito ladeando os Paços do Concelho, granito no centro, granito no granito das nossas vilas. Um granito grotescamente polido, igual, todo igual… como os cérebros que desenharam esta tragédia que avança, imparável, pelos núcleos urbanos destas nossas terras. Um pesadelo.
Foram derrubadas árvores, algumas delas centenárias, para dar lugar ao granito. Abateram-se tílias com muitas dezenas de anos, desapareceram jardins. Jardins que hoje estão Desapareceram lagos, monumentos, escadarias… tudo soterrado por um maremoto de granito polido, feio, amarelo, esquisito… Uma tristeza.
Mas então o que fazer? Eu acho que, como os filhos que, apesar de já na idade adulta, demonstram não saber tomar conta de si, tem de ser o pai, ou a mãe, a definir-lhes os caminhos.
E a única forma de proteger o país dos desmandos provincianos de uns quantos autarcas com gosto duvidoso, que não se importam de ter o coração dos eus concelhos todos iguais, todos de granito amarelo e feio, todos foleiros, então terá de ser o Terreiro do Paço a definir bem definidos os caminhos que podem ser percorridos. Porque urge salvar o distrito, e, já agora, o país, da falta de bom senso urbanístico.
Mas isso, dizem uns quantos, é infantilizar os nossos autarcas, o poder local conquistado com Abril reduzido a nada… coisa e tal. É?, bom, se é, então, para salvar o país, que se danifique, quanto baste para salvar o que resta, o lustre de Abril…
Porque as nossas vilas estão a ficar feias, medonhas… Pior, estão a ficar todas iguais.
E, já agora, gostava de saber o que esteve por detrás desta vaga de mau gosto, deste avassalador colapso do bom senso, da incandescente fogueira que queima o respeito pelo passado, reduzindo a coisa nenhuma centenas de anos de História, esmagar o coração das nossas vilas entre pedra amarela e desviçada, incoerente com o todo, contrastante com o modo de ser e com a geografia circundante…
E, já agora, quantas destas obras foram feitas com respaldo em programas eleitorais sujeitos à apreciação da comunidade? Quantos dos autarcas que as conduziram sobre elas falaram em praça pública antes de tudo estar decidido nas enigmáticas reuniões de câmara ? Pode-se mexer com a história desta forma insensata sem qualquer tipo de vigilância? Estas desgraçadas obras não carecem de uma autorização superior?
Onde o mal está feito, procure-se atenuar os efeitos deste monstro, nos outros, onde a tragédia ainda não chegou, pois que se ergam barricadas, que se cavem trincheiras, que se toquem os sinos a rebate, que soem as sirenes dos bombeiros, que o povo agarre nos ancinhos e nas sacholas para defender o património comum das garras da besta amarela.
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