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19 de 09 de 2023, 11:50

Diário

Viseu tem mais casas vazias do que habitação pública, diz plataforma Já Marchavas

Movimento lançou manifesto contra os elevados preços da habitação a pouco mais de uma semana de organizar uma nova manifestação pelo direito à casa

Ramo imobiliário casas e apartamentos

Fotógrafo: Igor Ferreira

O movimento Já Marchavas lançou um manifesto onde deixa críticas ao aumento dos preços da habitação em Viseu. A plataforma, que vai organizar no próximo dia 30 de setembro uma manifestação pelo direito à casa e contra os elevados custos, acusa também a Câmara de promover a especulação imobiliária no centro histórico da cidade.

Esta é a segunda manifestação organizada este ano pelo Já Marchavas sobre o acesso à habitação em Viseu. A primeira, organizada em abril, juntou mais de meia centena de pessoas.

No manifesto, o movimento diz que há cinco vezes mais casas vazias do que habitações públicas ou de cooperativas na cidade de Viseu.

Segundo o Já Marchavas, a Estratégia Local de Habitação identificou 108 situações de “edifícios não licenciados, barracas, acampamentos clandestinos e outras formas de alojamento precário ou improvisado” e 1.121 pessoas a viver em condições indignas, bem como 89 famílias a viver em casas que não garantem as condições mínimas de habitabilidade.

Também na Estratégia Local, acrescenta a plataforma, constam 250 pedidos de habitação à empresa municipal de habitação social, a Habisolvis, dos quais 193 são “prioritários”.

“Em contraponto, o Município de Viseu tem sido voz ativa na promoção dos milhões acumulados em transações especulativas no Centro Histórico, bem como na 'pujança' do mercado imobiliário”, pode ler-se no manifesto.

O Já Marchavas recorda que, entre 2018 e 2022, as rendas de novos contratos na cidade aumentaram 54 por cento e que, nos últimos meses, os preços não têm parado de subir. A plataforma cita vários dados e refere, por exemplo, que Viseu foi a capital de distrito onde o preço do arrendamento mais subiu no primeiro trimestre deste ano, com um aumento de 17,6%.

no último mês de agosto, Viseu foi a capital de distrito onde os preços das casas mais subiram, com um aumento de 3,5% face a julho. Na região, o preço mediano de um T2 aumentou 52% entre o segundo trimestre de 2019 e 2023.

Também o preço médio de um quarto para estudantes em Viseu aumentou 18% e o número de habitações disponíveis baixou 53% entre setembro de 2021 e 2023.

O Já Marchavas também diz que a cidade é “a prova que construir, só por si, nada resolve”, lembrando que Viseu está no “pequeno grupo de municípios com mais de 500 fogos habitacionais a entrar em licenciamento no ano de 2022”.

“No primeiro trimestre deste ano Viseu constava no 'top' de concelhos com o oitavo lugar nacional em número de novos licenciamentos. O parque habitacional mostra já ter aumentado, desde 2011, em cerca de 5%. Apesar destes dados, os preços não param de aumentar e, só em Viseu, existiam 3.461 alojamentos vagos em 2021”, acrescenta o manifesto.

O Já Marchavas reivindica medidas como a imposição de tetos máximos às rendas, limites no aumento das prestações do crédito à habitação, proibição temporária da venda de imóveis a fundos estrangeiros e soluções públicas de arrendamento social, acessível e de emergência que, em Viseu, representa “pouco mais de 1%” da oferta habitacional.

Os manifestantes também vão exigir mais residências para estudantes a preço acessível e soluções de habitação cooperativa, que o Já Marchavas considera ser uma solução para resolver parte da crise no setor.

A manifestação em Viseu tem início às 15h00, na Rua Formosa.