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O tema dos públicos é um assunto recorrente para quem se interessa por arte e cultura, e especialmente por artes visuais. Para além de algumas considerações pouco exatas, como dizer-se que os visitantes só aparecem nas inaugurações das exposições, tem que se diferenciar, à partida, de que instituições estamos a falar. Uma galeria de arte, um museu, um teatro municipal ou um centro cultural, representam realidades muito diferentes, têm estruturas e meios de comunicação e promoção diferentes. Mesmo que por vezes interajam com públicos semelhantes, os objetivos e estratégias, o modo e os meios de interação, são diferentes.
Vem isto a propósito de duas iniciativas recentes na ACERT, em Tondela, que de alguma forma abordam esta problemática. A primeira refere-se a uma exposição de máscaras de Victor Sá Machado, que já anteriormente criou objetos e adereços para o Trigo Limpo Teatro ACERT. Ilustrador, caricaturista, criador de cenários para televisão, apresenta agora um conjunto de máscaras, em ferro, que abordam a temática dos anjos e demónios. Segundo o artista, os anjos têm mais tendência para o rigor e a imposição de uma conduta, enquanto os demónios são mais brincalhões e democráticos. As suas máscaras — a que chamou “CORO DE DIABOS” — exploram esse universo fértil de diabos e diabretes, que povoam a cultura popular e as nossas tradições.
Um aspeto diferenciador da inauguração da exposição consistiu no debate que se lhe seguiu, com apresentações interessantes e sintéticas, de um investigador e diretor de museu de máscaras, e de um antrópologo. Foi um momento especial, de aprendizagem e partilha de conhecimentos, que provocou uma discussão estimulante num público muito interessado no tema da máscara, que de alguma forma atravessa a atividade da ACERT, não só pelo teatro, mas também pelos espetáculos de rua.
Ainda na ACERT, uma semana depois, inaugurou a exposição “Outras Importâncias”, de Delfim Ruas, ilustrador premiado, com um forte interesse em investigação histórica. Este projeto foi pensado especificamente para o espaço da galeria ACERT, consistindo numa intervenção sobre as suas paredes. Uma narrativa única e efémera que reflete sobre a ideia de mitologia e história, tendo por objeto a região de Tondela, de onde o artista é natural, e cuja temática desde sempre o interessou. A exposição está acompanhada de um pequeno catálogo, com textos de Sara Figueiredo Costa que ajudam a situar a temática e constituem só por si um objeto didático.
Não estive na inauguração, mas presenciei uns dias depois, quando lá fui, uma sessão com professores de escolas de Tondela cuja temática foi «como envolver os alunos numa visita à exposição». De novo a temática dos públicos e a escola é um público prioritário. Há muito que me interesso por “educação pela arte” e a sua importância para o desenvolvimento do pensamento crítico. Numa formação online recente sobre “arte e pensamento crítico” (EDX/free online courses) foi distribuído um documento com um título sugestivo: «10 lições que a arte ensina» (às crianças).
Entre elas: ensina a fazer «bons julgamentos qualitativos», quando na maioria do curriculum prevalecem as regras. A arte mostra às crianças que os problemas podem ter mais do que uma solução, e as perguntas mais do que uma resposta. Que existem múltiplas perspetivas para ver e interpretar o mundo. Que os limites da nossa linguagem não definem os limites do nosso conhecimento. Pequenas diferenças podem produzir grandes efeitos. As artes ensinam os estudantes a pensar através dos materiais. Ajudam as crianças a dizer o que não pode ser dito, mas sentido, desenvolvendo a sua intuição poética e os sentimentos. A arte na escola, sinaliza aos jovens um assunto que os adultos acreditam ser importante.
Claro que, para isto acontecer, a experiência de encontro com a arte tem de ser programada e organizada. Senão acabamos naquela situação conhecida: “o que é que o artista quis dizer com isto?” Arrisco a resposta: o mais das vezes, os artistas não querem dizer nada específico, dando-nos assim a oportunidade de acrescentarmos sentidos múltiplos às suas obras.
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Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
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