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Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) concluíram que o mau controlo da rinite e da asma, sobretudo quando associadas, pode fazer a produtividade no trabalho cair até 70%.

Em comunicado, a FMUP descreve que um grupo de investigadores avaliou dados de milhares de doentes em todo o mundo, concluindo que “um mau controlo da rinite alérgica e da asma prejudica a produtividade no trabalho, implica mais custos económicos e diminui significativamente a qualidade de vida”.

De acordo com os investigadores, em Portugal as perdas económicas podem atingir 180 euros por pessoa a cada semana.

Estas conclusões fazem parte de estudos publicados entre fevereiro e junho no The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice.

Um dos trabalhos, que calculou os custos anuais em 40 países de todo o mundo com dados de utilizadores de uma aplicação móvel gratuita (MASK-air), indica que o impacto da rinite e da asma se deve principalmente à redução da produtividade no trabalho (presentismo), frequentemente subestimada, e não a um aumento das faltas (absentismo).

“Ou seja, as pessoas vão trabalhar, mas não são tão produtivas devido aos sintomas respiratórios e não respiratórios”, concluíram os investigadores.

Segundo a FMUP, que cita no comunicado as conclusões da equipa de investigação, “as pessoas com rinite alérgica podem ser 40% menos produtivas em semanas com doença mal controlada, o que se traduz em perdas económicas na ordem dos 90 euros por pessoa e por semana, em Portugal”.

“Já doentes com rinite alérgica e asma podem sofrer perdas de produtividade na ordem dos 70%, o que representa perdas económicas na ordem dos 180 euros por pessoa e por semana”, acrescenta.

Dados deste ano do estudo Epi-Asthma – Prevalência e caracterização das pessoas com asma apontam que perto de 600 mil adultos sofrem de asma em Portugal e sete em cada 10 não têm a doença controlada.

Outro estudo do mesmo grupo, realizado em diversos países europeus, demonstra que os doentes com rinite e a asma mal controladas têm pior qualidade de vida.

Foram avaliados 7.905 utilizadores da mesma ‘app’ ao longo de 82.737 dias.

Os investigadores concluíram que os doentes mal controlados registam um decréscimo na qualidade de vida, num questionário (EuroQol-5D-5L) que avalia cinco dimensões: a mobilidade, a capacidade de autocuidados, as capacidades para as atividades da vida diária, a dor/desconforto e a depressão/ansiedade.

Ainda no que respeita à qualidade de vida, os investigadores deste grupo realçam que o mau controlo da rinite está particularmente associado a mais depressão/ansiedade e que o mau controlo da asma está mais relacionado com uma pior mobilidade.

Quando ambas as doenças não estão controladas, o impacto sente-se sobretudo com dor/desconforto e limitações nas atividades.

Um terceiro estudo, este publicado no Pediatric Allergy and Immunology, assinala que os adolescentes entre os 10 e os 17 anos de idade conseguem controlar melhor estas duas doenças respiratórias alérgicas do que os jovens adultos (entre 18 e os 26 anos) e do que os adultos (mais de 26 anos), mesmo com níveis semelhantes de adesão à medicação.

Os adolescentes apresentam menos alergias em geral, menos alergia ocular e menos sintomas de asma do que os outros dois grupos etários.

Esta série de estudos teve como autores Rafael José Vieira e Bernardo Sousa Pinto, ambos da FMUP, bem como outros vários investigadores desta faculdade e do RISE-Health, nomeadamente João Fonseca, Luís Azevedo, Ana Margarida Pereira, Diogo Nogueira-Leite, Francisco Rocha Gonçalves, Jorge Rodrigues, Luís Taborda Barata, e Jean Bousquet, do Fraunhofer Institute for Translational Medicine and Pharmacology ITMP, Allergology and Immunology, na Alemanha.

A MASK-air é uma aplicação móvel disponibilizada gratuitamente em cerca de três dezenas de países.

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