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Cristofe Pedrinho
Sou filho de emigrantes portugueses, nascido em França. Cresci entre duas culturas, duas línguas, dois modos de ver o mundo. Vi de perto o esforço dos meus pais, que deixaram Portugal para trás para encontrarem dignidade, trabalho e um futuro melhor.
Desde cedo, aprendi que a vida em migração exige coragem, resiliência e, acima de tudo, humanidade.
Sempre vi a política como uma ferramenta para melhorar a vida das pessoas. Uma ponte entre os problemas reais e as soluções possíveis. A política não é um espetáculo, nem um campo de batalha – é, ou deveria ser, uma prática centrada no bem comum. É com essa visão que olho, hoje, com profunda preocupação para a ascensão da extrema-direita em Portugal e na Europa.
Quando partidos ganham força promovendo o medo, a exclusão e o ataque constante a minorias, estamos a assistir a algo muito mais grave do que uma simples mudança no espectro partidário. Estamos a assistir a uma erosão dos valores fundamentais que sustentam qualquer sociedade democrática: o respeito, a empatia, a solidariedade, a justiça.
A extrema-direita em vez de apontar caminhos de reforma e justiça social, prefere oferecer culpados fáceis. Ataca quem tem menos voz: os imigrantes, os pobres, as minorias étnicas ou religiosas. Fala em nome do “povo”, mas apenas de uma parte dele.
Usa a liberdade de expressão para promover a intolerância e distorce o patriotismo para justificar o ódio.
Como filho de emigrantes, sei o que é sentir-se dividido entre dois países e, por vezes, não se sentir plenamente aceite em nenhum. Por isso, não posso assistir em silêncio à normalização do discurso de ódio, muitas vezes mascarado de “sinceridade” ou “verdade incómoda”. A história já nos ensinou o que acontece quando deixamos que o medo se sobreponha à dignidade humana.
Acredito numa política feita de pontes e não de muros. Uma política que valoriza a diversidade, que protege os direitos de todos, que reconhece que o outro — mesmo diferente de nós — tem o mesmo valor e a mesma dignidade.
Este é um tempo de escolhas. Não basta dizer que se é contra o ódio — é preciso afirmá-lo com clareza e agir em conformidade. Porque o silêncio, já sabemos, é o terreno fértil onde crescem as formas mais perigosas de injustiça.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Alfredo Simões
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Jorge Marques