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Joaquim Alexandre Rodrigues
A maioria das pessoas adora quando um “underdog” como a Ucrânia consegue trocar as voltas ao destino. Não se pode afirmar que este sentimento seja universal porque temos de nos lembrar dos dois majores-generais da CNN — Agostinho Costa e Carlos Branco — que ficam estuporados quando as coisas correm bem ao David ucraniano e a ronronar de satisfação quando correm de feição ao Golias russo. Mas, em regra, as pessoas com o compasso moral a funcionar bem ficam ao lado do agredido e não do rufião agressor.
Por isso, no primeiro dia de Junho, foi recebida com satisfação, e muita surpresa, a operação que a Ucrânia designou de “Pavutyna — Teia de Aranha”: os serviços secretos infiltraram 117 drones com cargas explosivas na Rússia (mil dólares cada um), prantaram-nos numas casas de madeira em camiões sem os motoristas russos imaginarem o que levavam e fizeram um ataque simultâneo a cinco bases aéreas, separadas entre si por milhares de quilómetros e vários fusos horários, causando danos em dezenas de bombardeiros estratégicos (sete mil milhões de dólares de prejuízo).
Esta “Pavutyna” ucraniana, espantosa na sua ousadia e inventividade, criou uma dor-de-cabeça a todos os governos. Comprovou que, doravante, deixa de haver no mundo uma base aérea, civil ou militar, que se possa considerar segura. O mesmo com as marinhas: o que os drones navais ucranianos fizeram à marinha russa do Mar Negro pode ser emulado em qualquer oceano. Os ucranianos estão a demonstrar que o que é grande e se julgava inexpugnável afinal pode ser destruído pelo que é pequeno e ágil e destemido.
Ora, o que se está a passar nesta guerra não era difícil de prever. Moisés Naím, no seu livro “O Fim do Poder” (Gradiva, 2014), explicou muito bem as razões porque, à medida que avançamos no tempo e o mundo vai ficando mais interligado e mais móvel, mais as grandes organizações (administrações, estados, igrejas, exércitos, empresas) deixam de poder contar com os costumeiros, e que se julgavam eternos, benefícios de escala.
“Nas guerras assimétricas que eclodiram entre 1800 e 1849, o lado mais fraco (em termos de soldados e armas) atingiu os seus objectivos em 12 por cento dos casos. Mas, nas guerras que eclodiram entre 1950 e 1998, o lado mais fraco venceu com mais frequência: 55 por cento dos casos.” Os norte-americanos atolaram-se no Vietnam, os russos no Afeganistão. Embora se saiba que numa guerra o tamanho importa mais do que no amor, mesmo assim pode não ser decisivo: “drones, um ciberespaço armado, munições guiadas com precisão, bombistas suicidas, piratas, redes criminosas e ricas, e uma multidão de outros agentes já alteraram o panorama da segurança internacional”, pelo que “há uma afirmação que pode ser feita com segurança: o poder das grandes instituições militares será menor do que foi no passado.”
A Ucrânia está a fazer essa demonstração todos os dias. O erro estratégico de Putin, cometido no infame dia 24 de Fevereiro de 2022, torna-se mais evidente todos os dias.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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