Autor

Joaquim Alexandre Rodrigues

04 de 05 de 2024, 10:00

Colunistas

O flagelo Marcelo e um conselho a Pedro Nuno Santos

Artigo publicado na edição impressa do Jornal do Centro de 3 de maio

joaquim alexandre

1. Eis um filme já muitas vezes tratado aqui no Olho de Gato: nos
primeiros mandatos, preocupados com a sua reeleição, os presidentes da
república funcionam como uma espécie de sacristãos dos
primeiros-ministros e a seguir, nos segundos mandatos, os PR exercem os
seus poderes sem contemplações.
Tudo começou em 1982, quando um desconfiado Ramalho Eanes fez questão
de informar o país que estava a gravar os encontros com Pinto
Balsemão, o PM de então.
Depois as coisas nunca mais pararam. Eis o histórico das relações
entre Belém e S. Bento, já aqui publicado mais do que uma vez:
— entre 1986 e 1991, preocupado com a sua reeleição, o PR Soares fez
os fretes todos ao PM Cavaco; a seguir, no segundo mandato, o PR Soares
infernizou a vida do PM Cavaco;
— entre 1996 e 2001, preocupado com a sua reeleição, o PR Sampaio
fez os fretes todos ao PM Guterres; a seguir, no segundo mandato, o PR
Sampaio infernizou a vida do PM Durão Barroso e correu com o “menino
guerreiro”;
— entre 2006 e 2011, preocupado com a sua reeleição, o PR Cavaco fez
os fretes todos ao PM Sócrates; a seguir, no segundo mandato, o PR
Cavaco correu com o PM Sócrates, levou o PM Passos ao colo e exigiu
papéis assinados à Geringonça;
— entre 2016 e 2021, preocupado com a sua reeleição, o PR Marcelo
fez os fretes todos ao PM Costa; a seguir, no segundo mandato, o PR
Marcelo flagelou o PM Costa e já está também a tratar da vida do
“rural” PM Montenegro.
Para evitar esta esquizofrenia institucional, em que nos primeiros cinco
anos temos PR de menos e nos segundos cinco anos temos PR de mais,
defendo há muito um mandato único de sete anos para a presidência da
república.

2. Marcelo Rebelo de Sousa, ao mesmo tempo que desperfilhava o dr. Nuno
Rebelo, decidiu perfilhar um dos dogmas centrais da religião woke, o
que determina que todos os males passados, presentes e futuros do mundo
são culpa do homem branco, dos filhos do homem branco e dos filhos dos
filhos do homem branco.
Deixo aqui um conselho a Pedro Nuno Santos: não se meta neste atoleiro
das “reparações coloniais”, não condene a esquerda democrática
à irrelevância política.