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Os primeiros seis meses de 2025 foram particularmente preocupantes no que respeita à sinistralidade rodoviária no distrito de Viseu. Entre janeiro e junho, mais 3.050 acidentes, o que representa uma média de 110 ocorrências por semana.
Os dados apontam ainda para seis vítimas mortais e mais de meia centena de feridos graves resultantes destes sinistros. As semanas de maio e junho destacaram-se pelo aumento do número de acidentes, coincidindo com o maior volume de tráfego associado a eventos e condições atmosféricas variáveis.
As piores semanas do semestre foram entre 24 de fevereiro e 7 de março, com a ocorrência de duas vítimas mortais, o acidente que tirou a vida a dois jovens estudantes universitários do Sátão, e entre 26 de maio e 1 de junho, onde, apesar de não se registarem mortos, aconteceram 144 acidentes, o número semanal mais elevado do ano até agora.
Campanha duas rodas
As autoridades locais reforçam o apelo para uma condução segura, através de campanhas entre elas a que está já na estrada desde terça-feira e que se intitula “”2 Rodas: Agarre-se à Vida”.
Esta é a sétima das 11 campanhas de sensibilização e de fiscalização planeadas para este ano no âmbito do Plano Nacional de Fiscalização (PNF) e é lançada em parceria pela Polícia de Segurança Pública (PSP), Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e a Guarda Nacional Republicana (GNR.
Este ano a campanha de segurança rodoviária estende-se até à próxima segunda-feira.
Em comunicado, as autoridades adiantam que a campanha visa alertar os condutores de duas rodas a motor, para uma condução segura, cumprindo as regras do Código da Estrada e evitando comportamentos de risco como condução sob influência do álcool, excesso de velocidade e utilização incorreta dos dispositivos de segurança.
A campanha integra ações de sensibilização da ANSR em todo o território, bem como operações de fiscalização da PSP e da GNR, especialmente em vias e acessos com elevado fluxo rodoviário.
As autoridades alertam que os utilizadores de motociclos e de ciclomotores, quando envolvidos em acidentes rodoviários, têm um risco mais elevado de sofrer consequências graves do que as pessoas que circulam em outros veículos.
“Este risco deve-se à sua vulnerabilidade por não possuírem a proteção do habitáculo”, lê-se no comunicado.
O uso de capacete de modelo homologado “devidamente apertado e ajustado, reduz em 40% o risco de morte em caso de acidente”, acrescentam.
Também é recomendada a utilização de outros equipamentos de proteção, nomeadamente luvas, botas, blusão com proteções, calças com proteção CE e ‘airbag’, uma vez que “contribui para reduzir a gravidade das consequências em caso de acidente”.
“A sinistralidade rodoviária não configura uma fatalidade e as suas consequências mais graves podem ser evitadas, através da adoção de comportamentos seguros na estrada”, frisam.
Portugal entre os países com pior desempenho
E de acordo com o Conselho Europeu de Segurança e Transportes (ETSC), Portugal está entre os países europeus com pior desempenho na redução da mortalidade rodoviária, que praticamente estagnou na última década.
O relatório anual do Índice de Performance de Segurança Rodoviária (PIN) indica que Portugal registou uma redução de 0,6% no número de mortos na estrada entre 2014 e 2024, passando de 638 para 634 mortes.
Ao longo da última década, o número de mortes nas estradas portuguesas praticamente estagnou, contrastando com os progressos registados pela maioria dos Estados-membros da União Europeia, precisa o documento.
Este desempenho coloca Portugal numa posição preocupante quando comparada com a média europeia, que conseguiu uma diminuição de 17,2% no mesmo período.
O ETSC é uma organização independente e sem fins lucrativos dedicada à redução do número de mortes e ferimentos nos transportes na Europa, da qual faz parte a Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP).
O organismo, que ressalva que os dados referentes a Portugal são provisórios, indica que no ano passado morreram nas estradas portuguesas 634 pessoas, uma ligeira descida face às 642 vítimas de 2023, representando uma redução de apenas 1,2%.
“Estes valores ficam muito aquém da redução anual de 6,1% necessária para atingir a meta europeia de diminuir as mortes rodoviárias em 50% até 2030”, indica o índice.
A taxa de mortalidade rodoviária portuguesa situa-se nos 60 óbitos por milhão de habitantes, superior à média da União Europeia, que se fixa nos 45 mortos por milhão de habitantes.
De acordo com o relatório, esta diferença sublinha o fosso existente entre Portugal e os países com melhor desempenho em segurança rodoviária, como a Noruega (16 mortes por milhão) e a Suécia (20 por milhão).
O ETSC refere que no ano passado se registaram 20.017 mortes nas estradas da UE, uma diminuição coletiva de 2% em relação a 2023, “ficando muito aquém da redução anual de 6,1% necessária para alcançar a meta da UE de uma redução de 50 % até 2030”.
“Apenas a Lituânia reduziu para metade o número de mortes nas estradas na última década. Dezasseis outros países obtiveram reduções acima da média da UE de 17%, incluindo a Bélgica e a Noruega. No entanto, sete países experimentaram aumentos, como Israel e Holanda”, enquanto Portugal praticamente estagnou, indica o mesmo documento, divulgado pela Prevenção Rodoviária Portuguesa.
Além da estagnação no número de mortes, o índice mostra que Portugal enfrenta “um agravamento preocupante no que respeita aos feridos graves”, que aumentam 24,4% entre 2014 e 2024, uma tendência que contraria “os esforços europeus de redução da sinistralidade”.
O PIN do Conselho Europeu de Segurança nos Transportes indica ainda que este indicador revela que, mesmo quando os acidentes não resultam em morte, a gravidade das lesões tem vindo a intensificar-se.
Face a estes resultados, a PRP alerta, em comunicado, para a necessidade de Portugal reforçar o investimento em segurança rodoviária e acelerar a implementação de medidas preventivas, frisando que “a estagnação dos últimos dez anos não pode continuar se o país pretende alinhar-se com os padrões europeus e cumprir os compromissos assumidos no âmbito das políticas comunitárias de transportes”.
“O relatório PIN 2025 serve como um alerta inequívoco: sem uma mudança de paradigma na abordagem à segurança rodoviária, Portugal corre o risco de ficar progressivamente mais distante dos seus parceiros europeus na proteção dos cidadãos nas estradas”, refere a vice-presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, citada no comunicado.
A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) entregou em 2023 ao Governo socialista a Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária – Visão Zero 2030, que tem como meta a redução em 50% do número de mortos e feridos graves na estrada até 2030, documento que transitou para o anterior executivo da AD, mas até hoje não foi aprovado.