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23 de 10 de 2021, 08:02

Diário

Em 100 anos foram produzidas 2071 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono

Nos últimos 100 anos, foi emitido para a atmosfera mais de 85 por cento do dióxido de carbono registado desde 1750. Este composto é, atualmente, um dos principais causadores das alterações climáticas

CO2

Entre greves ambientais, manifestações pelo clima e medidas governamentais ‘mais verdes’, as questões climáticas estão na ordem do dia por todo o mundo e os conceitos que com elas são propagados tornam-se comuns ao ouvido de cada um de nós.
O dióxido de carbono, ou CO2, é um desses conceitos e que muitos ouvimos ainda falar na escola. Este é o principal gás de efeito de estufa causador das alterações climáticas e, em Portugal, a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável alerta que cada português emite, em média, 6,5 toneladas deste composto por ano.
Num panorama alargado à escala mundial, a nova ferramenta lançada pela Sky News, “How much carbon dioxide has been produced since you were born?” (Quanto dióxido de carbono foi produzido desde que nasceu?”), deixa-nos saber a quantidade de dióxido de carbono que tem vindo a ser lançada para a atmosfera a partir de qualquer ano ou, como sugere, desde o ano do nosso nascimento.
Quando utilizamos a ferramenta percebemos que, na última década, foram emitidos mais de 370 mil milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera. Deste valor, 86 por cento são provenientes dos combustíveis fósseis, e os restantes 14 por cento da agricultura. Estas toneladas representam 15,3 por cento do total de dióxido de carbono libertado desde 1750, momento em que se iniciaram registos.
Recuamos também até 2001. A percentagem de dióxido de carbono emitido ao longo destes 20 anos representa, no total, 29,7 por cento. Este valor traduz-se em quase 718 mil milhões de toneladas deste composto químico, distribuídos pelo setor dos combustíveis fósseis (612.7 mil milhões de toneladas) e pelo setor da agricultura (105.2 mil milhões de toneladas).
Em 50 anos, desde o ano de 1971, as mais de 1478 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono lançadas para a atmosfera traduzem-se em 61,2 por centro do total de dióxido de carbono já registado ao longo da história. Mais uma vez, distribui-se pelos setores dos combustíveis fósseis e da agricultura que são os mais poluentes.
Já nos últimos 100 anos, desde 1921, foram produzidas 2071 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, o que representa 85,9 por cento do total registada desde o início da revolução industrial no século XVIII. Ou seja, no espaço de 171 anos que decorreram entre 1750 1921, foi produzido 14,1 por cento do dióxido de carbono já registado.
Historicamente, a emissão desafogada de dióxido de carbono começou em 1750 com a revolução industrial. Nesta nova ferramenta, conseguimos saber um dado bastante curioso: até 1850 – cem anos depois do início deste processo – foi produzido apenas 0,2 por cento do total de emissões de dióxido de carbono contabilizadas até à atualidade.

E em Portugal?
No contexto português, os dados disponibilizados pela PORDATA mostram que, em 2019, foram produzidas 60 348,8 toneladas de dióxido de carbono, com origem fóssil e na biomassa (matéria orgânica de origem vegetal ou animal utilizada com o objetivo de gerar energia). Este número é o mais baixo do período 2010 – 2021, embora o dióxido de carbono com origem na biomassa apresente o valor mais alto do mesmo período (9 947,3 toneladas).
No mesmo ano, os dados lançados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) demonstraram que os setores dos transportes (28 por cento) e da produção e transformação de energia (20,5 por cento) são os que mais emitem dióxido de carbono para a atmosfera. A combustão por parte da indústria e o setor dos processos industriais e uso de produtos são os setores que se seguem, a representarem, respetivamente, 12,4 por cento e 12,1 por cento do dióxido de carbono produzido em território português no ano de 2019.
Por fim, encontram-se os outros quatro setores que, em conjunto, agregam 27,1 por cento do dióxido de carbono emitido. São eles os setores dos resíduos (7,2 por cento), a agricultura (10,8 por cento), as emissões fugitivas (1,9 por cento) e outros (7,2 por cento).
Nos dados recentes do Índice Futuro Verde 2021, uma avaliação global lançada pela MIT Technology Review, Portugal é um país que mais tem contribuído para as emissões de carbono, na Europa. Numa lista de 79 países, Portugal ocupa a 65.º posição. Já nas políticas climáticas o país destaca-se ao estar na 17.ª posição.
O compromisso de Portugal é, através da integração no Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) de 45 a 55 por cento, em relação a 2005, incorporar as energias renováveis e aumentar a eficiência energética em 35 por cento. O plano apresenta também metas por setores.

Mas o que é o dióxido de carbono?
O dióxido de carbono (CO2) é um dos gases que constitui a atmosfera terreste. De entre as suas funções, a mais importante é a de regular a temperatura do planeta e garantir a existência de diversos ecossistemas. Além do CO2 libertado e absorvido pela atmosfera através do ciclo natural do carbono, as emissões de dióxido de carbono provêm, por exemplo, da queima de combustíveis fósseis como o petróleo, o carvão ou o gás natural, da produção de energia e dos transportes.
O aumento das emissões de carbono deu-se paralelamente ao crescimento económico dos países e com a maior instalação de fábricas e indústrias pesadas, grandes responsáveis pela poluição ambiental mundial.