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Jorge Marques
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João Azevedo
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José Junqueiro
Esbarro frequentemente com sites não jornalísticos gratuitos que divulgam notícias. Acabo sempre a murmurar a mesma promessa: “é desta que bloqueio isto tudo e passo a consultar exclusivamente jornais e edições premium”. Faço-o enquanto esbarro com as ladainhas do costume: “juiz que deixou de o ser, relatório covid, créditos a pensar em si, orçamento de Estado e a sua discussão, rastreio auditivo, os médicos que se demitiram em Setúbal, invista em criptomoedas e torne-se milionário, nem sabe o que a princesa Kate fez, sapatos novos à venda perto de si”…
Caio nestes sites gratuitos e percebo que a exposição a conteúdos que visam apenas manter-me ligado é nociva e me deixa viciado e aziado… Percebo que a informação funciona como a alimentação, usando a mesma fórmula, criando segmentação social. Quem tem dinheiro, tem acesso a qualidade; quem não tem, está condenado a manter-se assim, sem dinheiro, sem saúde e sem acesso a mais…
No caso da alimentação, verifica-se que a população com menos possibilidades económicas é cliente de produtos mais baratos, logo, menos frescos, mais saturados de açúcar e de uma panóplia de infernais conservantes. Isto tem conduzido a que a obesidade e outros problemas de saúde sejam frequentemente associados à população com menos possibilidades económicas… Se os dados estatísticos não servirem ao caro leitor, faça a experiência de alternar as suas compras entre produtos biológicos e produtos mais baratos: a diferença vai ser gigantesca. Um ordenado mínimo não permitirá grandes extravagâncias alimentares, obrigando à dieta menos saudável…
Passa-se o mesmo com a informação. Se pretender usufruir de informação mais fidedigna, sem confusão entre publicidade e notícia, sem trapalhadas de notícias que só o pretendem manter ligado ao site mais um minuto, vai ter obviamente de pagar… Isso será mais um encargo relevante para quem já tem de optar por comida mais barata.
Parece-me que esta argumentação é pertinente e que levanta dois problemas. O primeiro tem a ver com a falsa sensação de saciedade informativa sentida por quem tem menos possibilidades financeiras. Quem usa notícias de graça, até se vai sentir informado, quando, na verdade, está apenas a ler o que o algoritmo achou que o mantém colado ao ecrã, tornando-o dependente e cada vez menos informado… O segundo problema prendese com o facto de serem essas as pessoas que mais precisavam de nova informação, dando-lhes ferramentas para melhorarem a sua vida, encontrando soluções que lhes permitam ganhar salários mais adequados ou, pelo menos, saberem que podem lutar por isso.
Temos, portanto, a perpetuação ou agravamento dos fossos sociais já existentes… A internet devia criar um mundo mais democrático. Com estas estratégias, acaba por funcionar ao contrário… Não é aceitável que alguém ainda beba refrigerantes a pensar que são saudáveis. Do mesmo modo, não é aceitável que ainda haja alguém que ache que a Terra é plana ou que a COVID não existe… Ainda assim, estas pessoas têm aumentado, sistematicamente desinformadas e convencidas de barbaridades que só as amarram a uma ignorância limitadora do seu desenvolvimento pessoal.
Creio que é altura de avançarmos para uma efetiva educação para os media tal como se tem feito com a alimentação. Penso que esse deve ser um passo coletivo e assumido pelas escolas e universidades. Do mesmo modo que a alimentação saudável é conteúdo programático nos bancos de escola, também a informação o deveria ser. Não pode ser aceitável ter crianças e adolescentes a usar produtos gratuitos online que dependam do número de utilizadores, tornando-os escravos de informação que os vicia e embrutece.
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Jorge Marques
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José Junqueiro
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Carolina Ramalho dos Santos
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Amnistia Internacional