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Mais de 20 casas continuam por descontaminar no antigo couto mineiro da Urgeiriça, no concelho de Nelas.
A informação foi avançada ao Jornal do Centro por fonte da Empresa de Desenvolvimento Mineiro.
A declaração foi feita após o recente anúncio da Ex-mineiros da Urgeiriça apresentam queixa-crime contra o Estado que a Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU) irá avançar contra a EDM e o Estado por ainda não terem sido descontaminadas todas as casas dos antigos mineiros da Urgeiriça. Em resposta, a EDM diz desconhecer tal queixa.
Já sobre a requalificação das residências, a empresa pública assegura que o processo tem decorrido “com a normalidade possível, apesar das vicissitudes decorrentes da pandemia” da Covid-19.
A EDM refere que, até 2018, já foram recuperadas 18 habitações e que, desde então, foram reabilitadas 42 moradias, faltando intervencionar em 21 casas.
Muitas das habitações foram construídas com materiais provenientes das antigas minas de urânio.
Há uma semana, em declarações ao Jornal do Centro, o presidente da ATMU, António Minhoto, reafirmou que as obras de descontaminação na Urgeiriça estavam paradas e lembrou que ainda havia moradores com doenças oncológicas a viver em algumas habitações “que continuam, mesmo após a intervenção, com valores altíssimos (de radiação)”.
O ativista acusou o Estado e a EDM de terem cometido “um crime” que, acredita, só pode ser condenado pela Justiça, alegando que as entidades sabiam do risco que as casas contaminadas ainda trazem para os moradores da zona.
A Empresa Nacional de Urânio foi durante décadas responsável pela exploração das minas de urânio em Portugal, tendo operado precisamente na Urgeiriça, e fechou definitivamente as portas em 2004.