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Os irmãos André e Bruno Santos, que formam o duo Mano a Mano, atuam esta noite de quinta-feira, 13 de julho, pelas 21h30, no Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, para apresentar o espetáculo “Trilogia das Sombras”, inspirado na vida e na obra da artista plástica Lourdes Castro.
O concerto integra a programação do festival Que Jazz É Este, e conta com a participação do performer Tiago Martins, numa proposta que pretende combinar música, instrumentos tradicionais madeirenses e uma componente cénica baseada no Teatro das Sombras.
A ligação a Lourdes Castro surgiu de forma progressiva, como conta André Santos, em entrevista ao Jornal do Centro. “Nós também somos madeirenses, tal como a Lourdes, e em 2019, quando fizemos a apresentação do nosso terceiro disco ao vivo, pedimos a uns amigos arquitetos do Ponto Atelier para fazerem um cenário, para acrescentarem alguma coisa ao nosso espetáculo”, começa por explicar.
O cenário criado nessa altura, inspirado na obra ‘Grande herbário de sombras’, usava plantas atrás de uma tela para um jogo de sombras que acabou por marcar os músicos. “Nós ficámos com essa vontade. Tinha sido plantada na nossa mente essa semente de querermos descobrir um bocadinho mais sobre a Lourdes, sobre a obra, sobre a vida, que na altura não conhecíamos assim tanto, e queríamos. Tivemos essa vontade”.
Dessa vontade nasceu um novo disco – o quinto dos Mano a Mano – composto exclusivamente por música original e que se estrutura em torno de três momentos da vida da artista: o início na Madeira, a emigração (com uma passagem por Lisboa) e o regresso à ilha, às raízes e ao seu jardim.
É nesse jardim interior, último refúgio da artista, que o espetáculo encontra também o seu tom contemplativo. “Foi a primeira vez que fizemos um disco com uma inspiração extra musical. Logo aí muda o processo criativo, porque temos alguns motes que fomos arranjando, e foi um processo que gostámos muito de fazer”, explica André Santos.
Além da música ao vivo, o espetáculo conta com a performance de Tiago Martins, que manipula sombras por detrás de uma tela, evocando diretamente o trabalho cénico de Lourdes Castro. Esta colaboração foi natural, segundo André: “achámos que o Tiago era a pessoa ideal, que também, em tempos, estudou a Lourdes Castro, por coincidência. Hoje em dia faz uma coisa completamente diferente, mas em tempos também esteve nessa área, e conhecia muito bem o trabalho da Lourdes, então foi uma conjugação perfeita”.
O projeto assume-se como uma criação em três vertentes, não apenas no espetáculo ao vivo, mas também no disco físico, onde além dos dois músicos, participaram a artista plástica Carla Cabral e o cardeal Tolentino Mendonça. “No disco físico temos esses três vértices do triângulo: somos nós, a Carla Cabral, que fez o livro que alberga o nosso disco, também inspirado nos livros de autor da Lourdes Castro, com colagens, com coisas bordadas, muito trabalho feito à mão durante muito tempo. O outro vértice desse triângulo no disco físico foi o Tolentino Mendonça, que escreveu um prefácio, que recitou um poema que escreveu há uns anos sobre a Lourdes Castro”.
A ligação à Madeira é outra presença forte neste espetáculo. Os irmãos Santos fazem uso de instrumentos tradicionais como o rajão e a viola de arame. “Nós de alguma forma estamos sempre ligados a essas origens, desde o segundo disco, usamos algum elemento madeirense”, diz André.
O artista acrescenta que “há sempre um elemento madeirense. Estamos fora da Madeira há alguns anos já, e é uma maneira de matarmos saudades, de estarmos sempre conectados com a ilha. É algo que nos dá muito prazer, e que mexe connosco, vibra em nós de uma forma especial”.
Apesar de este ser um espetáculo novo, o duo Mano a Mano não é estreante em Viseu nem no festival. André Santos recorda que tocaram “num festival já há uns anos, já não me lembro exatamente em que ano, só me lembro que estava um calor dos diabos, acho que foi o dia mais quente do ano”.
Também o Museu Nacional Grão Vasco não é uma estreia para o músico: “Já toquei no Museu Nacional Grão Vasco noutra edição do festival com outra banda, com o Carlos Bica, em trio, toquei nos claustros do Museu, e também com o meu irmão já tocámos no Lugar do Capitão há uns anos. Já conhecemos bem os cantos à casa”, frisa André Santos.
Sobre a importância de apresentar este novo trabalho neste espaço, o músico destaca o contexto e o cuidado do festival: “Gostamos muito de voltar a Viseu e a este festival que já tem muitos anos, e sabemos que é um trabalho feito com um grande amor pela música. Eles fartam-se de trabalhar, não só no festival de Jazz, mas noutros projetos que nós gostamos muito de ir tendo conhecimento”.
E sobre o concerto desta noite, há uma expectativa tranquila. André Santos refere que o Museu “é um lugar lindíssimo, portanto ficamos muito felizes de voltar e tocar num sítio tão bonito e de poder levar este espetáculo, que acho que vai ficar ali muito bem. Acho que vai ser um momento bonito para as pessoas ouvirem a música e verem o Teatro de Sombras. Vai ser um bonito momento”.
O músico define o espetáculo como sendo mais contemplativo do que outros concertos da dupla, que “são sempre mais intimistas, porque somos só dois, e naturalmente é preciso uma atenção mais redobrada do público, mais de silêncio talvez”. Já neste espetáculo, “há este complemento visual, e os temas também viajam num universo, nós sentimos que seria o universo da Lourdes”.
A homenagem à artista, apesar de indireta, pretende captar algo da sua maneira de estar no mundo. “Ela era uma pessoa assim, que estava na sua calma, a fazer as coisas, a apreciar as coisas simples da vida e a ver poesia nelas, e tentámos humildemente fazer jus a isso”, diz o guitarrista.
Após o concerto de hoje, os Mano a Mano vão continuar a apresentar a “Trilogia das Sombras” em vários formatos, incluindo concertos apenas em duo. Em setembro, está prevista a gravação do sexto disco, um projeto com um formato radicalmente diferente. “No ano passado fizemos um concerto no festival de Jazz do Funchal, com a Orquestra de Jazz do Funchal, um concerto especial, que marcava mais ou menos os nossos 10 anos desde que lançámos o primeiro disco, e que revisita um bocadinho todos os nossos discos”, conta André.
Sobre o futuro, o músico desvenda que “vamos gravar, é um projeto grande, radicalmente diferente do que é este projeto da Lourdes, há muitos elementos, passamos a ser 20 pessoas, em vez de só duas, e é um projeto que nos está a entusiasmar muito e que vai ser gravado em setembro”.
Até lá, há parcerias que continuam. “Nomeadamente vamos ao Fundão com a Rita Red Shoes, também de vez em quando fazemos essa parceria e temos andado por aí”.
Os Mano a Mano atuam esta quinta-feira à noite no festival no Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, no âmbito do festival ‘Que Jazz É Este?’, que termina no próximo dia 20 de julho.
Programação do festival prossegue até domingo, 20 de julho, com concertos, oficinas de rádio, sessões de cinema musicado ao vivo e performances em vários espaços da cidade
Ainda esta quinta-feira, 17 de julho, o Parque Aquilino Ribeiro acolhe duas emissões da Rádio Rossio: o Programa Radioactivo #1 às 15h00 e um momento com Emanuel Santoz e Tiago Araújo às 16h00.
Às 19h00, a Casa do Miradouro recebe o filme-concerto The Playhouse, com música original de Jasmim Pinto, interpretada ao vivo com Úrsula Pinto (violoncelo), Bruno Pinto (guitarra) e Olívia Pinto (baixo).
Às 21h30, os Mano a Mano apresentam o espetáculo “Trilogia das Sombras” no Museu Nacional Grão Vasco, com cenário de Ponto Atelier e a participação do performer Tiago Martins. A noite termina com jam session no Carmo’81 às 23h00.
Na sexta-feira, 18 de julho, o Parque Aquilino Ribeiro volta a ser palco de rádio e música ao vivo. Às 15h00 decorre o Programa Radioactivo #2, seguido por uma emissão com Luís Belo e Jasmim Pinto às 16h00.
Às 19h00, Emanuel e Toy Matos juntam-se a João Mortágua num concerto na Casa do Miradouro. Às 21h30, Camilla George atua no Parque Aquilino Ribeiro com um concerto que, segundo a organização, “funde afrofuturismo, hip hop e jazz, com um subtexto político ligado à herança nigeriana”. A noite termina, como habitual, com jam session no Carmo’81, às 23h45.
O sábado, 19 de julho, começa com o Programa Radioactivo #3 às 15h00 e uma emissão com Gonçalo Falcão às 16h00 no Parque Aquilino Ribeiro. Às 17h30, o Carmo’81 recebe o concerto de apresentação do 17.º Workshop de Jazz de Viseu.
Às 19h00, o Teatro Viriato acolhe o trio de Marie Kruttli. A noite termina com o concerto de Tito Paris com o Coletivo Gira Sol Azul, às 21h30 no Parque Aquilino Ribeiro, e nova jam session às 23h45 no Carmo’81.
No domingo, 20 de julho, realiza-se a última emissão da Rádio Rossio com o Programa Radioactivo #4 às 15h00 e, às 16h00, Catarina Machado e Sandra Rodrigues. Às 17h30, a Casa do Miradouro recebe o quarteto Zé Almeida “Analogik”. O festival encerra com o concerto de New Max às 19h00 no Parque Aquilino Ribeiro. “Phalasolo” é o projeto apresentado pelo músico, conhecido pelo trabalho nos Expensive Soul.
O “Que Jazz É Este?” é organizado pela Gira Sol Azul e decorre em Viseu até 20 de julho. O festival é financiado pelo programa Eixo Cultura do Município e todas as atividades têm entrada livre, com apelo ao “donativo consciente”, com a organização a defender que “a cultura deve ser acessível, mas não gratuita por defeito”.