Hey, mister Instagram… Se leu esta frase e ficou sem perceber é porque, provavelmente, não é um dos quase 14 mil seguidores de Marcos Alvim. Também não sabe quem é Marcos Alvim? Então, sugerimos que pesquise na rede social Instagram pela conta “musica_tudo”. Já pesquisou? Agora já deve estar a perceber. E se não tem esta rede social, continue a ler que vamos contar-lhe tudo.
Marcos Alvim tem 46 anos, é padre, professor de música e tem, nos últimos anos, conquistado os utilizadores, e não utilizadores, do Instagram. É na plataforma digital que publica vídeos que não deixam ninguém indiferente. Começam todos da mesma maneira, “Hey, mister Instagram”, depois é só dar asas à imaginação, acrescentar mais alguma coisa, sempre em inglês, e terminar a dizer “yeahhh”.
“Hey, mister Instagram” serve para praticamente tudo, uma ida a uma vacaria, à pesca, com alunos, junto a um comboio, numa fotocopiadora, quando está a chover, numa ida ao multibanco, num jantar, na caça, numa bomba de gasolina, a pisar uvas e em dezenas e dezenas de outras situações.
“Qualquer coisa pode servir para fazer o vídeo. É o dia-a-dia. Por exemplo, em Moimenta da Beira, em Alvite, já lá gravei numa vacaria, mas quando lá passo vejo sempre um rebanho de cabras e fico com vontade de gravar com elas”, conta Marcos Alvim, que é natural de Armamar e padre em Lamego. Ainda assim, confessa, é “muito envergonhado”.
“No outro dia, lá em Alvite, ainda saí do carro, mas depois não consegui porque havia pessoas a trabalhar no campo. E em Leomil, os semáforos estavam avariados, a piscar duas luzes ao mesmo tempo, parei o carro, fui ao semáforo, mas até conseguir gravar demorei, porque havia carros a passar. Tenho um pouco de vergonha, quando é em grupo está tudo bem, quando estou sozinho fico sempre com receio do que vão pensar. Ainda que não pareça, sou tímido”, atira.
Os vídeos são sempre gravados à primeira, até porque, se não ficar bem, “vai para a história e depois de 24 horas desaparece”.
Esta aventura do padre Marcos começou há mais ou menos seis anos, quando um amigo lhe apresentou a rede social. Primeiro vieram as fotos, depois os vídeos tomaram conta do perfil que tem mais de 500 publicações.
“Em 2016, um colega meu, enquanto estávamos de férias, falou-me desta rede social, instalei e comecei a falar para aquilo em inglês”. E até a língua escolhida tem a sua graça, é que Marcos não sabe falar inglês.
“Apesar de não perceber muito, o inglês é importante, tenho consciência disso e, por causa do Instagram, até já aprendi umas coisas. Para saber como dizer, vou ao tradutor”, conta.
Marcos Alvim tem 13.700 seguidores, mas nem por isso se sente “famoso” e assegura que a ideia sempre foi divertir-se e nunca obter seguidores ou “likes”.
“Nunca pensei que chegasse a este ponto, nem nunca foi essa a minha intenção. Sempre o fiz para me divertir e para divertir os outros”, diz, lembrando que o importante é não usar as redes sociais para “o mal”.
“Publicar estas brincadeiras não fere, não incomoda e, se for para o bem, não vejo porque não o deva fazer. As redes sociais são uma arma muito forte e sendo uma arma que seja de paz, de fazer o bem, para que as pessoas se divirtam, se riam e se sintam bem. Quando usamos as redes sociais para atacar e criar confusão, isso já não contem comigo ”, afirma.
Marcos Alvim diz que nunca recebeu um comentário negativo e que ser padre em nada compromete esta aventura de “instagrammer”.
“Acho que não tem nada a ver, eu sei a missão que tenho enquanto padre, mas toda a vida eu fui brincalhão e alegre, continuo a ser e quem me conhece sabe disso. Claro que não vou fazer um vídeo numa missa, ainda que já tenha pensado nisso [risos], mas é um ato sagrado, gosto de brincar, mas com coisas sagradas não. Há humor e humor, quando não fere, quando não ataca, é saudável e isso é humor”, disse.
Os vídeos vão ocupando algum tempo e divertem Marcos Alvim, mas a grande paixão é a música. É professor e a guitarra clássica o instrumento de eleição.
“Depois de terminar o curso de Teologia em Lamego e Viseu, como sempre gostei de música, fui para um curso. Estudei guitarra clássica no Conservatório, depois fiz formação musical e é isso que leciono, desde a iniciação até ao 12º ano”, conta.
O padre Marcos até já teve uma banda e trabalhos editados e, no próximo ano, sairá mais um. “Tenho vários trabalhos gravados, uns com a sensibilidade das celebrações religiosas e outros mais populares. Há um que é de poemas do poeta da minha terra Fausto José, que musiquei para ensinar na Universidade Sénior onde também estou, no orfeão. Agora vou lançar outro com poemas de Fausto José, em colaboração com a Câmara de Armamar”, conta.
Mas voltando às redes sociais, de uma coisa Marcos Alvim tem a certeza: vai continuar a publicar os vídeos, que são já um sucesso em todo o país e que até servem de prenda entre amigos ou para divulgar listas de associações de estudantes.
“Tenho muitos pedidos para fazer vídeos, para enviarem a colegas, amigos, familiares que fazem anos e já me pediram para fazer vídeos para listas de associações de estudantes, de todo o país”, recorda.
Ahh! E fique atento. O padre Marcos garantiu que em breve vai sair alguma coisa do Natal e, depois, da Passagem de Ano. Yeahhh!
