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Patrícia Rosária, 43 anos, lidera o Núcleo de Andebol de Penedono há quatro meses
Foi há quatro meses que a vida de Patrícia Rosária recebeu um novo desafio. De vice-presidente do Núcleo de Andebol de Penedono passou a ser presidente depois da saída do até então líder. A liderança passou, assim, a ser feita no feminino. E daí para cá, Patrícia Rosária, de 43 anos, assume que teve de aprender a ganhar tempo. Entre família, trabalho e vida social, houve que gerir agendas.
As reuniões e a necessidade de se inteirar de tudo o que se passa num dos clubes mais relevantes do andebol distrital e regional obrigam a encaixar compromissos com mais organização. “Eu ajudava no que fosse necessário, estava lá, mas mais na sombra. Como presidente interina estou com outras funções. Tenho de comparecer a todas as reuniões, seja com o município, seja com associações. E a minha disponibilidade não é muita.
Ter uma loja com porta aberta, conciliar horários e gerir o tempo, não é fácil”, assume. Daí estar ainda a ponderar se avança na liderança da futura lista candidata às eleições no Núcleo de Andebol de Penedono (NAP). O ato eleitoral decorrerá no final da próxima época.
A este propósito, Patrícia reconhece que o tempo trouxe justiça ao desporto. “Hou-ve um aumento do número de mulheres atletas e também em cargos de liderança, nas associações. Mas há um longo caminho a percorrer”, frisa. Por isso, defende, quem habitualmente está nas lideranças deveria abrir mais caminho a que as mulheres possam chegar lá. “Os homens deveriam criar mais meios para dar mais espaço às mulheres. Quando se pensa em criar uma lis-ta, muitas vezes em cinco pessoas vemos uma mulher. Porque não pôr três ou quatro? As mulheres deveriam ser chamadas e sentirem-se incentivadas a desempenhar esses cargos”, sustenta Patrícia Rosária.
O orgulho de liderar um clube que é baluarte do andebol distrital e regional
Assumindo ser difícil ser juíza em causa própria, a presidente do NAP considera que como principais características enquanto líder, estão o ser trabalhadora, empenhada, responsável e ter sempre vontade de aprender. “Gosto muito de motivar e sou muito positiva e de dizer que para a frente é que é o caminho. Tenho, também, muita empatia com o próximo”, acrescenta.
Em jeito de mensagem e de incentivo, Patrícia pede às mulheres que nunca desistam de tentar alcançar sonhos. “Não desmotivem. O caminho é esse e só assim vamos ter mulheres em competição e na liderança”, reforça. Dentro ou fora do desporto, a presidente do NAP diz não ter dúvidas de que a mulher é tão ou mais competente do que o homem para desempenhar seja que função for. “Temos de ser resilientes, fortes e continuar a desbravar caminho”, apela.
O facto de ser a mulher que hoje lidera o clube é, para Patrícia Rosária, “um orgulho”.
“Foi um acaso bom estar uma mulher no lugar de vice-presidente e agora assumir a presidência. Tenho visto outros clubes também com mulheres à frente. As mulheres começam a dar cartas no desporto, também”, frisa. Patrícia Rosária reconhece que no NAP o andebol é dominado por jogadores homens, mas este ano, o clube de Penedono deu uma nova esperança ao desporto no feminino. “Formámos uma equipa feminina, com atletas até aos 12 anos”, destaca a presidente. A equipa tem, por agora, 12 atletas inscritas.
Líder do NAP é proprietária de uma loja de peças automóveis
Patrícia Rosária lembra que Penedono é “um meio muito pequeno” e, por isso, “com falta de pessoas”. “O facto de mantermos tantos escalões e agora ter uma equipa feminina é de realçar”, sustenta. Na direção há ainda um outro elemento do sexo feminino e mais dois homens. Há, portanto, agora, uma paridade total. E quando questionamos a presidente interina sobre as principais qualidades de uma liderança no feminino, a resposta não tarda em chegar. “As mulheres são muito ágeis, conseguem fazer muitas coisas ao mesmo tempo. É maravilhoso. E são mais sensíveis em muitos pontos”, enumera.
A liderar um clube maioritariamente masculino, Patrícia é, fora do desporto, proprietária de uma loja de peças automóveis há 23 anos. Um ramo também maioritariamente apreciado por homens. “Por enquanto não tenho nas minhas oficinas nenhuma mulher mecânica”, lamenta.
E em casa, os homens continuam em maioria. Patrícia Rosária é mãe de dois rapazes. “Eu costumo dizer que a minha vida é estar rodeada de homens. É no trabalho, é em casa”, diz. O filho mais velho tem 21 anos, o mais novo tem 15. “Transmiti sempre aos dois os valores da lealdade, do cuidado, empatia. Modéstia à parte, acho que fiz um bom trabalho porque todas as pessoas que lidam com eles me dizem que são miúdos espetaculares e com valores. E isso é o que mais importa, para mim”, frisa.
Os valores que passa aos filhos, luta para que sejam também passados no clube. “Não queremos só ganhar. É preciso que o clube seja parte da educação deles”, resume.
Clube que celebra andebol em Penedono nasceu há 27 anos
Quatro meses depois de ter decidido dizer sim ao desafio de liderar o NAP, Patrícia Rosária considera que foi uma boa decisão. “É uma mais valia lidar com todos estes jovens. Cada um à sua maneira, ao seu jeito, uns mais carinhosos, outros menos. É bom fazermos parte dessa associação. Somos uma família”, destaca. A presidente do NAP defende que o desporto pode e deve passar os valores da igualdade entre sexos. “É preciso que haja uma total igualdade de direitos e de poderem competir ao mesmo nível. O nosso desporto feminino está a evoluir muito e vemos muitas mulheres a dar cartas”, enfatiza.
No clube agora há só uma equipa feminina. No futuro, logo se verá. A jogar andebol com o símbolo do NAP existe equipa sub-12 feminina e masculina, sub-14, sub-16 e sub-18 masculinos. Nas fileiras do NAP estão também manitas e bâmbis, jogadores com idades entre os cinco e os sete anos. Contas feitas, há mais de 50 atletas a jogar andebol pelo Núcleo.
Penedono um dos concelhos do distritos de Viseu com menos população
Haver um clube de uma modalidade, que não o futebol, a dar cartas num povoado com poucas pessoas, é, para a presidente do NAP, um dado relevante. “Angariar jovens não é fácil. Os pais nem sempre têm disponibilidade horária. E o concelho tem um inconveniente: a falta de transportes públicos, que possam trazer e levar os jogadores. O autocarro passa muito cedo de manhã para levar os meninos que vão estudar para outros concelhos a partir do 10° ano de escolaridade. Durante o dia, não há autocarros. À noite há um autocarro que traz de volta esses estudantes. Ao fim de semana não há nenhum.
Os alunos que estudam até ao 9° ano têm transporte escolar municipal”, lembra a líder do NAP. Patrícia Rosária enaltece também que o clube não deixa “ninguém em terra” e transporta os jogadores para os treinos no pavilhão. O jogador mais novo a representar o NAP tem seis anos, o mais velho vai fazer este ano 18. “Vamos ter vários a deixar o clube este ano por atingirem o limite de idade”, lamenta. Como mãe ainda verá o filho mais novo durante algum tempo com as cores do Núcleo penedonense vestido. “Tem 15 anos e joga nos sub-16 e sub-18”, remata. Por Penedono, desde 1998 que se troca a bola no pé por uma bola na mão.
Clube desportivo de referência do concelho é filiado na Associação de Andebol de Viseu.