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Joaquim Alexandre Rodrigues
Numa semana em que a ativista Greta Thunberg foi presa em protestos pelo clima, nem tudo são más notícias no que diz respeito ao ambiente – o buraco de ozono está a fechar.
O buraco de ozono – um buraco enorme na camada de ozono acima da Antártida – tem sido um problema recorrente desde os anos 70. Em 2016, atingiu o seu maior tamanho, em mais de 18 milhões de quilómetros quadrados, que é aproximadamente o tamanho de França. O buraco do ozono é causado por um fenómeno chamado esgotamento do ozono estratosférico (EOE), que ocorre quando gases nocivos contendo cloro são libertados para a atmosfera, como por exemplo o gás CFC (clorofluorcarbono), que foi utilizado exaustivamente no passado na indústria dos equipamentos de refrigeração ou congelação e sprays.
O EOE tem estado ligado ao aumento de casos de doenças respiratórias e de pele nos seres humanos, bem como a alguns tipos de cancro em animais. O EOE causa um aumento das quantidades de radiação ultravioleta (UV) que atingem a Terra, o que pode levar a mais casos de cancro de pele, cataratas, e sistemas imunitários deficientes. Acredita-se que demasiada exposição à radiação UV esteja a contribuir para o aumento do melanoma, o mais fatal de todos os cancros de pele. Desde 1990, o risco de desenvolvimento de melanoma mais do que duplicou. Os UV também podem danificar culturas sensíveis, como a soja, e reduzir o rendimento das produções agrícolas. Alguns cientistas sugerem que o fitoplâncton marinho, que é a base da cadeia alimentar nos oceanos, está sob stress devido à radiação UV. Este stress pode ter consequências adversas para o abastecimento alimentar humano a partir dos oceanos.
O buraco de ozono é um dos indicadores mais claros do impacto humano no planeta: mostra-nos que quando destruímos o nosso ambiente, destruímo-nos a nós próprios. O Círculo Polar Ártico está a aquecer duas vezes mais depressa do que outras regiões da Terra; como resultado, o nível do mar em todo o mundo está a subir mais rapidamente do que nunca. Os cientistas estimam que até 2030 mais de 80% das cidades costeiras estarão inundadas se não tomarmos medidas agora.
Contudo, o início de 2023 trouxe boas notícias: a camada protetora de ozono da Terra está a sarar e o buraco é menor do que era no ano 2000 – e está projetado para encolher ainda mais. Se a camada de ozono continuar a recuperar a este ritmo, mais de 90% do ozono estratosférico global terá recuperado até 2050. Isto poderá ter um impacto positivo nos esforços de recuperação ambiental em todo o mundo e é o resultado de uma ação concertada a nível mundial, que começou em 1987 com a assinatura do Protocolo de Montreal. Acordado por 197 países, o Protocolo visava regular a produção e o consumo de cerca de 100 substâncias químicas produzidas pelo homem referidas como substâncias que empobrecem a camada de ozono. Cerca de 99 por cento das substâncias que empobrecem a camada de ozono foram gradualmente eliminadas e a camada protetora sobre a Terra está a agora a ser reabastecida. Isto leva a que todos os anos cerca de dois milhões de pessoas sejam salvas do cancro da pele e o aumento das temperaturas globais tenha sido contido em cerca de 0,5 a 1 grau.
Embora a camada de ozono possa estar a sarar da intervenção humana, ainda há muitas outras coisas a acontecer no mundo que precisam de ser corrigidas – da desflorestação à poluição e às alterações climáticas, ou a utilização de outros gases com efeito de estufa que vieram substituir os CFC. Estes eventos continuarão a afetar-nos, mesmo que a nossa atmosfera recupere deste último assalto à sua saúde. Contudo, o Protocolo de Montreal e seus resultados recentes demonstram que quando a ciência e a vontade política unem forças, os resultados desta união podem mudar o mundo.
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