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Pendências e alfacinhismo

 Pendências e alfacinhismo
28.05.21
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1. No início deste mês tratei aqui de “três casos peculiares” que estavam a aquecer o ambiente político em três concelhos do distrito de Viseu. Vejamos como estão agora estas três pendências:

(i) Em Vila Nova de Paiva, tudo na mesma: José Manuel Rodrigues, que mudou de camisola e é agora candidato do PSD, continua com os fundilhos grudados à cadeira da presidência da assembleia municipal para onde foi eleito há quatro anos pelo PS, o partido que agora vai combater.

(ii) Em Viseu tudo também na mesma: o lóbi dos eventos e das festas escreve cartas a “D. Sebastião” Sobrado, a ver se este arranja uma camisola.
João Azevedo já avisou que não liga a “cortinas de fumo”. E, como é sabido, Fernando Ruas também não aprecia ambientes enfumarados.

(iii) Já em Resende há novidades: como se sabe, o patriarca socialista António Borges e o seu operacional que está a presidente da concelhia não queriam reconduzir Garcez Trindade, o presidente da câmara eleito. Até arranjaram uma proto-candidata, a vereadora Sandra Pinto. Tudo isto a acontecer enquanto Garcez ameaçava que, se lhe fizessem essa desfeita, ia a votos como independente.
Perante esta guerra entre irmãos desavindos — em que não se sabe bem quem é Abel nem quem é Caim —, perguntei eu aqui: “António Costa consegue meter juízo na cabeça dos socialistas de Resende?”
Lá teve mesmo António Costa que intervir. Um “volte-face” chamou-lhe este jornal. Apesar das manobras borgistas, Garcez Trindade é o candidato oficial do PS em Resende. Vai tentar um terceiro mandato. Até já teve esta semana uma visita oficial da ministra Ana Abrunhosa às Caldas de Aregos.

2. Perante a subida das infecções na capital, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou na terça-feira “uma aceleração do processo de vacinação em Lisboa».
Nunca falha. É pavloviano. Os governos têm todos a mesma doença: sofrem de alfacinhismo. Primeiro, Lisboa. A seguir, a “paisagem” leva as sobras. Se houver.
Isto é um padrão. Foi o mesmo com os descontos para os passes nos transportes públicos. Uma matéria do orçamento de estado de 2019 que foi anunciada pelo presidente da câmara alfacinha — 60 milhões de euros para passes fofinhos em Lisboa. Depois, claro, perante o clamor do resto do país, lá foram estendidos uns carinhos e uns afagos à “paisagem”.
O mesmo aconteceu agora com as vacinas. Valeu ao país a voz independente do presidente da câmara do Porto (a quem o cartel partidário só não derrubará se não puder) e a firmeza do vice-almirante Gouveia e Melo (que não é um boy e, portanto, corta a direito; é um nome a ter em conta para as próximas eleições presidenciais).

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