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Já devem ter visto várias vezes este conhecido filme de ficção científica, que conta as peripécias de um adolescente que entra numa máquina do tempo e regride 30 anos (vai de 1985 para 1955) e fica lá, porque a máquina avaria e deixa-o preso naquele ano. Tenta então encontrar uma forma de concertar a máquina para conseguir regressar ao presente, ou seja, ao futuro do ano em que se encontra preso. Parece um trocadilho, mas tem algo em comum com o que se passa atualmente, quando falamos de regressar a um “novo” normal, de pensar na realidade “pós-covid” (o espaço das habitações, o formato do trabalho, os novos negócios…), ou de apresentar os valores comparativos da economia como se tivéssemos continuado sem pandemia, num exercício de pura abstração. É um incontornável desejo de regressar ao futuro desta realidade em que ficámos inexoravelmente presos.
Tenho sentido isto à medida que retomo atividades que anteriormente faziam parte do meu dia a dia, com naturalidade. Fui ver as obras de arte que integraram o “Montanhas d’Artes” – Festival de Artes de Oliveira do Hospital – e voltei ao que andava a pensar há dois anos atrás sobre artes e território, como se me tivessem interrompido o raciocínio com um assunto qualquer. Ainda tenho a memória da Bienal Internacional de Arte de Cerveira (a mais antiga do país, começou em 1978) e esta iniciativa em Oliveira do Hospital pareceu-me uma boa ideia, deixando-me com pena de não ter ido à inauguração, em que houve a intervenção ao vivo de artistas em residência.
Este tipo de eventos tem a vantagem de mostrar, em simultâneo, obras muito diferentes (desenho pintura, escultura, vídeo, instalação) de diversos autores, o que propicia uma certa visão crítica e comparativa. E permite-nos pensar uma realidade que se nos impõe naquele contexto: o que é a arte, como atividade criativa individual, já que adquire formas e temáticas tão diferentes, consoante os artistas e os seus momentos de produção? E para que serve? Fico curioso com as próximas edições deste evento.
Em Tondela, aproveitei a presença na ACERT de fotógrafos e curadores do projeto “Diário de uma Pandemia” (3 exposições: na ACERT, na Biblioteca Municipal e no Museu Terras de Besteiros) para conversar com Bruno Portela, da associação cultural CC11 (fundada em 2020 com o objectivo de promover a fotografia e o fotojornalismo em Portugal) sobre esta iniciativa incrível que se iniciou no instagram, está a dar origem a múltiplas exposições no país e ainda a uma edição em livro. Uma frase de Marcelo Rebelo de Sousa, que se pode ler no livro, sintetiza bem o alcance do projeto: “…testemunho impressivo de um tempo, que nenhum de nós jamais esquecerá”.
A página no Instagram @everydaycovid, foi fundada pelos fotojornalistas Miguel A. Lopes e Gonçalo Borges Dias. É um diário visual em que fotógrafos e fotojornalistas foram convidados a documentar os eventos e consequências relacionados com o Covid-19. A iniciativa depressa ganhou o interesse de participação de mais de 100 fotógrafos portugueses espalhados por todo o país, incluindo ilhas, e pelo crescente número de seguidores da página. Todos os dias, desde 16 de março de 2020, foram publicadas centenas de fotografias de acontecimentos relacionados com o Covid-19, que foram sendo selecionadas diariamente por um grupo de oito editores, em formato de curadoria de grupo online. É uma seleção dessas imagens que agora podem ser vistas nestas exposições e nos permitem atravessar visualmente este estranho período da nossa vida individual e coletiva: da estranheza inicial à relativa intimidade com a pandemia, a saúde e a normalidade, o novo normal. O projeto foi organizado por profissionais da imagem, o que garante uma consistência especial e uma visão da realidade organizada tematicamente. Imagens das agências noticiosas sobre Portugal publicadas lá fora, primeiras páginas dos nossos jornais diários, o fluxo diário publicado na página no Instagram @everydaycovid, “Claro e Escuro” – uma visão mais pessoal e intimista de Luísa Ferreira, autora de inúmeras exposições e livros – oferecem-nos múltiplas perspectivas para olharmos este estranho período de tempo.
Faço minhas as palavras de João Paulo Cotrim, numa das exposições: “Caminhando de costas para o futuro. Os gregos antigos, na sua infinita sabedoria, experimentavam o tempo desse modo distinto. Não tiravam os olhos do passado para fazer do caminho que se estendia a seus pés, o presente feito confortável alfombra ou sólido terreno. Amanhã ficava lá atrás onde nada há além do que criamos andando”.
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