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Morte súbita cardíaca: o que podemos fazer para a evitar?

 Morte súbita cardíaca: o que podemos fazer para a evitar?
29.09.22
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 Morte súbita cardíaca: o que podemos fazer para a evitar?

No Dia Mundial do Coração é importante falar sobre a morte súbita de causa cardíaca, que corresponde a 20% de todas as mortes, um problema elétrico, causado por uma arritmia, que impede o coração de bombear sangue. Saiba o que pode fazer para o seu coração continuar a funcionar em pleno.

A morte súbita cardíaca de alguém próximo, familiar ou amigo, inesperada, sem contexto ou sem aviso, é uma das experiências sociais mais traumáticas e cruéis que nos podemos deparar na vida. A falta de aviso para algo tão irreversível é dilacerante, rouba um pouco de quem sobrevive e esse testemunho expõe um dos segredos médicos menos bem guardados e que vale a pena discutir: “estamos suspensos por fios”. Vejamos porquê:
Uma pequena região do nosso coração chamado nódulo sinusal (alguns poucos milímetros cúbicos de células) têm a destreza biológica de, pela entrada e saída de iões, gerar eletricidade, e desta forma manter a vida. Este sinal elétrico percorre em cerca de 120 milissegundos as duas aurículas, ativando-as, e depois continua no cabo elétrico que conduz o sinal para os ventrículos em mais 120 -200 milissegundos, o chamado feixe de His. A contração cardíaca só é possível se este sinal for gerado e for transmitido pelas paredes do coração, da mesma forma que a torradeira na nossa cozinha só funciona se o cabo elétrico estiver ligado na tomada.

O grande inimigo do coração é a calcificação do seu sistema elétrico e como pode isso ocorrer? Através de vários tipos de agressões que se podem traduzir por: aumento de pressão nas cavidades, como a hipertensão arterial, a cinética de funcionamento valvular anormal que gera sobrecarga permanente de volume ou hiperfluxo ou o exercício físico excessivo; o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, concentração exagerada de colesterol ou açúcar no sangue, mau funcionamento dos rins, perturbações no metabolismo do ferro, do cálcio, drogas recreativas ou prescritas, a lista é longa; fatores emocionais, associados a um estilo de vida “permanentemente ligado”, pouco sono, muita adrenalina, muito cortisol, muito estímulo; e fatores genéticas, os descendentes dos que tiveram morte súbita têm maior risco de vir a ter morte súbita.
A calcificação deste sistema elétrico provoca bloqueios na génese ou na condução do estímulo que é literalmente vital, perturbações que podem ser progressivas mas insidiosas (mais frequentes) ou súbitas e inesperadas.

Quando existe uma falha elétrica, há sistemas de backup geradores alternativos de urgência que na falha do principal avançam e mantém o coração a funcionar de forma lenta e durante algum tempo, permitindo que a pessoa com bradicardia extrema (batimentos cardíacos lentos) sobreviva ao bloqueio até encontrar ajuda, que neste caso será um pacemaker definitivo. Nestes casos é importante a procura de ajuda diferenciada.

Mas o que podemos fazer para tentar evitar esta situação? Fazer exames de forma regular, sobretudo acima dos 50 anos – o simples electrocardiograma é um bom começo. Viver de forma plena, mas de modo responsável, evitando todos os fatores de risco ou o maior número possível deles.
Afinal de contas, “estamos suspensos por fios”, mas cabe a cada um assegurar que eles não se entrelaçam e nos deixam cair. Cuide do seu coração!

 Morte súbita cardíaca: o que podemos fazer para a evitar?

Jornal do Centro

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