premios grandes escolhas
Aurora Brava
serra ladario
LOGO PODCAST_ENTRE PORTAS
WhatsApp Image 2025-01-16 at 181235
som das memorias logo

Sem esquecer o passado e procurando atrair novos públicos, é assim que…

15.03.25

Neste terceiro dia de BTL, a CIM Viseu Dão Lafões brilhou com…

15.03.25

A Turismo Centro de Portugal esteve, uma vez mais, no centro das…

15.03.25

por
Joaquim Alexandre Rodrigues

 Três instabilizadores

por
Diogo Chiquelho

 Sucumbência da dignidade
Home » Notícias » Diário » Lei de Imprensa faz 50 anos contra violência da censura, perante novos desafios

Lei de Imprensa faz 50 anos contra violência da censura, perante novos desafios

O debate "Lei de Imprensa de 1975, 50 anos depois: novos desafios" é organizado pelos jornalistas José Pedro Castanheira e João Garcia, com Alberto Arons de Carvalho e a Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril

pub
 Lei de Imprensa faz 50 anos contra violência da censura, perante novos desafios
25.02.25
fotografia: Jornal do Centro
partilhar
 Lei de Imprensa faz 50 anos contra violência da censura, perante novos desafios
25.02.25
Fotografia: Jornal do Centro
pub
 Lei de Imprensa faz 50 anos contra violência da censura, perante novos desafios

A Lei de Imprensa, que consagra o fim da censura dos 48 anos de ditadura, foi publicada há 50 anos, e a Comissão Comemorativa 50 Anos do 25 de Abril lembra a data com um debate e um “dossier histórico”.

O debate vai abordar “novos desfios” que se impõem ao setor, na quarta-feira, 26 de fevereiro, na Casa da Imprensa, em Lisboa, quando passam exatamente 50 anos sobre a publicação do Decreto Lei 85C/75, que promulga a primeira Lei de Imprensa do pós-25 de Abril. No mesmo dia, o dossier “Imprensa e Revolução – 50 anos depois” vai ficar disponível no ‘site’ da comissão.

Este dossier vai desde a imposição da censura pela Ditadura Militar, em 1926, com um carater transitório, estende-se pelos 48 anos seguintes e pelos dez diplomas que a tornaram definitiva, mais violenta e a regularam, até 1972, desde a institucionalização da ditadura do Estado Novo, em 1933. O percurso culmina na publicação da Lei de Imprensa, em pleno período revolucionário, com a certeza de que “a censura foi um dos mais poderosos instrumentos do aparelho repressivo” da ditadura, “determinante para a sua longa duração”.

O lema da censura era assumido: “Politicamente só existe o que o público sabe que existe”, recorda o “dossier histórico”, que apela às palavras do ensaísta Eduardo Lourenço, para definir a ilusão resultante das páginas de jornais: “Não vivíamos num país real, mas numa Disneylândia qualquer, sem escândalos, sem suicídios nem verdadeiros problemas”. 

As opiniões contrárias ao regime eram “o primeiro alvo da censura”. Mas ela estendia-se a todos os domínios da vida em sociedade, “atuando sobre notícias que pudessem afetar o bom nome da ditadura, agitar a opinião pública e atentar contra ‘a moral e os bons costumes'”.

O conhecido processo das “Três Marias”, que envolveu as escritoras Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, por causa do seu livro “Novas Cartas Portuguesas”, teve por referência um alegado “abuso da liberdade de imprensa”, segundo a última lei da ditadura, quando as autoridades as acusavam de obscenidade e “atentado à moral”.

O dossier recorda que a censura se aplicava a espetáculos, livros e filmes, embora o seu alvo principal fosse a imprensa. As “notícias eram frequentemente objeto de cortes totais ou parciais tidas por política e socialmente inconvenientes, subversivas (propaganda comunista), especulativas, imorais ou impróprias”. 

Ao longo do dossier, não faltam exemplos desses ‘cortes’ feitos com o célebre “lápis azul”, que tanto podiam ir do conto “A Pensão da Dona Aninhas”, pela sua suposta “imoralidade dobrada de amoralidade”, às referências à Guerra da Independência da Argélia e ao seu líder Ben Bella, quando a luta armada eclodia nas antigas colónias portuguesas.

Um caso conhecido de censura prendeu-se com a proibição do conto para crianças “O soldado João”, de Luísa Ducla Soares, quando apresentado pelo suplemento juvenil do Diário Popular. A falta de jeito para a guerra do menino João e a sua capacidade para conciliar generais inimigos, libertando-os das botas e servindo-lhes café, bastaram para que fosse banido.

A tentativa gorada de pôr fim à censura pelos deputados Francisco Sá Carneiro e Francisco Pinto Balsemão, da chamada Ala Liberal, num projeto de Lei de Imprensa, apresentado na antiga Assembleia Nacional, no início da década de 1970, consta do dossier, assim como a decisão do presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, de recuar perante qualquer ideia de abertura, porque a “Guerra Colonial exigia a proteção da opinião pública face à ‘arma psicológica’ que a liberdade de imprensa representava nas mãos do ‘inimigo'”. 

Através do dossier, pode ainda ser ouvida a gravação de uma conversa telefónica entre os serviços de censura de Lisboa e Porto que se deparam com os primeiros títulos do dia 25 de Abril de 1974: os tanques no Terreiro do Paço, a população na rua. Tudo proibido. Mas já os jornais andavam de mão em mão, nessa tarde de Abril, sem indicação de “visto prévio”. E o vespertino República não hesitou em destacar a toda a largura da página, em rodapé: “Este jornal não foi visado por qualquer comissão de censura”.

A Lei da Imprensa da Democracia surgiu dez meses mais tarde, num ambiente em que se pretendia eliminar o “exame prévio”, mas em que também se temia “a perda de controlo dos meios de comunicação social durante o período revolucionário”. Os casos de multa e suspensão, assim como o processo de elaboração da lei estão igualmente incluídos no dossier. 

No final, o objetivo do Movimento das Forças Armadas acaba consagrado no texto do diploma de 26 de fevereiro de 1975: “Não se pode conceber o processo democrático em curso sem a liberdade de expressão de pensamento pela imprensa, como, aliás, através de outros meios de comunicação social”.

O debate “Lei de Imprensa de 1975, 50 anos depois: novos desafios” reúne, num dos painéis, testemunhas do processo: Adelino Gomes, jornalista e docente universitário, Alberto Arons de Carvalho, professor e membro da comissão que redigiu um projeto de Lei de Imprensa de 1975; o jornalista e advogado José Carlos de Vasconcelos, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa do Sindicato dos jornalistas, nos anos finais da ditadura; o coronel José Sanches Osório, titular da Comunicação social no II Governo Provisório, que nomeou a comissão para a Lei de Imprensa; e a jornalista Fernanda Mestrinho. Será ainda lido o testemunho de Francisco Pinto Balsemão, fundador e primeiro diretor do Expresso.

O debate sobre os “Novos desafios” mobilizam a vogal da Entidade Reguladora da Comunicação Social, Carla Martins, o jornalista e docente universitário Jacinto Godinho, a editora da revista Divergente Sofia Palma Rodrigues e o ex-diretor da revista Sábado Nuno Tiago Pinto. A moderação será do jornalista Manuel Carvalho.

O debate “Lei de Imprensa de 1975, 50 anos depois: novos desafios” é organizado pelos jornalistas José Pedro Castanheira e João Garcia, com Alberto Arons de Carvalho e a Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril. Na abertura, intervém o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

pub
 Lei de Imprensa faz 50 anos contra violência da censura, perante novos desafios

Outras notícias

pub
 Lei de Imprensa faz 50 anos contra violência da censura, perante novos desafios

Notícias relacionadas

Procurar