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Meia centena de profissionais de saúde reuniram-se esta quinta-feira (30 de junho) em vigília em Viseu. Em causa, está a falta de médicos de família.
A tutela só abriu três vagas para todo o Agrupamento de Centros de Saúde no último concurso de colocação.
Por isso, Inês Laia, médica no Agrupamento de Centros de Saúde Dão Lafões, disse que faltam abrir vagas para colocar clínicos que querem exercer medicina em regiões como Viseu.
“O nosso principal objetivo é sensibilizar a população para que percebam que a falta de médicos de família não se deve à má vontade dos médicos que cá existem e dos internos que querem continuar a trabalhar, mas sim da falta de vagas que tem havido nos últimos anos e principalmente este ano”, afirmou.
Inês Laia acrescentou que, depois das manifestações públicas nas redes sociais, esta vigília foi uma forma de “fazer chegar a informação também às entidades competentes e mostrar o desagrado da população”. A médica disse ainda que todos os médicos gostariam de continuar a trabalhar em Viseu, “mas neste momento não é possível que isso aconteça, o que é uma pena”.
Também Márcia Azevedo exerce medicina no Agrupamento de Centros de Saúde Dão Lafões. A clínica que trabalha em Tondela lembrou que os mais recentes dados dão conta que, só em Viseu, “há 9.811 utentes sem médico de família e não há nenhuma vaga para nenhum recém-especialista ficar alocado cá”.
Já Luís Duarte, que tem 30 anos, é médico especialista ainda sem futuro definido. Este profissional lamentou que mais de metade das vagas sejam agora destinadas para a região de Lisboa e Vale do Tejo.
“É certo que, lá, há muita falta de médicos de família, mas também em Viseu há utentes sem médico, o que quer dizer que nos estão indiretamente a tentar empurrar para Lisboa, deixando a descoberto muitos utentes de Viseu sem médico de família”, disse.
Se não tiver vaga no Serviço Nacional de Saúde, Luís Duarte garantiu que vai procurar solução no setor privado.
“À partida, já sei que não ficarei (no SNS). Tentarei ficar num dos centros de saúde mais próximos fora do distrito e estabeleci como limite uma hora de viagem por causa do preço do combustível, que já é muito caro. Contudo, se não tiver lugar, seguirei a minha vida no privado ou fazendo outra coisa qualquer no âmbito da medicina porque oportunidades não faltam”, vincou.
Outra médica que acabou o internato, Marília Lima, também acredita que, à partida, não vai ficar em Viseu “porque tenho alguns colegas à minha frente que também se formaram no ACES”. “Já fiz uma lista de vagas mais próximas de Viseu, há algumas na Guarda e no Douro Sul e vou ponderar”, disse também não escondendo que gostaria de ficar em Viseu.
“Pretendo manter no público, com as condicionantes de fazer uma hora de viagem para ir e outra para voltar. O privado vai ser a última solução, mas vamos tentar continuar no público. Devíamos ter vagas sabendo que há pessoas sem médico e que há médicos que estão para se reformar este ano e é uma injustiça pensar que queremos ficar e há carências, mas não há vagas para ficar e sermos obrigados a mudar de sítio”, acrescentou.
O presidente da Ordem dos Médicos do Centro associou-se à causa. Carlos Cortes reafirmou que Médicos: tutela não respondeu às carências dos centros de saúde, diz Ordem não faz qualquer sentido.
“Estamos aqui por uma causa justa, que é o de permitir que os médicos se possam fixar no SNS. Ora, o mapa de vagas que foi publicado pelo Ministério da Saúde não permite essa fixação”, disse.
Carlos Cortes critica o facto de, “apesar de haver médicos interessados em ficar em Viseu”, não houve nenhuma vaga aberta para a cidade num mapa “sem lógica nenhuma, tanto até nos cuidados de saúde primários, onde a situação é mais visível”. Uma situação que, acrescentou, também acontece noutros distritos da região Centro.
A vigília foi convocada em protesto contra o número diminuto de vagas para colocação de novos especialistas em Medicina Geral e Familiar na zona Centro no novo concurso, deixando a região ainda mais carenciada relativamente ao elevado número de utentes sem médico de família.