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Pedro Escada
Num prisma da ficção, nem o realizador mais conceituado de Hollywood se lembraria de produzir um enredo tão labiríntico e devastador como aquele que os grandes devedores do BES/Novo Banco (e a nós) têm elencado nas sessões das audições na Comissão de Inquérito Parlamentar.
Todos aspirávamos a que esta drama não passasse de um pesadelo numa noite mal dormida, de que queremos acordar rapidamente.
Perante os nossos olhos incrédulos, desfilam na Comissão de Inquérito ao Novo Banco, pseudo personalidades, com caras de inocentes insultuosos e uma postura de superioridade mental só alcançável em guiões ficcionistas.
A realidade é que não se trata de um qualquer filme de ficção, nem da angústia de um pesadelo em noite mal dormida. E não se trata de atores, mas de pessoas reais cujo modo de vida foi a arrecadação pessoal de milhões e milhões de euros, feitos circular por uma encruzilhada de empresas, consórcios e offshores, de que, entretanto, se esqueceram.
Há ainda, quem, utilizando instituições que movem paixões em milhares de Portugueses, as usem na montagem de redes de influência, no branquear de comportamentos usurários e no acesso facilitado aos milhões do BES.
A realidade é bem catastrófica para as finanças públicas e para todos nós.
Quantos Portugueses não obtiveram crédito bancário para a compra da sua própria casa? Ou para que o obtivessem, não tiveram de a hipotecar ou encontrar fiadores com bens pessoais de valor consentâneo com o empréstimo?
São estes mesmos portugueses que ultrajantemente têm vindo a conhecer as caras dos que obtiveram milhões do BES/Novo Banco, sem quaisquer garantias, que assegurassem minimamente a sua devolução e respetivos juros.
Estes “super empresários de ficção” falam descarada e descontraidamente em milhões nos bolsos, como se para a grande maioria dos portugueses esta história do usufruto de milhões fosse corriqueira e não estivessem apenas limitados a olhar para uns míseros euros ou cêntimos.
Para estes ficcionados ignóbeis “super empresários” a vida fez-se dos malabarismos que lhes permitiu a apropriação de milhões sobre milhões, que lhes não pertenciam, e que tanto poderiam ter corrigido as dicotomias de desenvolvimento entre o litoral e o interior do País.
Ou, proporcionar uma habitação condigna a todos os portugueses ou até mais e melhores oportunidades aos nossos jovens.
Deixava a ficção e conhecida a realidade, o que se exige é que a justiça lhes seja célere e eficaz.
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Jorge Marques
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Margarida Benedita