Diogo Paredes

16 de 10 de 2023, 09:30

Diário

Oitava Conferência das Ordens contou com antigo ministro num debate sobre o presente e o futuro do país

A degradação da cultura política e a criação de uma “Ágora do conhecimento”. Evento contou com Miguel Poiares Maduro e representantes de quatro Ordens

VIII Congresso das Ordens Miguel Poiares Maduro

Fotógrafo: Diogo Paredes

O antigo ministro português Miguel Poiares Maduro participou na oitava Conferência das Ordens, cujo mote foi “A causa das Causas: por que razão não fazemos o que deve ser feito”. O evento decorreu no Auditório Mirita Casimiro, e contou com representantes de quatro Ordens: Engenheiros, Advogados, Arquitetos e Médicos.

Na noite de sexta-feira, o antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional do governo de Pedro Pessoas Coelho foi o primeiro interveniente da conferência, onde procurou explicar, de um modo geral, quais as causas que podem ter contribuído para o atual estado do país, com maior foco no contexto económico e social. Seguiu-se depois um debate que contou com Francisco Mendes da Silva (Ordem dos Advogados), Manuel Teixeira Veríssimo (Ordem dos Médicos), Carlos Figueiredo (Ordem dos Arquitetos) e ainda Ricardo Campos (Ordem dos Engenheiros). A jornalista Dalila Carvalho foi a responsável pela moderação do debate.

De entre os possíveis fatores para a estagnação do país, Miguel Poiares Maduro considerou o nível de educação, a fraca transferência de conhecimento, o elevado esforço fiscal das empresas e o fraco investimento público em percentagem do Produto Interno Bruto como algumas das principais causas. Já em relação às instituições portugueses, de entre elas as pertencentes ao Estado, o antigo ministro considerou que estas pecam por favoreceram o nível de proximidade em vez do mérito, por manterem uma cultura de desconfiança, por serem opacas e assim fugirem à responsabilidade política e ainda por terem alguns grupos sub-representados.

Já em relação aos problemas na área da saúde, Manuel Teixeira Veríssimo assumiu que o Serviço Nacional de Saúde “não se soube ir adaptando com o tempo”, tendo os hospitais “a mesma organização que tinham quando foi formado o SNS”. Tendo em conta o aumento da esperança média de vida e as melhorias na qualidade de vida das pessoas mais velhas com o passar das décadas, o médico acredita ainda que a classificação de pessoa idosa deveria ser aumentada para os 75 anos, em vez dos 60 ou mais conforme classificação da Organização Mundial de Saúde.

Francisco Mendes da Silva falou numa degradação da cultura política e da polarização da mesma, dando como exemplos as quezílias recentes em torno da redução do IRS e o debate sobre as Parcerias Público-Privadas na Saúde (PPP’s).

“Chega a um momento em que há mais pessoas a pensar ‘estas regras não são boas para mim’, e para que a ordem liberal – estado de direito e liberdades conquistadas – sobreviva, as pessoas têm de acreditar que as regras são boas para si, independentemente dos resultados que delas advenham”, explicou o representante da Ordem dos Advogados.

Por seu lado, Ricardo Campos considerou que é preciso “criar uma Ágora que reúna o conhecimento académico e científico com as empresas e a administração pública”, para que novos objetivos e caminhos possam ser definidos a longo prazo. O engenheiro civil tomou a transição energética como a área na qual Portugal deveria apostar futuramente.