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Como todos os viseenses, tenho boas memórias da Feira de S. Mateus (FSM), dos encontros com os amigos, dos matraquilhos, da cinefilia num velho Auditório que havia atrás do palco, dos chocolates Regina, das…, é melhor parar por aqui, há que evitar um Olho de Gato demasiado confessional e nostálgico.
Fiquemo-nos por dois factos políticos recentes que, de tão absurdos, convém não esquecer:
— No ano passado, a FSM perdeu 194.684 euros. Quase 200 mil euros. Como é possível?! Que aconteceu àquela galinha de ovos de oiro?!
— Entre 2014 e 2020, a câmara de Viseu decidiu terminar a FSM uns dias antes de 21 de Setembro, isto é, durante sete anos o santo evangelista foi expulso da feira a que dá o nome.
Agora, a recordação de dois espectáculos musicais a que assisti na FSM há muuuiiitos anos:
— Algures pelos anos de 1980, não sei dizer o ano exacto, houve uma tentativa de “cancelamente” de Marco Paulo. Como “forma de luta”, os contestatários começaram a atirar moedas contra aquele vozeirão e os seus músicos, um dilúvio metálico, os mais abonados atiravam mesmo moedas de 25 escudos, bem grandes e pesadas. Só que Marco Paulo, um profissional a sério, não vacilou, continuou a cantar e a abanar os caracóis, não parou de baldear o microfone de uma mão para a outra e de afirmar os seus dois amores que em nada eram iguais. Os cromos esgotaram as “munições” e não conseguiram sabotar o espectáculo.
Nunca mais me esqueci da cara de gozo do baterista a encher metodicamente os bolsos com aquela “generosidade” viseense.
— Em Setembro de 1975, o palco da FSM recebeu a diva das divas – Amália Rodrigues. Naquele ano, as coisas estavam quentes no país e a rainha do fado era acusada de ser “fascista”. Essa contestação perturbava-a muito e isso notou-se em palco, apesar do carinho do público. Durante o espectáculo, Amália foi várias vezes salva pelo seu guitarrista, que terminava as linhas melódicas que ela “inconseguia”.
Depois deste ponto baixo na sua carreira, Amália renasceu, brilhou outra vez como estrela de primeira grandeza no país e no estrangeiro, e deixou de precisar de andar a cantar em feiras.
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