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Nova praceta entre a Rua Direita e a Rua Escura divide opiniões

Se, por um lado, há quem defenda a construção deste novo acesso à Rua Escura, permanece a dúvida sobre uma nova praceta que pode ser “apenas cosmética”. Fernando Ruas quer ligação direta da Avenida Capitão Silva Pereira à Sé

Diogo Paredes
 Nova praceta entre a Rua Direita e a Rua Escura divide opiniões
08.03.25
fotografia: Jornal do Centro
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 Nova praceta entre a Rua Direita e a Rua Escura divide opiniões
08.03.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 Nova praceta entre a Rua Direita e a Rua Escura divide opiniões

A Câmara Municipal de Viseu desmontou a fachada de um edifício, na Rua Direita, cujo interior estava em ruínas. O município pretende agora construir uma praça pública no interior da Rua Direita, entre a principal artéria do centro histórico, a Rua Escura e a Rua das Quintãs.

O objetivo deste projeto é “dar vitalidade àquela artéria da cidade criando um espaço de lazer e convívio para usufruto da comunidade”, assumiu o município ao Jornal do Centro. No local, cuja fachada foi já desmontada, decorrem atualmente obras de limpeza e demolição das ruínas, “de forma a permitir a elaboração do levantamento topográfico e posteriores projetos”.

O edifício encontra-se na zona especial de proteção da Sé de Viseu, na interseção da Rua do Gonçalinho com a Rua Direita, pelo que a Câmara Municipal teve de pedir um parecer à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro. O pedido deu entrada na CCDR em dezembro de 2023 e teve como resposta um parecer positivo condicionado do Património Cultural, em abril do ano passado.

“Considerando (i) o estado de ruína do imóvel, (ii) a viabilidade genérica do novo projeto para o local por parte deste Instituto e da CCDRC, (iii) o facto de estar previsto o desmonte controlado de estruturas, que apresentam risco de queda, que permita a limpeza de vegetação para a realização dos futuros trabalhos de diagnóstico arqueológico prévios e (iv) os objetivos meritórios da reconversão dos espaços de logradouro, enquanto jardim público, aprovo o desmonte da referida fachada principal”, afirmou a CCDR Centro.

Embora a fachada do edifício tenha sido desmontada para, ainda de acordo com a CCDR, permitir a passagem de veículos, “a mesma foi numerada para posterior remontagem e integração no projeto”. Ainda de acordo com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, está contemplado o “acompanhamento arqueológico”, cujo objetivo é a “caracterização arqueológica e patrimonial prévia do alçado principal de edifício localizado na Rua Direita (a desmontar), assim como a caracterização estratigráfica e arqueológica do subsolo da área correspondente à execução dos trabalhos”.

Com um valor de adjudicação de 179 mil e 900 euros, a obra de demolição e limpeza conta com um prazo de execução de 90 dias. A fiscalização, a coordenação de segurança e o acompanhamento ambiental da empreitada estão a cargo da autarquia, através da Viseu Novo SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana de Viseu.

Oportunidade de revitalizar a Rua Direita ou destruição do tecido urbano do Centro Histórico?

Se, por um lado, há quem apoie uma intervenção nesta zona da Rua Direita, há também quem acredite que este tipo de empreitadas são “uma má ideia”. Em fevereiro de 2023, o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, defendeu a criação de uma praceta nesta área, que serviria também como “ligação rápida à zona da Sé”, criando um acesso direto para quem deixar o carro no estacionamento da Avenida Capitão Silva Pereira. Para tal, será igualmente aberta uma passagem que dê acesso à Rua Escura.

“Acho que essa é sempre a pior versão, porque não percebo a lógica de alterar um tecido e uma malha urbana, pelo menos de origem medieval, se não anterior, para criar uma ligação viária que não faz falta nenhuma”, assumiu a historiadora Liliana Castilho. Para a historiadora, a transformação do logradouro da Rua Direita e da Rua Escura num espaço de lazer “sem alterar mais o traçado das ruas”, seria “do mal o menos”.

Em relação à abertura de uma passagem entre a Avenida Capitão Silva Pereira e a Rua Escura, Liliana Castilho afirma que “não faz diferença nenhuma”. “Ninguém vai deixar de ir à Sé ou de estacionar ali por andar mais 10 ou 20 metros”, assume. Sobre a remontagem da fachada e colocação de uma passagem para a praceta, Liliana Castilho considera que “em termos de perceção visual seria menos pesado que ver o vazio no que devia ser o contínuo da malha urbana”.

“Nós agora passamos na Rua Direita e vemos um buraco onde existia um edifício. Aí, embora não víssemos o edifício original, veríamos uma fachada, um pseudo-edifício. Nesse aspeto, seria menos violento, mas em termos de preservação do património, era igual”, assumiu.

Por seu lado, o historiador e professor Jorge Adolfo considera que a prioridade deve ser a revitalização da Rua Direita. “A verdade é que a Rua Direita está quase deserta, portanto, se o projeto que for ali implementado naquele espaço for no sentido de criar mais um polo de revitalização da rua, acho muito bem”, afirmou o historiador. “Agora, tudo o que for, enfim, apenas cosmética, para criar um espaço de circulação, então basta descer a Rua Direita que se percebe que ninguém circula lá”, disse ainda.

O professor da Escola Superior de Educação de Viseu mostrou alguma preocupação e lembrou as obras realizadas no Mercado 2 de Maio. “O propósito era revitalizar aquele espaço no Mercado 2 de Maio e a verdade é que em muitos dias e muitas semanas do ano, o espaço continua vazio, as pessoas não o frequentam”, contou.

“As atividades são esporádicas e quando há um investimento tão avultado, acho que tudo passa pela programação”, disse Jorge Adolfo. “Agora, se é para apenas e exclusivamente criar ali mais um jardim ou um espaço que é muito bonito, mas que não é frequentado por ninguém, continuamos a bater na mesma tecla que é um forte investimento numa zona, mas que continua a não ser frequentada por ninguém”, esclarece o historiador.

No que diz respeito à remontagem da fachada, Jorge Adolfo levantou dúvidas relativamente ao espaço. “Não sei se isso resulta muito porque, no fundo, depois aquela fachada fica ali quase como uma barreira física a esse espaço amplo, tipo um muro”, disse. O professor da ESEV elogiou, no entanto, os trabalhos de limpeza e demolição no terreno “porque aquilo estava tudo em ruínas e se ficar assim um edifício devoluto, em ruínas, pode haver um perigo de incêndio e haver ali um acidente ou uma catástrofe que se espalhe pelo centro histórico”.

Da mesma opinião em relação à revitalização da Rua Direita, o arqueólogo Pedro Sobral assume que esta construção de uma nova artéria de ligação “no fundo era o que os romanos deviam ter feito e não fizeram”. Além disso, Pedro Sobral considerou que a construção de novos acessos “faz parte da dinâmica da cidade e os romanos também o fizeram”.

“As cidades, para se manterem vivas, têm de fazer obras, têm de fazer ruas. A frio, não me parece condenável abrir ali seja o que for, desde que seja enquadrado na malha urbana”, explicou o arqueólogo. “As obras numa cidade fazem parte da dinâmica urbana desde que foram projetadas e começadas a construir. Os romanos vieram cá e alteraram a cidade da Idade do Ferro e as obras medievais alteraram as dos romanos, faz parte”, concluiu Pedro Sobral.

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