A Pousada de Viseu recebeu no passado sábado, a tão aguardada 9ª…
A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
Já tem ementa para a sua mesa de Consoada? Temos a sugestão…
por
Margarida Benedita
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Rita Mesquita Pinto
por
Jorge Marques
Há momentos na vida dos países em que faltam as pessoas certas, outros em que faltam as condições e outros em que se pensa que todos estão bem preparados. É assim, porque na maior parte das decisões não há a possibilidade de as ensaiar primeiro, nem se tem a certeza do que pode ou não falhar. Por outras palavras, socorro-me de uma conversa com o falecido Rui Nabeiro, esse que foi um grande exemplo de Liderança. Quando eu lhe disse que a sorte também era importante, ele respondeu: “Tu sabes o que é a sorte? A sorte é quando as nossas competências encontram as oportunidades. Porque se tens as competências e não surgem as oportunidades, não acontece nada. Mas se surgem as oportunidades e tu não tens as competências, também nada acontece”.
É este o dilema com que se confronta o país no dia seguinte ao ato eleitoral. Quer dizer que a pergunta que baila na nossa cabeça resume-se a isto: Será o próximo governo competente? Saberá aproveitar as oportunidades que o país lhe oferece? A resposta ainda não pode ser dada e precisará de algum tempo, porque as competências só existem quando exercidas. Quer a prova dessas competências, quer o aproveitamento das oportunidades, só terão confirmação num futuro mais ou menos próximo.
Porque é que a política nos tempos que correm tem tão baixa cotação e perde credibilidade? Porque toda ela está voltada para o presente. Na confrontação democrática luta-se pelo aqui e agora e esquecem-se os beneficiários ou prejudicados do futuro. Porque na visão de curto prazo dos ciclos eleitorais, não existe responsabilidade pelas gerações futuras. Porque na nossa política o futuro é politicamente fraco e não tem advogados com poder suficiente. Isso quer dizer que o futuro tem que ganhar peso político! E porquê?
Talvez Goethe, que era um homem sábio, nos possa dar uma primeira resposta a que chamou de Paradigma das Desculpas: “do que cada um é/são os outros que têm a culpa”. Todos se lembram que as culpas e desculpas foram o tema central desta campanha. Pior ainda, continuou no dia seguinte e continuará nos próximos tempos do novo governo. O passado vai continuar presente, o que significa que não se vão mostrar alternativas, mas desculpas! Uma segunda resposta tem a ver com um Espaço Público que é clientelista e se fixou na satisfação imediata das reivindicações. Também aqui as gerações futuras são esquecidas e alguns desses processos só contribuem para que nada aconteça! A terceira resposta é que o futuro já não se combate contra os que defendem o passado, porque sempre existiram progressistas e conservadores quer na direita ou na esquerda. Os inimigos do futuro também são aqueles que vulgarizam essa ideia e apontam como únicas soluções as promessas tecnológicas e as previsões de crescimento económico. De onde poderá vir a ajuda para o próximo governo?
Estranha resposta, mas essa ajuda poderá vir de um risco da democracia e que se pode transformar numa oportunidade! Poderá vir da crise de governabilidade anunciada por estes resultados eleitorais, que obrigarão a melhor democracia e mais Sociedade Civil. Essa deixaria de ser imperativa, vertical e passaria à horizontalidade, à interação com os agentes sociais, económicos e culturais. Embora seja verdade que sem conflito não há política, também é verdade que sem diálogo não há democracia. Nós precisamos de um banho de diálogo!
O tema da mudança foi amplamente verbalizado, mas isso já aconteceu muitas vezes ao longo dos últimos 50 anos. O que sabemos é que na prática, essas mudanças só são possíveis quando antes se operam mudanças de mentalidade. Digo isto, porque nós ainda estamos num estado em que sabemos o que não queremos, mas não sabemos exatamente o que queremos. Falta essa última afirmação! Um outro tema muito falado e que precisa de resposta! Talvez este seja o momento certo, porque temos uma nova geração no poder e cabe-lhe provar do que é capaz e trazer o novo.
Esse tema foi a Fuga do Talento! Quer-me parecer que se estará a repetir o que aconteceu nos Séc. XV/XVI. Foi a aventura da inovação, onde o capital era uma ideia nova! A nossa ideia atual ainda não é nova, o nosso discurso ainda está focado no crescimento e criação de riqueza que são consequências e não causas. Tudo isso tem importância, a responsabilidade dos governos também, mas falta sobretudo uma visão do futuro. Durante alguns anos a Gestão do Talento foi a minha atividade e participei em vários estudos mundiais sobre o tema. É verdade que a Liderança e a Gestão do Talento estavam nas primeiras preocupações em todo o Mundo. Lembro-me que John Sulivan, um grande mestre nesta matéria, dizia-nos com toda a frontalidade: “Lembrem-se que os talentos não trabalham para idiotas, por isso, se querem reter e melhorar a qualidade do vosso talento, então é preciso melhorar antes a qualidade da gestão e dos gestores”. Isso era verdade, porque também nos rankings de desenvolvimento, a qualidade da nossa gestão estava mal classificada! Por isso não basta ter estrelas, precisamos de as enquadrar na realidade e fazê-las trabalhar em equipa. Nós sofremos de um centralismo da liderança focado numa única pessoa. Acentuámos esse defeito nos governos e decidimos responsabilizar um Primeiro Ministro por tudo o que acontece no país. Com isso tornámos irresponsáveis as Instituições, as suas lideranças e até alguns detentores de altos cargos da nação. A luta partidária do bota-abaixo fez o resto e tornámos o país ingovernável. Portugal tem talento de Classe Mundial como se confirma, agora precisamos que ele influencie as decisões e aceda a cargos públicos e privados onde pratique o seu potencial e ganhe competências.
As nossas lideranças, com mais peso no Sistema Político, têm vivido na ilusão do saber muito, do enquadrar a realidade no saber antigo e no paradigma do bom aluno. A solução precisa de mais humildade, de perceber e assumir que com tantas mudanças no Mundo, talvez a gente não entenda tudo o que se está a passar. E depois, saber distinguir bem que uma coisa é a ambição de carreira e outra a expressão prática do talento. Por fim e a insistirmos no Paradigma de Goethe das Culpas e Desculpas, então não vamos a lado nenhum…
por
Margarida Benedita
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Rita Mesquita Pinto
por
Jorge Marques
por
Diogo Pina Chiquelho