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Foi notícia, há dias, que o Instituto Politécnico de Viseu e o STAR Institute tinham assinado um acordo que vai permitir a construção de um Centro de Tecnologia e Inovação (CTI) em Viseu. Segundo os jornais, este acordo consiste na cedência do direito de superfície de um terreno junto no Campus do IPV onde será construída a nova infraestrutura que visa “valorizar o ensino superior da região de Viseu, atrair e fixar jovens e desenvolver atividades de Investigação e inovação que potenciem o desenvolvimento do nosso tecido empresarial”, como afirmou Elísio Oliveira, presidente do Star Institute.
Segundo o Decreto-Lei nº 126-B/2021, de 31 de dezembro, “os CTI são entidades que, integrando o sistema nacional de ciência e tecnologia e atuando no espaço intermédio do sistema de inovação (…) dedicando-se à produção, difusão e transmissão de conhecimento, orientado para as empresas e para a criação de valor económico, contribuindo para a prossecução de objetivos de política pública”. O Star Institute escolheu agir contribuindo, como é referido na sua Missão, “por via da I&D para a capacitação e competitividade do tecido empresarial português dedicado ao setor automóvel e adjacentes em tecnologias inovadoras nas áreas emergentes como a economia circular, a energia, a digitalização, os novos materiais, a automação e a robótica”. Naturalmente que a missão do Star Institute não cobre (e nem era esperado que o fizesse) todas as áreas relevantes da economia da região de Viseu. No entanto, é importante assinalar algumas caraterísticas deste Instituto especialmente pertinentes, a saber:
– mobilizou 17 parceiros em domínios diversos e complementares de atividades e negócios com competências múltiplas (deste Universidades e Politécnicos a empresas importantes no setor automóvel e adjacentes)
– procurou estabelecer parcerias em diferentes espaços territoriais no quadro da região Centro mas também com ligação ao Porto, a segunda área territorial mais relevante na economia do País
– constituiu uma parceria com associados fortemente mobilizados para a internacionalização e a inovação integrando, alguns deles, o programa de doutoramento em ambiente empresarial.
Ninguém poderá ainda dizer qual vai ser o impacto deste CTI na economia da Região, mas não há dúvida que o caminho que estes atores regionais estão a trilhar é especialmente importante numa altura em que a economia da região de Viseu precisa de dar um salto em frente.
Sem querermos fazer paralelismos, importa recordar que nos anos 80/90 a economia de Viseu sofreu uma importante alteração estrutural com a intensificação da industrialização, fruto do investimento externo mas também da iniciativa empreendedora dos agentes locais. A produtividade da nossa economia teve um importante crescimento, por vezes acima da média do País, pela alteração do peso relativo dos setores produtivos resultante da maior presença da indústria transformadora em detrimento do setor agrícola, com muito baixa produtividade. A este crescimento da produtividade correspondeu um aumento do emprego e uma alteração qualitativa desse mesmo emprego a que corresponderam melhores salários. Recordo que, em determinada altura, por cada aluno natural de Viseu diplomado nos domínios da gestão empresarial do IPV e que tinha de sair para arranjar emprego havia quatro alunos, vindos do exterior, que tendo tirado aqui o seu curso se fixavam na Região. Não há dúvida que a conjugação de recursos e condições locais, no final do século, com o grande fluxo de investimentos estrangeiros e a abertura de mercados europeus foi um importante catalisador da economia da região de Viseu.
Nada disto acabado de descrever é novidade nos dias de hoje. A realidade continua a mostrar a presença da indústria transformadora na região de Viseu, em parte associada ao setor automóvel e afins, e em larga medida responsável pelo significativo peso do setor exportador de Viseu Dão Lafões no conjunto da economia nacional. Por outro lado, foram aqueles anos de forte investimento externo e significativa iniciativa empresarial local associada ao esforço autárquico de criação de infraestruturas que permitiram fixar empresas de alguma dimensão, caraterística determinante para maiores ganhos de eficiência, maior inovação e internacionalização.
A formação do Star Institute e a próxima criação do CTI poderão vir a representar uma nova fase da economia regional na qual a academia e os setores económicos farão um percurso em conjunto fundado na aplicação do conhecimento em busca de soluções novas, de novos produtos e de novos serviços. Sendo isto determinante para o crescimento da nossa economia, vamos precisar de fazer mais. Complementarmente, precisamos de, na Região, apurar as nossas capacidades de atração e de formação de jovens quadros altamente qualificados mas também de acolhimento de mais mão de obra e de mais famílias para aqui encontrarem o bem estar necessário para o crescimento das crianças e a qualidade de vida de todos. Temos de ser uma economia simultaneamente mais eficiente e mais competitiva (de forma a passarmos para a metade superior do Índice de Competitividade das regiões portuguesas – Viseu Dão Lafões ocupava em 2022 o 14ª lugar entre as 25 NUTIII), mas também uma sociedade mais cooperativa e inclusiva e, para isto, precisamos de políticas públicas que não transformem o acesso aos serviços de educação, saúde, etc. numa lotaria que nuns dias nos “oferece” os professores todos e noutros não ou que nuns dias encerra as urgências hospitalares e noutros não; precisamos de políticas públicas que assegurem habitação digna a um preço ajustado – as regiões que resolverem os problemas de habitação podem ter meio caminho andado para ultrapassarem os seus problemas de desenvolvimento. Não precisamos de políticas públicas ‘liberais’ nem ‘socialistas’. Precisamos de políticas públicas de base local, desenhadas para resolver os problemas que são sentidos nos sítios onde as pessoas vivem. Mas para tal precisamos de um Estado central organizado, a saber para onde vai, e capaz de devolver aos territórios o poder necessário para a satisfação das necessidades sentidas pelas comunidades locais.
Em Viseu, poderemos estar a viver a fase de podermos dar um outro salto em frente como fizemos há quatro décadas atrás. E mais uma vez isso só acontecerá com os atores locais, políticos, económicos, científicos, culturais, sociais, a agirem tendo o mesmo objetivo.
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