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22 de 04 de 2021, 15:47

Diário

Carta aberta pede Jorge Sobrado "de volta"

Movimento Viseu Agora quer refletir sobre evolução da cidade nos últimos anos, com a colaboração do vereador da Câmara

Jorge Sobrado

Mais de 20 figuras assinaram uma carta aberta onde se mostram preocupados com o futuro da cidade de Viseu e apelam à disponibilidade do ex-vereador da Cultura na Câmara, Jorge Sobrado.

Na chamada Carta da Primavera, divulgada esta quinta-feira (22 de abril), os signatários propõem uma reflexão e “pensar no percurso que a cidade começou nos últimos anos e na sua evolução” e realçam o desenvolvimento que Viseu teve em áreas como a cultura, o património, a inclusão social, a democracia participativa e o turismo, além da “capacidade de cativar talentos de fora da cidade e de impulsionar talentos locais”.

Um progresso que, entendem, “é evidente não apenas para os que vivem em Viseu, mas para aqueles que, de fora, observam a cidade”.

“Quando ao olhar para a cidade de Viseu reconhecemos uma face mais humanista, plural e oxigenada, criativa e inovadora, aberta à região, ao país e a novas sensibilidades e tendências, devemos pensar no percurso que a cidade começou nos últimos anos e na sua evolução”, escrevem.

As figuras que assinam a carta aberta, ligadas sobretudo ao setor da cultura, acrescentam que, nos últimos anos, houve do lado da Câmara de Viseu “interlocutores esclarecidos e curiosos, provocadores, sensíveis à novidade e ao desenvolvimento humano”.

“Durante os últimos anos, pudemos testemunhar como não só o que uma pessoa faz importa, como importa também o que uma pessoa provoca nos outros. E os últimos anos na cidade de Viseu são um exemplo de inspiração e estímulo ao desenvolvimento de um conjunto de novos e importantes projetos, e preparados atores que se vêm afirmando no contexto nacional nas mais diversas áreas”, referem acrescentando que o projeto liderado pelo ex-presidente da autarquia, Almeida Henriques, foi “desde o princípio e muitas vezes esperançoso”.

Com a recente morte do autarca, os signatários da Carta da Primavera não escondem a preocupação com o que consideram haver uma “profunda incerteza sobre o projeto de desenvolvimento da cidade e do concelho”.

“Agora, dos avanços apontados não poderemos abdicar, enquanto cidade. É por isso que, agora, juntamos ao apelo por uma reflexão profunda sobre a transformação da cidade nos últimos anos, o apelo à disponibilidade de um dos seus mais relevantes atores e intérpretes: Jorge Sobrado. O futuro de Viseu reclama, agora, que os seus melhores digam presente”, apelam argumentando que o vereador da Câmara, agora com pelouros não-executivos, contribuiu para um “rejuvenescimento de uma vontade local, plural e sem amarras”.

As personalidades autoras da carta concluem o documento dizendo que estão “firmes na convicção de que é urgente o reencontro, o debate e o pensamento da cidade” e também “confiantes em que caminhos positivos e transformadores numa cidade em movimento não podem ser fechados agora e que o bom trajeto de Viseu não deve ser interrompido”.

Entre os signatários, constam os músicos Pedro Abrunhosa, Samuel Úria e Luís Clara Gomes, o encenador Ricardo Pais, o chef Diogo Rocha, os empresários Margarida Cardoso, António Amorim, Sónia Marques, Luís Abrantes e Pierre de Lemos, a artista plástica Graça Abreu, o arqueólogo Pedro Sobral, e a professora e encenadora Florbela Sá Cunha.

Também assinaram a carta Paula Cardoso, ex-diretora do Museu Nacional Grão Vasco; o médico Jorge Reis, ex-diretor do Hospital de Viseu; Nuno Leocádio, programador cultural ligado ao espaço Carmo’81; José Carlos Sousa, diretor do Conservatório Regional de Música de Viseu; Miguel Esteves Almeida, coordenador técnico da Federação de Folclore Português; Firmino Toipa, conhecido como o último moleiro tradicional de Vildemoinhos; e António Guerreiro Madeira.

Em declarações ao Jornal do Centro, o ator e porta-voz do movimento Viseu Agora, Guilherme Gomes, afirma que o objetivo deste grupo passa por “criar um espaço de reflexão e discussão sobre o projeto dos últimos anos, a transformação positiva que Viseu sofreu e a necessidade de manutenção dessas alterações”.

“Fazemos um apelo para que Jorge Sobrado se disponibilize pelo menos para refletir sobre possíveis soluções para a Viseu futura. Esta carta está associada ao movimento cívico Viseu Agora, que é assim chamado no sentido de se confundir a palavra Agora com ágora, que é no fundo o objetivo principal desta carta. Neste momento, por enquanto, a carta é apenas isso”, diz.

Guilherme Gomes reafirma que o movimento quer pugnar pelo “reconhecimento de um projeto bastante positivo que foi levado a cabo em Viseu nos últimos anos” e exige que “esse projeto não seja posto em causa, tendo em conta o momento sensível que o inesperado desaparecimento de Almeida Henriques provoca”.

Florbela Sá Cunha também defende o legado de Jorge Sobrado à frente do pelouro da Cultura na Câmara de Viseu. A atriz e encenadora da companhia de teatro Grupo Off acredita que se trata de um percurso que, a seu ver, não pode ser interrompido.

“Quero estar ao lado de uma pessoa que muito fez pela cidade e pela cultura. A cultura em Viseu teve um avanço nunca visto com Jorge Sobrado e eu tinha de apoiar alguém que teve ideais e esteve ao lado. Ele e Almeida Henriques deixaram-nos um legado que tem de ser continuado e isso é um dado adquirido”, afirma.

O movimento Viseu Agora nasceu “da afirmação livre de uma vontade de cidadãos interessados no presente e futuro do concelho de Viseu, no atual contexto de incerteza local” e é de iniciativa “cívica, apartidária e transversal” pretendendo mobilizar a sociedade viseense, pode ler-se no seu site.

Contactado pelo Jornal do Centro, Jorge Sobrado garantiu que iria reagir mais tarde ao manifesto. O vereador da Câmara de Viseu considerou que este é o tempo de ler a carta e que, só depois, a vai analisar e se vai pronunciar.