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Os coordenadores das unidades de saúde familiar (USF) da Unidade Local de Saúde (ULS) Viseu Dão Lafões queixam-se da falta de material e de profissionais e deixam um ‘caderno de encargos’ com os principais problemas que querem ver resolvidos para os centros de saúde.
Segundo um estudo apresentado esta sexta-feira (18 de outubro) pela Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiares (USF-AN), a maioria dos coordenadores da região (90 por cento) diz que, nas unidades que dirigem, faltou material básico para a atividade normal durante o ano e que esses problemas só foram resolvidos após 48 horas ou mais.
Os responsáveis mostram-se ainda insatisfeitos com o equipamento clínico que têm nas USF. A maioria (60 por cento) considera que esses materiais (balanças, termómetros, frigoríficos, esfigmomanómetros e otoscópios, etc.) não são adequados para a prática profissional.
O mesmo grau de insatisfação acontece com os consumíveis clínicos, que consistem sobretudo em seringas, soros, compressas e apósitos, e também com contracetivos, vacinas, medicamentos e outros produtos de uso clínico e farmacêutico.
Já questionados com a possibilidade de se realizarem análises rápidas (meio complementar de diagnóstico) nas USF, a maioria dos coordenadores (75 por cento) diz que essa opção não existe nas suas unidades de saúde.
O estudo da USF-AN também perguntou os coordenadores se mostravam satisfeitos com as equipas que dirigem, incluindo médicos, enfermeiros e secretários clínicos. Aqui, a resposta foi mais dividida (50/50 por cento).
Quanto às instalações, metade dos coordenadores diz que as instalações das USF que lideram e os gabinetes não são os mais adequados para a atividade dos profissionais de saúde. O maior grau de concordância acontece na higiene e limpeza, com a esmagadora maioria (80 por cento) a mostrar-se satisfeita.
Por outro lado, grande parte dos coordenadores diz que as USF não conseguem criar circuitos diferenciados para casos de doença aguda e consultas programadas e não esconde a insatisfação com os sistemas de climatização.
Listas de doentes e conciliação entre vida profissional e pessoal entre os problemas a resolver
O estudo “O Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal” também questionou os coordenadores das unidades de saúde familiar sobre os principais problemas que carecem de resolução naqueles espaços.
Os responsáveis elencam como principais problemas a resolver os incentivos institucionais (verbas que as USF’s podem receber se conseguiram atingir os objetivos de qualidade e que podem utilizar para formar profissionais e fazer melhorias nas unidades de saúde), a dificuldade em conciliar a atividade profissional com a vida pessoal e familiar, a falta de políticas que deem prioridade dos cuidados de saúde primários e os equipamentos clínicos.
Também entre as questões enumeradas por quem dirige as USF estão as elevadas listas de utentes, o atendimento de utentes sem médico de família, a comunicação com outras unidades da ULS e a violência contra os profissionais de saúde.
Ainda de acordo com o estudo, a maioria dos coordenadores admite que as USF não iniciaram os processos de acreditação (que avaliam o desempenho e certifica a qualidade das unidades) e que entidades externas também não fizeram avaliações da satisfação no trabalho e dos utentes. Já 20 por cento diz-se insatisfeito em relação ao modo como decorreu a atividade da USF que dirige.
O documento também enumera os problemas informáticos nas USF e a insatisfação dos coordenadores com o modelo das unidades locais de saúde, que vigorou no início deste ano. Os mesmos afirmam que, com esta reforma, as USF perderam autonomia.
O trabalho “O Momento Atual dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal”, que pretendeu caracterizar o estado da reforma dos Cuidados de Saúde Primários de 2005, foi feito pela USF-AN entre 24 de julho e 15 de setembro deste ano.