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José Junqueiro
Os resultados eleitorais só foram surpreendentes para os que estão mais distantes da realidade. Uma exceção feita aos do partido de André Ventura – o grande vencedor da noite eleitoral – que quadruplicou o seu score terminando, para já, no dizer do próprio, com o bipartidarismo e, digo eu, reforçando a extrema direita portuguesa e as congéneres europeias.
Sondagem, tracking poll, painel, barómetro, inquérito e outros meios de avaliação da intenção de voto dos eleitores, falharam completamente e mesmo à boca das urnas, falharam também! “Como Mentem as Sondagens”, de Luís Paixão Martins, convida-nos à informação e precaução na leitura das ditas. Quem a 7 de março, leu o artigo de Diogo Camilo (A ilusão das sondagens? “PS poderá estar subestimado em 3 ou 4 pontos percentuais” – Renascença (sapo.pt), percebeu que deveria ter cautela pois, na opinião de Pedro Silva Martins, ex-secretário de Estado de Passos Coelho e militante da Iniciativa Liberal, o PS podia “estar subestimado em três ou quatro pontos percentuais. O professor catedrático garante à Renascença que as intenções de voto para o Partido Socialista “são mais baixas do que aquelas que viremos a encontrar nas eleições no próximo domingo”. O contrário poderia acontecer com a AD. E assim foi, como constatámos.
Um dos segredos destas incongruências está nas amostragens. “Isso acontece porque as casas de sondagens utilizam números da população relativos a 2021 e 2022 para definir as amostras de pessoas que vão responder aos inquéritos, não tendo em conta o “efeito da emigração” no número de jovens e de faixas etárias intermédias dos últimos anos, nem o crescimento da população mais idosa em quase 300 mil nos últimos três anos.”
Os jornalistas e comentadores sabem disso, mas aproveitam a oportunidade para torturar os números, lê-los, como de um texto literário se tratasse, e transmitir uma ideia errada. Pode acontecer por desatenção ou por excesso de zelo, fazendo proselitismo político a favor, no caso vertente, da AD, tentando pegar-lhe ao colo e levá-la ao altar. E o contrário no que diz respeito ao Chega.
Quem, no entanto, mais ajudou à pesada derrota do PS foi, em primeiro lugar, o próprio António Costa com os dois últimos anos de desmandos na sua governação, tema que já aqui tratei. Em função deles perdeu autoridade política, fragilizou o Governo, o PS, o seu sucessor e a qualidade da democracia. Perdeu quase meio milhão de votos que, em grande parte, estacionaram em André Ventura.
Fosse ele forte, tivesse a autoridade que já lhe reconhecemos no passado, e Marcelo Rebelo de Sousa nunca se atreveria a dissolver uma “maioria absoluta” recém-conquistada. Fê-lo contra tudo e contra todos, Governo, Conselho de Estado e interesse do país. António Costa já não contava. A iniciativa do parágrafo do comunicado de imprensa da PGR será matéria classificada entre Lucília Gago e Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente, contrariamente ao que pensava, ainda perturbado pelo caso “gémeas e cunha de 4 milhões”, não ajudou à estabilidade, nem à afirmação de uma alternativa virtuosa para o país. Ficará ligado ao resultado pífio da AD e ao robustecimento da extrema direita, mas, pessoalmente, ganha em toda a linha: o país vira à direita, a sua AD será Governo, em modo “frágil”, para que ele, o Presidente Marcelo, seja de novo o centro de decisão, a chave de todas as coisas, o dono disto tudo, criando um virtual regime presidencialista.
Começa, de facto, nos 50 Anos de Abril, um novo ciclo, de autoria marcelista, periclitante e de resultados que só o tempo julgará.
Luís Montenegro, com esta preciosa ajuda, inventou a AD, tirou erradamente todos os “trunfos” da tranquilidade do lar (Passos, Manuela Ferreira Leite…Cavaco) e foi surpreendido por vários dislates dos ditos e pela constatação de que mais valia terem ficado em casa. De facto, os resultados não ilustram. Mais 0,8% do que o PS e mais 0,8% do que o PSD de Rui Rio em 2022. Não conteve a direita, nem recuperou o seu eleitorado tradicional. Mas será Primeiro Ministro.
Ao contrário de todos, o Livre, sem algazarra, foi introduzindo de forma pedagógica o seu pensamento, as propostas, transmitindo serenidade e dando notas de responsabilidade quando se referiu, por exemplo, a um pós-eleições, que, numa oposição firme, manteria a capacidade de diálogo, mesmo com a direita democrática, para objetivos de interesse nacional. Quatro deputados vieram premiar essa campanha de excelência. É aconselhável que Pedro Nuno olhe para este discurso e veja como se faz.
Entre nós, no distrito, o PS foi diluído, exceto em Cinfães e em algumas poucas freguesias. Encontrei uma sede quase vazia com José Rui Cruz, Elza Pais e meia dúzia de militantes. Os dirigentes, nem vê-los!!! Não fiquei surpreendido.
Sei que a onda é nacional, mas por aqui nada se viu que atenuasse o ciclone da direita. Terá tido um dos piores resultados deste século e como preparação para as eleições só se arranjaram problemas, a começar na constituição da lista de deputados, desmobilizando vontades que deveriam estar juntas. Nunca perceberei o porquê de João Azevedo, candidato a deputado e à câmara, o socialista mais agregador, não ter sido convidado para falar, nem na apresentação de deputados, nem no comício com Pedro Nuno, nem em momento nenhum.
O Secretário Geral do PS, neste novo ciclo, sem taticismos, será o líder da oposição, definindo assim a sua interpretação do resultado eleitoral. E não há outra!
Ao viabilizar, mais cedo, a declaração de vitória de Luís Montenegro, por reconhecer que dos círculos da europa e fora da europa não viriam resultados supervenientes que alterassem, com probabilidade, a realidade existente, deu nota de grande maturidade política. Mesmo ao arrepio de António Costa que nessa noite prognosticava a impossibilidade de encontrar um ganhador para as eleições e um candidato à indigitação como Primeiro Ministro, Pedro Nuno deu um sinal do seu próprio caminho. E vai ser longo, porque longa será a estadia do PS na oposição.
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