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Promessas não são Competências

 Promessas não são Competências - Jornal do Centro
16.02.24
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Haverá muitas e variadas explicações para esta série de convulsões sociopolíticas. Uma delas vem da Universidade da Flórida. Realizou um estudo sobre os efeitos da Pandemia-Covid19 no que respeita ás alterações de personalidade. Recolheram dados de 7 mil pessoas, com idades entre os 18 e 90 anos. As conclusões mostraram que os infetados apresentavam alterações comportamentais significativas, entre as quais vivências de experiências negativas, menos confiança e maior impulsividade. Os mais afetados eram os jovens com menos de 30 anos.
O estudo vale o que vale, mas vejo e tenho ouvido com frequência, que as pessoas estão a comportar-se de uma forma menos racional, mais agressiva e menos respeitosa. Isto vem a propósito do momento eleitoral que vivemos. Ele deveria ser de avaliação séria do que correu mal no ciclo político que acaba e de perspetivar um futuro diferente para o ciclo futuro. A avaliação dos erros continua a ser uma boa fonte de aprendizagem, desde logo para evitar que se repitam. A realidade, por qualquer razão, mostra-nos que a agressividade e as culpas subiram de tom. Na discussão política do momento, aquilo que mais se ouve é o ganhar eleições, ganhar debates, manifestações da insatisfação dos vários grupos profissionais e um cruzamento de acusações, umas verdadeiras e outras falsas. Com tal ruído está difícil qualquer reflexão e o excesso de informação silencia a realidade. No horizonte, todo o espaço está ocupado com o Ganhar ou Perder, Acordo ou Desacordo, Maioria Absoluta ou Relativa e Poder ou Não-Poder. Os partidos olham o seu umbigo!
Nós herdámos do século passado uma série de narrativas que foram caindo por terra, mas que acabaram substituídas pela desconfiança em relação a tudo. Isso poderia ter provocado um vazio, mas como não o suportamos, acabámos por o preencher com ideias difusas e uma nova metafísica clubística que mais parece uma religião. A partir daqui nascem os paradoxos.
Entretanto as novas gerações estão a ser colocadas perante contradições e pedem-lhes para escolherem uma delas! Que optem por promessas e reivindicações, onde nem sequer se pode confirmar a sua veracidade. A probabilidade desta via falhar é grande! O que é que se está a passar? É que não basta escolher um dos lados, porque antes seria preciso estimular uma discussão séria. Mas se isso não é possível com os partidos, resta a discussão na sociedade, na cidadania?
Mas que tipo de cidadania se pode animar, quando apenas 4% dos europeus se dizem dispostos a sacrificar pela liberdade, pela justiça e pela paz? O que é isso das taxas de abstenção eleitoral, quando um em cada dois franceses diz que não é grave não votar! Que ser bom cidadão é pagar impostos sem enganar o fisco! Que nos sistemas de opinião o poder está no dinheiro. Que em França, apenas um em dez está disposto a lutar contra o racismo! E em Portugal, que números temos para tudo isto? Quando falamos da nossa educação, falamos de quê?
É verdade, fizemos do cidadão um consumidor e um eleitor como consumidor não tem nenhum interesse pela política, queixa-se, reclama e vai subindo de tom. Os partidos seguem essa lógica do consumo, tem apenas que dar satisfação aos seus clientes. Mas a transparência é uma possibilidade? Mas essa só serve para desnudar os políticos, até na sua vida privada. Resta-nos o papel de espetador e de nos mostrarmos escandalizados. Talvez mais informação? Mas esta já é difícil de digerir! A democracia aceita todas as ideias, mais moderadas, mais radicais, mais progressistas, mais liberais e populistas! Mas todas estas diferenças têm obrigação de propor uma visão motivadora do futuro e dar-lhes respostas!
Roosevelt foi considerado o maior reformador do Séc. XX. Conseguiu isso, combinando a sua visão política com uma forma diferente de aprender a comunicação política. Foi isso que evitou as confusões do seu tempo e algumas tão parecidas com o populismo de hoje. Nos anos 30, quando quis reformar a economia com o New Deal, ele fez nascer também uma nova política onde integrou técnicas de marketing inspiradas no setor privado. Usou isso para responder ás expectativas dos eleitores e não para os iludir ou confundir! Os sábios do século passado abandonaram as certezas confortáveis que davam votos e procuraram outras formas de ver a realidade. Esta é a grande questão da atualidade, porque aquilo que nos divide já nem são as opiniões diferentes. O que nos divide são os factos, porque cada um faz da mesma coisa um facto diferente! A política está cheia de paradoxos e parece estar á espera que a realidade lhes dê solução!
Preocupamo-nos com as contradições, com a direita e a esquerda, mas esquecemos que a maior contradição está instalada em nós próprios, no nosso próprio cérebro. Ele está dividido em esquerda e direita, com pensamentos e propósitos opostos, mas isso não impede o seu bom funcionamento, nem as contínuas e necessárias tomadas de decisão. Pelo contrário, o nosso lado direito e o nosso lado esquerdo são o nosso equilíbrio vital…
Precisamos de uma nova visão e ela não está a aparecer, porque ainda não aprendemos a viver com a diferença! Nessa visão, temos que esclarecer bem uma confusão engenhosa que se instalou. Os eleitores não devem confundir promessas e programas eleitorais com competências. Alimentou-se durante muitos anos a ideia de que competência é aquilo que devemos fazer, as nossas atribuições e tarefas. Mas esse é um engano! O dever fazer não significa que se faz, a promessa não significa que se cumpre! A competência é outra coisa, ela só existe quando é exercida!
É por isso que se espera dos candidatos, não só as promessas, a vontade para realizar um conjunto de ações, mas também aquilo que fizeram de facto e que os preparou para serem Primeiro-Ministro! É esta dualidade que pode dar confiança aos eleitores, uma relação passado-futuro. Sem isso estamos a assistir a um jogo que ainda por cima não tem árbitro, juízes de linha e onde apenas existe o VAR. Mas esse só nos mostra as imagens de uma batalha eleitoral, onde as regras são definidas pelo Dono da Bola…

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