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Os trabalhos de pesquisa arqueológica e histórica realizados na Igreja Velha de Canas de Santa Maria e no espaço envolvente permitiram descobrir vários muros primitivos do antigo templo religioso, que se supõem ser do século XII, e vários locais de enterramento. Esta foi uma das conclusões dos trabalhos de pesquisa arqueológica e histórica que foram apresentados no último sábado (21 de setembro) naquela igreja do concelho de Tondela.
As seis sondagens arqueológicas realizadas colocaram ainda a descoberto os muros de delimitação do adro da igreja, além de azulejos hispano-árabes, moedas, instrumentos metálicos e fragmentos cerâmicos criados desde o século XIII até à idade contemporânea.
Já a pesquisa histórica revelou que as primeiras referências documentais do espaço religioso datam do século X, associando a localidade ao Mosteiro de Lorvão.
De acordo com a investigação, pode ler-se nas inquirições gerais de 1258 (assinadas por D. Afonso III) que D.ª Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, terá ordenado a construção de um templo dedicado a Santa Maria ou à Mãe de Cristo.
Os investigadores também encontraram referências ao templo na relação das igrejas, capelas e mosteiros existentes no bispado e diocese de Viseu em 1675, nas informações paroquiais coligidas pelo abade Manoel de Pinho Rebello e Seixas em 1758 e no orçamento de finais de 1933 para as obras de conservação na antiga Igreja Matriz de Canas de Sabugosa que, cinco anos mais tarde, sofreu uma derrocada na torre sineira.
As obras arrancaram no verão de 1968 por iniciativa da Comissão Fabriqueira de Canas de Sabugosa, que apoiava financeiramente e com materiais e era acompanhada pela Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais.
A Igreja Velha de Canas de Santa Maria foi intervencionada em 2019 num investimento de 198 mil euros por parte da Câmara de Tondela. Além dos resultados da pesquisa realizada, foi ainda apresentada uma exposição fotográfica com imagens da capela desde os finais da primeira metade do século XX até aos dias de hoje.
O vice-presidente da Câmara e vereador da Cultura, João Carlos Figueiredo, lembrou que Portugal dispõe de 810 monumentos nacionais e que a frontaria da Igreja Velha é o único monumento do município com esse reconhecimento, o que, segundo o autarca, aumenta a responsabilização dos atores locais na preservação e divulgação do património.
A fachada da Igreja Velha de Canas de Santa Maria é monumento nacional desde 1926.